Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília


Presidente Lula em entrevista nesta quarta-feira (26). — Foto: Reprodução/Uol

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (26) o governo está fazendo uma análise dos cortes de gastos que podem ajudar a equilibrar as contas.

"O gasto está sendo bem feito? O dinheiro está sendo utilizado para alguma coisa que vai melhorar o futuro deste país? Eu acho que está. Nós estamos agora fazendo uma análise aonde é que tem gasto exagerado, aonde é que tem gasto que não deveria ter, aonde é que tem pessoas que não deveriam receber e que estão recebendo. Isso com muita tranquilidade, sem levar em conta o nervosismo do mercado. Levando em conta a necessidade de manter política de investimento", disse o presidente.

Segundo Lula, o problema não é cortar, mas ter um panorama claro do que fazer.

"O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se a gente precisa aumentar a arrecadação", emendou Lula.

Lula se reúne com ministros em meio a pressão por revisão de gastos

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O presidente disse que não é verdade que a dívida pública esteja muito alta. Para tanto, fez uma comparação com países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A OCDE reúne as nações mais desenvolvidas do mundo.

"Não é verdade [que dívida pública muita alta] Media dos países OCDE 123% do PIB, China é 83%, Japão é 237%. O Brasil efetivamente 74, 76%. Está muito aquém dos gastos que outros países fazem", argumentou Lula.

"Você não pode gastar mais do que você arrecada. Isso vale para todo mundo que tem responsabilidade", completou.

Ainda sobre corte de gastos, Lula disse garantir que não tomará medidas que mexam em salário mínimo e em benefícios sociais – por exemplo, desobrigando a correção desses valores pela inflação do período.

"Garanto, salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República", disse.

'Taxa das blusinhas'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre a taxação de compras internacionais de até US$ 50. O projeto, que ficou conhecido como "taxa das blusinhas", aguarda sanção.

"Você viram a briga da blusinha? Veja que absurdo. Temos um setor da sociedade brasileira — você, eu, você e alguma gente que está nos ouvindo — que pode viajar uma vez por mês pro exterior e pode comprar até 2 mil dólares sem pagar imposto. Pode chegar no freeshop e comprar US$ 1 mil e pode comprar US$ 1 mil no país e não paga imposto. Normal, maravilhoso, fiz isso pra ajudar a classe média, classe média alta. Agora, quando chega a tua filha, a minha filha, a minha esposa que vai comprar US$ 50, eu vou taxar os US$ 50? Não é irracional? Não é uma coisa contraditória?", afirmou.

Em maio, Lula afirmou que a tendência seria vetar a taxa às compras de até US$ 50, mas que estava aberto a negociar. Passado um mês, o presidente indicou que cumprirá o acordo firmado pela equipe econômica com deputados e senadores para implementar a cobrança.

A taxa foi incluída no texto de um projeto que incentiva a transição energética no setor de transportes, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional.

A declaração foi dada em entrevista ao UOL.

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