Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília


  • A maioria do STF votou para estabelecer que escolas públicas e privadas devem adotar medidas para combater a discriminação por questões de gênero e orientação sexual de crianças e adolescentes

  • Os ministros analisam, no plenário virtual, uma ação do PSOL que questiona o Plano Nacional de Educação, de 2014

  • Relator do caso, o ministro Fachin concluiu que a rede de ensino deve atuar contra a discriminação de gênero e de orientação sexual

  • O julgamento da ação termina nesta sexta-feira (28) se não houver pedidos de vista (mais tempo para análise) ou de destaque, para votação no plenário físico

Ministro Luís Roberto Barroso preside sessão plenária no STF em 26 de junho de 2024. — Foto: Andressa Anholete/STF

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou, nesta sexta-feira (28), para estabelecer a obrigação de que as redes de ensino pública e privada tomem medidas para combater, no ambiente escolar, a discriminação de crianças e adolescentes por questões de gênero e orientação sexual – por exemplo, o bullying machista e homotransfóbico.

Os ministros acompanham o posicionamento do relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin, relator de uma ação do PSOL sobre o tema.

O partido questionou pontos do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado e transformado em lei em 2014. A sigla sustentou que é preciso garantir que as escolas ensinem crianças e adolescentes a conviverem com a diversidade, em uma sociedade plural.

Fachin argumentou que o texto do PNE traz, como uma de suas diretrizes, a erradicação de todas as formas de discriminação.

Mas que é necessário deixar mais claro que isso implica combater, também, discriminações de gênero e orientação sexual. A ideia é evitar uma "insuficiência de proteção" a direitos constitucionais.

"Entendo fazer-se necessária a explicitação, no Plano Nacional de Educação, de que a lei está orientada para a finalidade de combate às discriminações de gênero e de orientação sexual, porquanto todo déficit de clareza quanto a estes objetivos conduz a um correspondente decréscimo de adequação técnica da norma", disse Fachin.

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Fachin votou, então, para "reconhecer a obrigação, por parte das escolas públicas e particulares, de coibir as discriminações por gênero, por identidade de gênero e por orientação sexual, coibindo também o bullying e as discriminações em geral de cunho machista (contra meninas cisgêneras e transgêneras) e homotransfóbicas (contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais)".

Os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Luiz Fux acompanharam integralmente a posição do relator.

Os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino também entendem que as escolas devem atuar para combater as discriminações, mas foram além.

Fixaram, nos votos, que isso deve ocorrer de acordo com orientações pedagógicas, com a "adequação do conteúdo e da metodologia aos diferentes níveis de compreensão e maturidade, de acordo com as faixas etárias e ciclos educacionais".

O caso estará em julgamento virtual na Corte até o fim desta sexta, se não houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (leva o caso ao plenário presencial).

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