Por Bette Lucchese, Dayane Zimmermann*, g1 Rio e RJ2


Marido de mulher baleada em Duque de Caxias nega versão da PM; "não tinha bandido", diz

Marido de mulher baleada em Duque de Caxias nega versão da PM; "não tinha bandido", diz

Testemunhas alegam que não houve confronto entre a Polícia Militar e traficantes quando Queitlene Soares Souza, 37 anos, foi baleada na noite de quinta (20), a 400 metros de casa, na comunidade do Dique, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Gilian Martins, marido da vítima há 11 anos, diz que não havia bandidos quando os agentes atiraram.

"É a revolta! Porque eu sei que é duro para o policial que vai pagar pelo erro. Eu sei que, no fundo, ele não saiu para matar ninguém. Mas ele tem que ser homem. E o policial ainda deturpar, vir e falar que apresentou uma testemunha que disse que tinha um bandido. Eu tenho mais de cinquenta pessoas, ninguém vai mentir. Não tinha bandido", diz.

Além dos protestos realizados na noite de quinta onde um ônibus foi incendiado, manifestantes realizaram um segundo protesto em frente ao 15ºBPM (Duque de Caxias) na tarde de sexta (21). O marido de Quetilene foi chamado pra conversar com o comandante da unidade.

As versões apresentadas por testemunhas e policiais militares são diferentes. Uma pessoa, que prefere não se identificar, diz que os policiais chegaram em um carro descaracterizado.

"Eu tinha acabado de passar pela esquina onde o carro estava parado, que estava com os policiais dentro. Só que ninguém iria imaginar porque, quando eles vêm, eles vêm com a viatura, né? E os moradores se assustam e correm. Como a gente ia correr, eles com o carro normal? Nisso eu estava indo de encontro a ela e o menino gritou: olha ali um policial! Mas ninguém acreditou porque não tinha viatura no local. Nisso eu estava chegando perto dela, ela estava falando no telefone e eles já começaram a dar os tiros", alega a testemunha.

Já a versão da Polícia Militar diz que os agentes foram recebidos por tiros enquanto realizavam um patrulhamento na comunidade do Dique. Três armas dos agentes foram apreendidas para a perícia.

Além de negar essa versão, família e testemunhas disseram que os policiais alteraram a cena do crime. Gilian afirma que irá entregar as cápsulas dos projéteis para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), onde o caso está sendo investigado.

"Cataram os projeteis no chão. A gente tem aqui, tem mais. Eu peguei, eles esqueceram", disse.

Quetilene Soares Souza, de 37 anos, morreu durante tiroteio entre PMs e criminosos em Caxias — Foto: Reprodução

A vítima deixa duas filhas, uma de 2 anos e outra de 7.

"Agora eu não tenho a minha esposa, não vai voltar. Eu não tenho o abraço dela, o carinho dela, o sorriso dela, sabe? As minhas filhas, como vão ficar sem mãe? Por mais que eu seja o melhor pai do mundo, ninguém vai suprir o que ela era na vida das minhas filhas", lamenta o marido.

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