Por Isabella Chaboudt, g1 — Nova Friburgo


Ministério Público do Trabalho pede interdição de hospital em Nova Friburgo

Ministério Público do Trabalho pede interdição de hospital em Nova Friburgo

O Ministério Público do Trabalho fez um pedido de interdição total do Hospital Maternidade Dr. Mário Dutra de Castro, que fica em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.

O pedido foi feito depois de identificarem irregularidades nas instalações elétricas e o município não possui o alvará do Corpo de Bombeiros, com as condições de segurança para incêndios, que garanta o funcionamento da unidade.

Para a interdição o MPT estabeleceu os seguintes prazos para a Prefeitura de Nova Friburgo: apresentar, no prazo de 05 dias úteis improrrogáveis, um plano de evacuação do local e informar sobre a realocação das pessoas e dos atendimentos.

Neste plano, a prefeitura deverá prever que, dentro de 30 dias úteis, os novos atendimentos devem ser encerrados, incluindo a emergência, com a informação de onde serão atendidos os novos pacientes, informação que deve ser divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde.

Quanto à evacuação do prédio, o prazo é de 60 dias úteis. Depois deste período, nenhum trabalhador da área da saúde ou paciente deve permanecer no local.

Cabe ainda ao município garantir um plano de transporte e deslocamento caso o remanejamento de pacientes seja para unidades em outros municípios.

O MPT aponta ainda que a maternidade só poderá ser reaberta ao público e funcionários após as obras de reformas e adaptações necessárias, com a respectiva licença do Corpo de Bombeiros e vistoria por parte do Ministério Público do Trabalho.

Caso o municipio não apresente o plano, uma multa de R$30.000,00 será aplicada.

Ao g1, a Prefeitura de Nova Friburgo classificou a decisão como “desproporcional”.

Confira a nota na íntegra:

“Todas as cobranças feitas pelo MPT estão sendo devidamente encaminhadas e em momento nenhum a administração municipal esteve inerte. O Município considera a medida desproporcional e irá adotar todos os recursos e providências judiciais cabíveis para garantir o atendimento no principal Hospital Maternidade da região. A população não precisa ficar assustada pois a Prefeitura garante que ninguém ficará sem a devida assistência médica e obstétrica.” destacou o governo municipal.

Irregularidades encontradas na maternidade

Segundo o MPT, no dia 29 de maio de 2023, ficou acordado a necessidade de apurar a regularidade e segurança das instalações elétricas e sistemas de prevenção de incêndio da Maternidade. Junto ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, seria necessário requerer a informação sobre a regularidade da edificação denominada Hospital Maternidade Mário Dutra de Castro, sendo necessário, caso não estivesse regular, a realização de uma vistoria no local.

Em junho de 2023, a Prefeitura de Nova Friburgo apresentou ao MPT um laudo técnico de vistorias das instalações elétricas da maternidade com fotos mostrando as condições, assinado pelo Secretário Municipal e Subsecretário Municipal de Serviços Públicos, e recomendando que todo o sistema fosse refeito.

Poucos dias depois, no dia 14 de junho de 2023, a Prefeitura informou ainda que não tinha o certificado de aprovação (alvará) junto ao Corpo de Bombeiros para o funcionamento da unidade, mas que existia um processo administrativo (n° 17840/2021) para contratar contratar uma empresa especializada para elaborar o projeto contra incêndio e pânico.

Na decisão, o MPT destaca que ”nada de efetivo foi feito até o presente momento para resolver a regularização das instalações elétricas do Hospital.”

Entre as irregularidades apontadas no laudo estão:

  • "(...) no segundo andar a sala de eletricidade com fios da rede (paredes antigas,fios soltos, muita poeira)."
  • "(...) instalações elétricas desconformes, em quadros precários de distribuição, que, além de apresentarem condições inseguras e em risco de choques elétricos, não possuíam sistema de proteção como Disjuntores adequados à carga instalada."
  • "Nos locais em que estão instalados equipamentos Compressor e Gerador de Energia movido a óleo diesel, verificou-se ausência de medidas de proteção contra incêndio."

No laudo feito pelo Corpo de Bombeiros, onde foram avaliadas as condições de segurança contra Incêndio e Pânico, foi confirmada a precariedade da unidade:

  • "No geral, as medidas de segurança da edificação estão distantes do adequado conforme o Decreto Estadual n° 42/2018."
  • "02 (dois) aparelhos extintores vencidos no 2° pavimento. A sinalização de emergência de escape é inexistente."
  • "O escape da maternidade se dá por duas rotas: a escada próximo ao hall de entrada e a rampa na lateral da edificação. Ambas não possuem 1,50m de saída. A rampa, rota necessária para o escape de pacientes acamados, tem raio de giro apertado."

Com todos os apontamentos, a decisão faz críticas ao ambiente de trabalho da maternidade. “Está em total desconformidade com a legislação no que se refere às instalações elétricas, representando risco aos trabalhadores e - da mesma forma - às pessoas que se valem do serviço público por ele prestado, principalmente os recém nascidos que sequer possuem mobilidade necessária.”

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!