Por Millena Sartori, g1 PR


Começo do inverno deve ser marcado por poucas chuvas no Paraná, afirma climatologista

Começo do inverno deve ser marcado por poucas chuvas no Paraná, afirma climatologista

O inverno inicia na quinta-feira, 20 de junho, e deve ter o começo marcado por tempo seco, com poucas chuvas, no Paraná. A estimativa é de Gilson Campos Ferreira da Cruz, Doutor em Geografia que trabalha com climatologia.

Quanto às temperaturas, o climatologista explica que o país está sob um bloqueio atmosférico, que impede a entrada de massas de ar frio e a formação de frentes frias. Por isso, não são esperadas grandes quedas de temperatura no Paraná neste início de estação.

"Se nós tivermos esse 'efeito tampão' desse bloqueio atmosférico avançando para o inverno, a tendência é de que demore mais para entrar as massas de ar frias, frentes frias. Então, nesse começo de inverno as coisas não vão mudar muito", explica.

Frio tardio

Em 2024, o inverno começa às 17h51 do dia 20 de junho e termina em 22 de setembro.

Como a expectativa é de que a La Niña chegue ao Paraná apenas entre agosto e setembro, o estado pode experienciar um frio tardio, explica o climatologista.

"Pode ser que nós tenhamos lá em agosto e setembro, já no final do inverno, o que se chama de frio tardio: com as massas de ar frio conseguindo chegar no Paraná, podemos ter ondas de frio nesses dois meses. Isso não é comum, mas acontece, a gente já vivenciou no passado" , aponta Gilson.

Sai El Niño e chega La Ninã

O período é de incertezas tanto devido ao bloqueio atmosférico, quanto ao vácuo entre a recente saída do El Niño e a chegada do fenômeno La Niña.

Enquanto o El Niño provoca elevação das temperaturas e reforça fenômenos de chuvas no Sul - como as vistas no Rio Grande do Sul -, a La Niña tem efeito inverso, provocando tempo mais seco e dando condições mais favoráveis para a entrada de massas de ar frio e maiores variações térmicas. Saiba mais abaixo.

"Vivendo esse período neutro, o inverno vai se manter muito próximo do que são os nossos invernos 'normais', com a precipitação um pouco abaixo do normal. Nós teremos temperaturas baixas, com as entradas de massa de ar frio, mas nos períodos em que estivermos com períodos longos sem chuvas a tendência é a temperatura ficar mais elevada, principalmente no sentido norte e noroeste do Estado", detalha Gilson da Cruz.

O especialista lembra que cada região do estado possui as suas próprias características - o que deve diferenciá-las, também, neste inverno. No norte e noroeste as temperaturas devem se manter mais altas, e no centro-sul, mais baixas.

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Nascer do sol em Ponta Grossa — Foto: Valdecir Galvan/RPC

O que é El Niño 🥵

O climatologista explica que o El Niño é um fenômeno que provoca o aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico. O contato entre o oceano, a superfície dos continentes e a atmosfera gera uma troca de energia, fazendo com o aquecimento do oceano se propague por todo o mundo.

O último El Niño iniciou em junho de 2023 e começou a enfraquecer em abril de 2024. Ele foi classificado como de intensidade moderada a forte e provocou:

  • elevação das temperaturas em todo o país;
  • aumento da frequência de ondas de calor;
  • seca no Norte e no Nordeste;
  • reforço de fenômenos de chuva, como os do Rio Grande do Sul.

O que é La Niña 🥶

A La Ninã tem os efeitos opostos do El Niño, conforme explica Gilson. Ela diminui a temperatura do Oceano Pacífico, resfriando também a atmosfera.

A última perdurou de julho de 2020 a fevereiro de 2023, e a próxima deve acontecer no segundo semestre de 2024.

Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:

  • aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
  • tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
  • tendência de tempo mais seco no Sul;
  • condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.

Período de transição

Neste período de transição entre os dois fenômenos, a tendência é de que as mudanças em relação a temperaturas e quantidade de chuvas sejam graduais.

"Quando a gente tem o El Niño, e aí na sequência existe a possibilidade de termos uma La Niña, o El Niño vai se encerrando lentamente e vai ocorrendo essa mudança de temperatura também de uma forma relativamente lenta. Depende da semana", finaliza o climatologista Gilson Campos Ferreira da Cruz.

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