Por Gustavo Chagas, g1 RS


Casa onde moravam as vítimas. Polícia de Vacaria suspeita de vazamento de gás. — Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo (sem intenção) um dos sobreviventes do incidente com um gerador elétrico que deixou quatro pessoas mortas em Vacaria, na Serra do Rio Grande do Sul, em 10 de março. De acordo com o inquérito entregue nesta terça-feira (16) à Justiça, Maique Santos da Silva, de 31 anos, "tinha o dever legal de vigiar quanto ao não-ligamento e/ou desligamento do motogerador e, assim, impedir com que o fato ocorresse".

O advogado Ezequiel Carlotto, que acompanhou Maique durante o inquérito, afirma que vai se manifestar após se inteirar do assunto. "Não tive acesso aos autos ainda após a conclusão. Desta forma, assim que tiver ciência do contexto, nos manifestamos", diz.

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Maique chegou a ficar internado em estado gravíssimo na UTI de um hospital, mas se recuperou e recebeu alta oito dias depois do episódio.

Além dele, outros dois enteados sobreviveram. Um menino de nove anos e uma menina de sete ficaram 22 dias internados.

Vítimas:

  • Cíntia de Moraes Costa, de 36 anos, mãe
  • Samara Costa da Silva, de três anos, filha
  • Cíntia Maria Costa da Silva, de 11 anos, filha
  • Ana Júlia Costa da Silva, de 15 anos, filha

Sobreviventes:

  • Elias Kaleb Costa da Silva, de nove anos, filho
  • Vitória Gabriele Costa da Silva, de sete anos, filha
  • Maique Santos da Silva, de 31 anos, companheiro da mãe

Cíntia de Moraes Costa, de 36 anos, vítima de acidente com gerador em Vacaria — Foto: Arquivo pessoal

Inquérito

A Polícia Civil ouviu testemunhas, familiares das vítimas e os próprios sobreviventes para analisar o caso. O delegado Anderson Silveira de Lima afirma que o laudo da perícia atestou que as vítimas morreram com uma concentração superior a 50% de carboxiemoglobina, que é o indicador da exposição ao monóxido de carbono no sangue.

Ao concluir que o sobrevivente tinha o dever de vigiar o gerador, a polícia afirma que ele deveria "impedir com que o fato ocorresse, pois já havia operado o equipamento várias vezes e era um dos adultos responsáveis pelo ligamento e desligamento do motogerador". O crime de homicídio culposo foi majorado porque duas das vítimas tinham menos de 15 anos de idade.

O inquérito, com 243 páginas, foi remetido à Justiça. Agora, o Ministério Público analisa a investigação, podendo pedir novas apurações, arquivar o caso ou denunciar o investigado pelos crimes.

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Relembre o caso

Sete pessoas dormiam na casa, quando, por volta das 8h30 do dia 10 de março, uma pessoa foi até o local e encontrou a residência fechada e com forte cheiro de gás. A Brigada Militar, o Samu e os Bombeiros foram até a casa. As vítimas e os sobreviventes foram encontrados dentro dos quartos do imóvel.

De acordo com a polícia, os sobreviventes informaram que um gerador de energia, que era mantido do lado de fora da casa, estava no interior do imóvel na última noite.

"Depoimentos colhidos pela Polícia Civil confirmam que o gerador ficou ligado durante a madrugada", explicou o delegado Anderson Silveira de Lima na época.

Gerador de energia um gerador de energia, que era mantido do lado de fora da casa, estava no interior da residência na última noite. — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Familiares de Cíntia de Moraes Costa lamentaram o episódio, que vitimou a mãe e três filhas.

"A gente só quer saber exatamente o que aconteceu com essa família. É isso que a gente quer saber", disse a prima, Raquel Barbosa de Moraes, à RBS TV.

As duas crianças que sobreviveram chegaram a ser levadas de avião para Santa Maria. O transporte foi necessário porque a cidade da Região Central do estado dispõe de UTI pediátrica.

Velório de mãe e três filhas aconteceu na segunda-feira (11), em Vacaria — Foto: Reprodução/RBS TV

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