Por Águas do Rio


Rio de Agora — Foto: Divulgação

A engenheira Maria Fernanda Bastos, 38 anos, foi até a Europa para estudar economia circular. Mas, foi bem pertinho de casa, em Niterói (RJ), que colocou o conhecimento em prática para promover impacto social e ambiental. É ela quem está por trás da “Redinha”, marca que transforma redes de pesca em bolsas, reduzindo o descarte irregular e gerando renda para artesãs e pescadores do Rio de Janeiro.

Acostumada a remar na Baía de Guanabara, Maria Fernanda sempre se impressionou com a quantidade de lixo flutuante. Quanto mais estudava, mais impactada ficava. O desejo de fazer algo aumentava na mesma proporção. Durante um dos passeios, ao se deparar com um dos tantos problemas ambientais, visualizou uma resolução.

“Fui remar em Jurujuba, uma colônia de pescadores, e lá ficam os redeiros, senhores que ficam costurando as redes. Pisei naquilo (um monte de rede) e me chamou atenção”, conta, lembrando especialmente da enorme quantidade de material.

Ao retornar, Maria Fernanda quis saber o que era feito com o material que não servia mais. Lembrou da própria bolsa reutilizável, do talento da sogra para o crochê e já imaginou o primeiro produto, 100% artesanal. A esposa Isabela Abreu, 35 anos, publicitária, virou sócia e assumiu a parte criativa.

Feito o piloto, elas criaram um perfil nas redes sociais, abriram as vendas e não pararam mais. A rede de artesãs foi aumentando aos poucos, conforme a demanda, assim como o número de pescadores parceiros. De 2020 para cá, 1.500 kg de redes já foram resgatados para dar vida a diversos modelos de bolsas.

“No começo, eu cortava e lavava as redes. Hoje, todo o trabalho é feito pelas artesãs. Trabalhando diretamente com a Redinha já são 12”, explica, destacando o papel do negócio para complementar a renda dessas mulheres, espalhadas por cidades como Niterói, Rio de Janeiro, São Gonçalo e Itaboraí.

O mesmo acontece em relação aos pescadores. Ao cederem os materiais que seriam descartados, eles podem receber até 5% do lucro. Maria Fernanda ainda aproveita a abordagem para explicar a importância do descarte correto e os riscos ao meio ambiente quando isso não acontece.

Hoje, os parceiros vêm de regiões como a praia de Jurujuba, onde tudo começou, São Gonçalo, Cabo Frio e Rio de Janeiro, inclusive do Caju, bairro da Zona Portuária. A quantidade de redes abandonadas revela um triste desfecho da Colônia de Pescadores, decadência atribuída à poluição da Baía de Guanabara, à concorrência da pesca industrial e à industrialização do bairro.

Trabalho para recuperar o mangue do Caju

Rio de Agora — Foto: Divulgação

Mas o futuro é promissor para a região. O cenário já começou a mudar com um projeto de recuperação do mangue do Caju, em parceria com o biólogo Mario Moscatelli, lançado pela Águas do Rio - a concessionária da Aegea é responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário em 27 municípios do estado do Rio de Janeiro.

O trabalho de revitalização iniciou com a retirada de cerca de 120 toneladas de resíduos das margens e o cultivo de 13,5 mil mudas da espécie “mangue-vermelho” para ocupar uma área de 1,3 hectare ao redor da estação de Estação de Tratamento de Esgoto Alegria. O plantio iniciou em março, com a contribuição de funcionários, como parte da celebração do Dia Mundial das Águas.

Ao final, conforme a Águas do Rio, 46 mil metros quadrados terão sido recuperados, e 36 mil m², ampliados. No total, entre a área recuperada e plantada, serão 8,2 hectares, o equivalente a oito campos do Maracanã, o que deve resultar em mais opções de trabalho aos pescadores.

Que tal também assumir seu compromisso com a Baía de Guanabara e o Rio de Janeiro fazendo a sua parte? O Rio de Agora é o Rio que a gente faz junto!

Águas do Rio

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