Blog do Valdo Cruz

Por Valdo Cruz

Comentarista de política e economia da GloboNews.

g1 e GloboNews — Brasília


Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão irritados e preocupados com o áudio de uma reunião entre o ex-presidente da República, e o seu então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem.

Nessa reunião, teria sido discutida uma estratégia para tentar anular investigações da Receita Federal em relação ao senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. Também estavam presentes o general Augusto Heleno e uma advogada.

Segundo interlocutores de Bolsonaro, o ex-presidente está “muito irritado” com o fato de a reunião ter sido registrada por áudio e o material ter sido guardado por Alexandre Ramagem, mesmo sabendo que a Polícia Federal estava investigando a existência de uma “Abin paralela” (leia mais abaixo).

“Ele deveria ter destruído esse áudio nunca guardado. Por que ele guardou?”, indagou o aliado de Bolsonaro.

'Abin paralela': Investigações apontam que delegado usava grupo para compartilhar informações falsas

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  • Ficou conhecido como "Abin paralela" um esquema que usava sistemas de contratos regulares da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar, sem aval judicial, jornalistas, autoridades e desafetos do governo Bolsonaro na gestão Alexandre Ramagem.

A quarta fase da operação Última Milha cita o vídeo da reunião entre os quatro, durante a qual Ramagem teria dito que era preciso tomar medidas para anular a investigação que atingia o filho do ex-presidente, quando foi discutida uma estratégia para desmoralizar e afastar os auditores da Receita Federal.

Os servidores da Receita levantaram movimentações de Flávio Bolsonaro a partir de levantamento do Coaf, mostrando incompatibilidade com a renda do senador.

O senador Flávio Bolsonaro negou qualquer atuação irregular no caso das rachadinhas. Disse que, na época, teve os dados sigilosos acessados de forma criminosa de dentro da Receita Federal e que o processo foi encerrado pela Justiça. Flávio acusou a Polícia Federal de atacá-lo nessa investigação.

"Parece que tinha uma força-tarefa do crime dentro da Receita contra mim. Isso tudo não tem absolutamente nada a ver com a minha defesa jurídica na época, que diz respeito a questões processuais, nada de mérito, e que foram reconhecidas pela Justiça, e o processo acabou. Portanto, nada a ver com qualquer coisa da Abin. Agora, eu não posso correr atrás dos meus direitos de vítima que eu fui, de criminosos de dentro da Receita, e isso é usado contra mim? Faça-me o favor, isso eu não vou aceitar", afirmou Flávio.

A investigação começou depois que foi descoberta a prática de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual.

A PF aponta o ex-chefe de gabinete do hoje senador, Fabrício Queiroz, como responsável pelo esquema irregular. O filho do presidente nega que tivesse conhecimento do esquema admitido por Queiroz.

O áudio está sendo periciado pela Polícia Federal e ainda está sob sigilo nas investigações. Ramagem hoje é candidato a prefeito do Rio de Janeiro, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Aliados de Bolsonaro questionam se ele continuará com o apoio do ex-presidente no Rio.

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