No local, perto da nascente do rio, a equipe encontrou a aposentada Solange Dourado, que trocou Niterói por uma casa à beira do rio e uma comunidade que vive em isolamento na mesma região.

"Sempre gostei de roça. Sou viúva há 15 anos, meu marido era muito urbano, depois que ele faleceu tomei essa atitude de mudar totalmente. Troquei a Praia de Piratininga [em Niterói] pelo Rio Macaé de cima", brinca Solange. Ela explicou que tem uma preocupação especial com a destinação de todo seu lixo e resíduos, faz compostagem e usa energia solar.

Perto dali, uma comunidade reúne cerca de 50 pessoas. "Tem essa propriedade aqui vai fazer 20 anos e moro aqui há 4. Viver aqui talvez seja a possibilidade de ter a dimensão exata do que você é no universo porque a gente tem entidades como o Rio Macaé e a Mata Atlântica e você praticamente não tem controle sobre isso e é uma experiência diferente de quando você vive me uma área urbana e acha que tem algum controle ", diz Carlos Pinho, presidente da Associação Macaé de Cima.

Ele, que é médico, explica que os moradores se adaptaram à realidade de não contar com mercados ou postos médicos perto, mas, além de muita tranquilidade, contam com um teatro/cinema improvisado e, mais recentemente, internet wi-fi.

A equipe mostrou também artistas locais, como o MC Sirius, que incorporaram sua vivência em meio à natureza para fazer sons como ragga e rap.

"Tem coisa que você nasce, no caso a arte, o meu trabalho é a expressão de si mesmo. Eu sou isso. E a água é uma extensão de mim, nasci nessa água, na cachoeira. Sou filho da montanha", diz.

Mãe do cantor e produtor, a psicóloga Maria Goreth da Silva Gama diz que Sirius nasceu em casa, bem perto das águas. "Ele virou músico não sei se por conta disso mesmo, á água com seu movimento tem uma sonoridade própria, nos acalma, nos tranquiliza", reflete.