Por Bruno Tavares, Mateus Rodrigues, TV Globo, g1 e GloboNews — Brasília


Anielle: 'Mataram minha irmã, mas não vamos sucumbir'

Anielle: 'Mataram minha irmã, mas não vamos sucumbir'

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, publicou em rede social neste domingo (24) uma mensagem comemorando a prisão de três supostos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Anielle é irmã de Marielle, executada a tiros em março de 2018. O motorista Anderson Gomes também foi executado naquela noite.

"Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?Agradeço o empenho da PF, do gov federal, do MP federal e estadual e do ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!", escreveu.

Em entrevista à GloboNews ao lado da mãe, Marinete, Anielle Franco chorou ao comentar a informação de que o ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, teria "avalizado" a morte de Marielle e garantido ao grupo que o crime sairia impune.

As informações são do repórter Bruno Tavares, da TV Globo, que também revelou a operação neste domingo.

"É uma mistura de raiva com a certeza da impunidade, com esperança de que a gente possa percorrer esse outro longo caminho. Estou um pouco em choque porque é quem deveria estar protegendo", disse Anielle.

"A gente luta desde nova por um sistema que infelizmente é corrompido do início ao fim. Eu vi minha irmã lutar, acordar todo dia, se tornar a mulher que ela se tornou. Ser eleita como foi, honestamente."

Anielle também disse que recebeu um telefonema do presidente Lula e da primeira-dama, Janja, no início da manhã. O casal ainda não se pronunciou oficialmente ou nas redes sociais sobre as prisões.

Polícia Federal prende suspeitos do assassinato de Marielle Franco

Polícia Federal prende suspeitos do assassinato de Marielle Franco

"O presidente Lula e a Janja ligaram no início da entrevista pra gente, para falar e dar mais forças para esse momento. E não é qualquer coisa isso. [...] É duro ouvir isso, é duro você lutar pelo que você acredita e ter a sua liderança, a pessoa em que você acredita... Minha mãe criou minha irmã e eu com muita dureza, com muito afinco. Pra ser assim, descartável? Por um homem que está ali à frente, que deveria estar protegendo a gente. Que deveria estar fazendo o seu papel, e a gente agora saber que compactua com um crime terrível como o que foi o da minha irmã", disse Anielle.

"Tem muito chão pela frente ainda, e eu quero reiterar aqui: mataram minha irmã, mas a gente não vai sucumbir a esse sistema. A gente está aqui e vai continuar aqui defendendo o legado da Marielle, as pessoas que acreditam nela, as pessoas que lutam com a gente lado a lado, desde o começo. A gente vai fazer política como ela fazia, até o final, mesmo tomando várias passadas de perna", continuou.

'A gente se emociona, se entristece e tem esperança', diz mãe

A mãe de Marielle e Anielle Franco, Marinete da Silva, também falou à GloboNews após as prisões.

"A gente se emociona, se entristece e também tem esperança. Esse Domingo de Ramos, pra gente, vai muito além do que a gente acredita enquanto cristã. De uma Justiça digna, e também de uma democracia que precisa ser sim chancelada. A história da Marielle, a nossa história enquanto mulher negra. De superação, vivendo com traições, acreditando em uma política verdadeira."

"Não temos mais palavras para dizer, só gratidão e força. Para a gente continuar, porque isso não vai acabar aqui. Assim como a gente vê, no dia anterior [ao crime], um homem assumir e infelizmente se achar no direito de chancelar um crime desse, de uma mulher indefesa. É dizer que a gente estava num caminho sem volta. É muito difícil", completou.

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