Jacarezinho, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
O Ministério Público Federal recebeu de integrantes da Rede de Atenção a pessoas Afetadas pela Violência de Estado (RAAVE) um documento pedindo uma investigação federal sobre a operação da Polícia Civil no Jacarezinho que terminou com 28 mortos em maio de 2021.
O mesmo documento também pede o desarquivamento e investigação em nível federal de outros casos de mortes suspeitas envolvendo policiais. O argumento é que investigações foram paralisadas ou estão estagnadas em outros órgãos de investigação. O material será analisado pelo MPF.
Policiais no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, em operação que terminou com 28 mortos em maio de 2021 — Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Além da operação do Jacarezinho, os casos citados pela rede são:
- Samuel Bonfim Vicente e William Vasconcellos da Silva no Chapadão, em 25 de setembro de 2021
- José Henrique da Silva em 2022 na Maré, na Zona Norte do Rio
- Julio Cesar Fernandes da Silva, em dia 6 de julho de 2018, na Cidade de Deus
Amigos e familiares no enterro dos corpos do adolescente Samuel Vicente e de Willian Vasconcellos da Silva — Foto: Henrique Coelho / g1
José Henrique da Silva, o Zé Careca, morto em operação na Maré nesta segunda (26) — Foto: Arquivo pessoal
Guilherme Pimentel, coordenador da Rede, afirmou que até hoje não houve uma investigação, em nível federal, da operação Exceptis, de 2021 no Jacarezinho:
Vídeo mostra momento em que mototaxista é baleado na Cidade de Deus
"A gente quer que a operação em si seja investigada. Foram 12 procedimentos baseados em endereços onde corpos foram encontrados. A operação inclusive ironizou a decisão do Supremo Tribunal Federal, já que o nome é Exceptis (exceção), e foi a ação que gerou a chacina do Jacarezinho", afirmou ele, citando a investigação do Ministério Público do Rio, que teve 10 procedimentos arquivados; dois deles seguem na Justiça.
"Quando se investiga apenas o endereço, você investiga as 12 situações como casos isolados, não como se fossem frutos de uma única operação", pontuou.
Familiares de adolescente morto a caminho da escola no Rio aguardam por justiça há quatro anos
Pimentel ainda falou sobre o caso de José Henrique, que foi morto quatro anos depois de ser testemunha de um outro caso de morte por intervenção de policiais na Maré: Marcus Vinícius, que foi baleado a caminho da escola.
"Esse senhor era a principal testemunha do Marcus Vinícius, e também já era testemunha de um outro assassinato de um adolescente na Maré", disse Pimentel.