"A juventude está relacionada a um momento da vida saudável. Então, quando você tem um problema de saúde no jovem, você tem que ter mais suportes, mais estratégias para abordar esse jovem para que ele possa se vincular no serviço, que ele possa fazer o seu segmento regular, tomar medicamento", destaca a diretora do CRT, Rosa de Alencar Souza.

Deivid Oliveira é coordenador de um grupo de apoio a jovens com HIV, com cerca de 20 participantes que se reúnem em média uma vez por semana.

"É um espaço seguro, de acolhimento, que a gente fala sobre HIV, mas fala sobre vida. Eu vivo com HIV com uma outra pessoa que também vive HIV, que tem os dilemas da juventude com HIV. A gente se entende, a gente sabe o que é, o estigma, né?", explica Deivid.

"Uma vez que você sai do armário do HIV, não tem como voltar", ressalta o coordenador do grupo de jovens.

Jean Carlos é um dos integrantes do grupo dos jovens. Ele contraiu HIV quando tinha 17 anos e conta como foi quando descobriu.

"Eu descobri no dia 28 de março de 2011 aqui no CRT. Nessa época, se tivesse esse espaço, o meu processo teria sido muito diferente. Aqui foi um dos lugares que me trouxe força, que me fez enxergar, se olhar no espelho e falar, nossa, eu estou vivo, eu existo e eu quero falar sobre isso", afirma Jean.

O bailarino Jon Diegues também convive com HIV e faz acompanhamento médico no CRT em São Paulo desde 2021.

"Tudo feito gratuito pelo SUS. Eu acho que eu não conseguiria arcar se eu precisasse realmente bancar por esse medicamento. Então ter um medicamento assim gratuito, ajuda infinitamente na adesão", ressalta o bailarino.

A equipe foi com Jon até o estúdio de dança em que ele dá aulas.

"Eu posso dizer que felizmente, na arte, em muitos lugares que eu já fazia parte, se mostraram até eu posso dizer irrelevantes quanto ao assunto, que eu acho, particularmente, que é o que tem que ser. É uma coisa que afeta literalmente só a minha pessoa, sou eu que necessito de tomar os remédios. A minha parte principal sempre é a arte, o HIV é uma das coisas que eu tenho, mas não o que eu sou. Espero que um dia o mundo inteiro seja assim", destaca o jovem.

Um ano depois de receber o diagnóstico de HIV, Jon decidiu falar sobre o assunto nas redes sociais.

"Sou uma pessoa que vive com o HIV há 1 ano e, hoje em dia, com o tratamento, estou saudável e diria até que melhor do que antes. Eu me amo e me cuido mais agora", escreveu o jovem na publicação.

Jon destaca que sua família só ficou sabendo do seu diagnóstico por meio da publicação.

"Alguns parentes não gostaram muito dessa atitude, acharam desnecessário. Mas aí eu deixei bem claro que quando eu estava no perrengue, quem estava lá era eu e eu. Então, não ia aceitar opiniões sobre isso", conta.

Confira as últimas reportagens do Profissão Repórter abaixo: