Por João Pedro Lamas, g1 RS


PM agride educador social de abrigo para pessoas atingidas por enchentes em São Leopoldo

PM agride educador social de abrigo para pessoas atingidas por enchentes em São Leopoldo

Uma integrante da Organização Não Governamental (ONG) que faz a gestão de um abrigo municipal para pessoas atingidas por enchentes em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, registrou em vídeo o momento em que um colega foi agredido por um policial da Brigada Militar (BM) na noite de quinta-feira (13). Veja o vídeo acima.

A Polícia Civil investiga o caso. A BM disse que instaurou um inquérito policial militar (IPM) para investigar e que afastou do trabalho nas ruas todos os policiais envolvidos (leia a nota, na íntegra, abaixo).

Já a assessoria de comunicação da prefeitura de São Leopoldo disse que repudia "toda e qualquer forma de agressão e truculência, e confiamos na devida apuração dos fatos pelas autoridades competentes" (leia, abaixo, a nota na íntegra).

No vídeo, é possível ver um grupo de pessoas discutindo. Em seguida, o policial grita "polícia! polícia!". Ele aparece nas imagens avançando em direção a um dos homens e dá um tapa no rosto dele. Na sequência, dá mais dois tapas. Depois, o policial militar acusa ele de estar fumando maconha, o que ele nega estar fazendo.

PM agride educador social de abrigo em São Leopoldo — Foto: Atos 29/Divulgação

Como tudo começou

Conforme a Polícia Civil, as agressões aconteceram por volta das 21h em um posto de combustíveis na Avenida São Borja, em frente ao Centro de Eventos de São Leopoldo, onde foi montado um abrigo.

As pessoas que aparecem no vídeo são educadoras sociais do abrigo e estavam em horário de intervalo. Quem foi agredido é um homem de 30 anos. Ele precisou de atendimento médico devido às lesões e sofreu um derrame ocular.

A ONG Atos 29, que contratou o educador, disse que tudo começou quando recebeu a informação de que um funcionário estava sendo agredido no posto de combustíveis. Responsáveis pela ONG e outros educadores foram ao local e encontraram o funcionário, de 23 anos, detido em um banco sendo questionado por um homem que se identificou como policial da Força Nacional. O suposto policial acusou o funcionário de estar usando drogas no local.

Houve discussão e, por isso, a Guarda Municipal e a BM foram ao posto. Segundo a ONG, o vídeo mostra o momento em que o policial chegou e, "sem mesmo procurar compreender a situação, abordando todos de forma truculenta", agrediu o educador.

O funcionário acusado de estar usando drogas foi detido e levado até uma delegacia. A polícia não encontrou drogas com ele. Ele foi liberado sem ser responsabilizado por um crime.

O suposto policial da Força Nacional era, na verdade, vigilante do posto. Ele pode ser responsabilizado por falsidade ideológica – pois se passou por alguém que não era.

Nota da Brigada Militar

"A Brigada Militar, por meio do Comando Regional do Vale do Rio dos Sinos, informa que já havia instaurado um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias de uma abordagem policial ocorrida em um abrigo de São Leopoldo, antes mesmo da divulgação de um vídeo que circula nas redes sociais veiculando imagens de pessoas sendo agredidas por policiais militares.

Todos os policiais envolvidos na ocorrência estão afastados das suas atividades operacionais até o esclarecimento dos fatos.

A Brigada Militar reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, atuando diuturnamente em defesa da sociedade".

Nota da prefeitura de São Leopoldo

"A Prefeitura de São Leopoldo informa que tomou conhecimento de um caso de agressão na noite desta quinta-feira, 13 de junho, em um posto de combustível, na Avenida São Borja, em frente ao Centro de Eventos, local que vem servindo como um dos abrigos municipais diante da maior tragédia climática que estamos enfrentando.

Segundo os relatos e imagens da ONG, a agressão ocorreu por parte de uma guarnição da Brigada Militar à colaboradores da ONG Atos 29, que é prestadora de serviços nos abrigos municipais.

Nossa Secretaria de Assistência Social (SAS), acompanhou o desdobramento do ocorrido devido à relação de parceria estabelecida com a entidade para apoio e gerenciamento dos abrigos municipais, dando apoio nas providências e encaminhamentos legais relacionadas aos fatos, inclusive para exame de lesão corporal. Além disso, orientou a vítima a solicitar o termo circunstanciado elaborado pela Brigada Militar.

Cabe ressaltar que todas as forças de segurança têm cumprido um papel extraordinário neste período de maior crise em que estamos vivendo, atendendo a comunidade nas suas demandas e numa relação de cooperação e harmonia, tal fato destoa completamente disso, e repudiamos toda e qualquer forma de agressão e truculência, e confiamos na devida apuração dos fatos pelas autoridades competentes".

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