Por Tiago Boff, RBS TV e g1 RS


Unidades de reciclagem sofrem prejuízos com as enchentes no RS — Foto: RBS TV/Reprodução

Associações de recicladores de Porto Alegre estimam que 33% dos espaços de triagem na Capital foram inundados durante as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul. Além disso, as cooperativas que não foram atingidas estão sem material para reciclar: o que muita gente descartava e que sustentava famílias está em falta – seja porque foi estragado ou está contaminado. A sobrevivência é com doações ou auxílios.

"Vai ter que ir direto para o aterro sanitário. Não tem como. Está contaminado isso aí já, sabe? Não tem proveito mais. A gente precisa de ajuda", pede Josué Moreira, presidente da Cooperativa Mãos Unidas, que funciona na Zona Norte da Capital do Rio Grande do Sul.

No local em que Moreira trabalhava, a água acumulada atingiu quase 2 metros. As máquinas usadas na triagem, que custavam até R$ 40 mil, estragaram. As cerca de 50 toneladas de materiais que seriam reciclados vão ter que voltar para o lixo. O resultado é falta de trabalho e, sem trabalho, os recicladores não vão ter salário para receber.

"Bah, me dá uma tristeza ver o meu posto de trabalho, coisa que eu lutei por vários anos [para conquistar]... Minha família toda sobreviveu disso aqui e, agora, está nesse estado. É muito triste. E ainda saber que minha mãe e minha irmã perderam tudo também nas suas casas. Eu não consigo acreditar", lamenta Moreira.

Unidades de reciclagem sofrem prejuízos após enchentes no RS — Foto: RBS TV/Reprodução

Essa é uma das 17 cooperativas com quem a prefeitura tem contrato assinado para receber do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) o que é jogado no lixo seco. A enchente causou estragos em seis deles.

Uma delas fica na Zona Sul, e mostra outra realidade: apesar de não ter sido inundada, não tem material para reciclar. Trabalhadores contam que há três semanas não entra no galpão um caminhão cheio da coleta seletiva. São três semanas sem entrar dinheiro na casa da catadora Pâmela Menezes.

"Eu estou me virando. Graças a Deus, a gente recebe um auxílio, que foi antecipado por causa das enchentes. E a gente está recebendo Auxílio Catador, que dá uma aliviada. Mas Auxilio Catador só pode pegar e usar em mercado, não pode pagar uma conta que está devendo e, assim, a gente vai sobrevivendo", relata Pâmela.

Hoje, o trabalho é em meio turno, pois só tem para reciclar o que é buscado em um caminhão próprio da unidade.

"Catador existe. A gente é uma categoria que não parou de trabalhar em nenhum momento desde o dia que começou a enchente. Então, a gente precisa ter essa visibilidade de que a gente continua trabalhando e a gente também é pessoa que precisa da sua renda fixa para trabalhar, e o material reciclável é o que gera isso. A gente agradece muito o recebimento de doações, só que a gente precisa da renda, né?", conta a catadora Débora Oliveira.

A prefeitura promete ajuda à categoria.

"Existem políticas públicas, já de imediato, emergenciais para todos, mas os mais vulneráveis são o foco de nossa política e não parou ainda o aporte de capital que a prefeitura tem feito todos os meses aos 333 recicladores. Toda cidade vai receber agora um tratamento, que o governo está pensando, de limpeza. Essa limpeza será ampla em toda a cidade. Quanto aos galpões de reciclagem, a limpeza é um pouco diferente, pois se trata de lixo reciclado. Talvez tenhamos que pensar alguma coisa exclusiva para isso. Mas como o processo de limpeza da cidade já começou, todos serão atendidos, de uma forma ou de outra”, afirma Jorge Brasil, secretário municipal de Desenvolvimento Social.

Unidades de reciclagem sofrem prejuízos em meio às enchentes no RS — Foto: RBS TV/Reprodução

VÍDEOS: Tudo sobre o RS

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!