Por Madu Brito, g1 RS


Carolina Lopes e Robson Pedruzzi formavam um casal desde 2020 — Foto: Arquivo pessoal

É com a história de uma vida marcada por alegria, fé e altruísmo, que o viúvo de Carolina Silveira Lopes, Robson Pedruzzi, vai lembrar do "grande amor da sua vida", como ele mesmo define. Agora, o vendedor de 28 anos precisa lidar com o vazio que a perda de sua esposa, vítima da enchente que assolou o Rio Grande do Sul, deixou na sua vida e na de Maria Clara, filha do casal de apenas cinco anos de idade.

"Todos os dias que vejo um pôr do sol bonito, colorido, como ela gostava, eu imagino que ela esteja escolhendo as cores, porque ela era fotógrafa e gostava das cores", diz Robson.

Carol era apaixonada por fotografia e por passar tempo de qualidade com a família e amigos. Para ela, era um prazer contar a história dos clientes por meio das lentes da câmera.

"Ela amava registrar os momentos das famílias, dos casamentos, dos sacramentos. Ela era apaixonada por fazer isso. Ela era apaixonada pelo trabalho dela", conta o vendedor.

A fotógrafa, que morava com a família em Porto Alegre, estava em uma viagem para Passo Fundo a trabalho, mas precisou parar em Carlos Barbosa devido as circunstâncias das estradas.

No dia seguinte, 1º de maio, decidiu voltar para a Capital. No entanto, precisou fazer mais uma parada, dessa vez no Restaurante e Pousada Colao, no município de Veranópolis, na Serra do Rio Grande do Sul, onde foi vítima de um desmoronamento.

"A perda da Carol é muito difícil, está sendo uma perda muito dolorida, é muito além do que eu consigo explicar", lamenta Robson.

Carol, vítima da enchente em Veranópolis, era fotógrafa — Foto: Arquivo pessoal

Robson descreve a dor da perda "como se fosse um buraco que vou ter que, de alguma forma, tornar ele bonito e florido pela minha filha e por mim".

Carol era conhecida por sua natureza expansiva e por fazer os outros se sentirem bem, e segundo o viúvo, estranharia encontrar agora uma "casa mais silenciosa, triste e abatida".

"A Carol era aquela pessoa que quando chega no local, a gente sabe que chegou. Aquela pessoa expansiva, que conversa com todo mundo, extremamente sociável, fazia piada com tudo. Era uma pessoa extremamente alegre, feliz, abraçava, conversava", conta o marido.

A família, composta pelo casal, Maria Clara, e a cachorrinha Chuleta, era intensa e cheia de vida. O casal estava na "melhor fase da vida", alinhando planos e planejando mais filhos, lembra o marido.

Carol e Robson estavam construindo a vida em Porto Alegre — Foto: Arquivo pessoal

A filha Maria Clara está, aos poucos, entendendo a perda da mãe com a ajuda de terapia infantil e o apoio constante da família e amigos.

Segundo Robson, contar para Maria que a mãe partiu foi "a conversa mais difícil" que já teve na vida. O pai, católico, falou para a filha sobre a esperança no céu e explicou que a mãe foi brincar com Santa Terezinha. Ele conta que, em um primeiro momento Maria Clara chorou, mas depois foi fazer um cartaz para a mãe.

"Se para a gente dói, imagina para ela que tem só cinco anos", diz o pai.

A tragédia: 173 mortos

Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio já deixaram 173 mortos, segundo a Defesa Civil. Além de Carol, outras quatro pessoas morreram em Veranópolis. O estado ainda contabiliza 38 desaparecidos e 806 feridos.

RS tem 21 mil pessoas em abrigos

RS tem 21 mil pessoas em abrigos

VÍDEOS: Tudo sobre o RS

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!