Por Nathália Castro, Alice Portes, RJ1


Uma investigação do Ministério Público, a que o RJ1 teve acesso, indica que dezenas de motoristas de aplicativo estão sendo ameaçados na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Vítimas relataram ao MP que os bandidos dizem que vão queimar ou quebrar os carros de quem não pagar uma taxa semanal.

Segundo o MP, a extorsão vem de narcomilicianos que monitoram todo o bairro, mas são do Morro do Dendê.

A investigação mostra que eles têm planilhas, cobranças semanais e até adesivos identificando os motoristas que estão autorizados ou não a trabalhar na região. Há duas formas de abordagens, conforme aponta o relatório do MP:

As denúncias dizem que seis suspeitos estão envolvidos nessa trama. Mário Henrique Paranhos de Oliveira, conhecido como Neves ou Nem, é um dos chefes da quadrilha.

Ele está evadido do sistema prisional desde 2017 quando saiu da cadeia em uma visita ao lar, com autorização da Justiça, e não retornou, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária.

Em depoimento, uma das vítimas relatou que o denunciado Cláudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho, conhecido como Nhonho, cobrou R$ 400 porque o motorista estava sem o adesivo da facção.

Como a vítima não tinha dinheiro, teve que passar R$ 450 no cartão, segundo o depoimento. A vítima disse ainda ao MP que o traficante conhecido como Jonnhy o ameaçou dizendo “A Ilha tem dono”.

Além disso, disse que se o motorista voltasse a ser pego pelos ‘fiscais’ o veículo seria incendiado, quebrado e os pneus furados. Segundo o Ministério Público, os bandidos controlam as vítimas através de uma ficha com fotos e dados pessoas.

A denúncia diz que por trás do esquema está o Terceiro Comando Puro, que controla o tráfico de drogas no Dendê, aliados a milicianos. A aliança teria começado quando Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, e o Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, passaram a explorar o transporte alternativo na região com a ajuda do miliciano Antônio Eugênio de Souza Freitas, o Batoré.

Os três morreram em uma operação policial em 2019. Mas a relação continua com novas práticas, agora extorquindo motoristas de aplicativo, diz o MP, que pediu a prisão preventiva dos denunciados e espera ouvir novas vítimas.

Procurada, a Polícia Civil disse que está ouvindo vítimas e que identificou sete criminosos. Dois deles já estão presos.

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