O Assunto

Por g1 — São Paulo


Para Marisa Lajolo, escritora, professora e crítica literária, é preciso que pais e professores de crianças e adolescentes façam com livros o que se faz com novelas: discutir.

"Eu acho que livros são um antecessor da televisão. Antigamente, o livro era muito discutido, como hoje a novela é discutida. E é isso que professores e pais precisam restaurar, se se pretende que a leitura continue a ter um lugar importante na vida."

A posição de Lajolo, que é professora do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, vem na esteira da suspensão, em uma cidade de Minas Gerais, de "O menino marrom", livro de Ziraldo, após pressão de pais que classificaram a obra como "agressiva". O caso aconteceu nesta semana em Conselheiro Lafaiete.

Página do livro "O Menino Marrom" criticada por pais de Conselheiro Lafaiete: meninos pensam em fazer pacto de sangue, desistem de usar faca e até mesmo um alfinete e acabam selando amizade com tinta de caneta azul. — Foto: Reprodução/Melhoramentos

Em entrevista ao podcast O Assunto desta sexta-feira (21), Lajolo diz acreditar que, hoje, poucos pais tenham o hábito de ler com os filhos e que a violência precisa sempre ser condenada, mas que não adianta ela ser escondida.

"Porque a violência existe na vida humana e a cultura reflete isso. Veja os quadros clássicos: eles celebram Júlio César, eles celebram cenas de batalha... Ou seja: a violência está imbricado na cultura."

"Eu acho que pais e professores precisam conversar com as crianças. Quando a criança [ou um adolescente] lê um livro, você precisa, para que a leitura tenha qualquer valor de formação do ser humano, uma formação integral, solidária, esse livro precisa ser discutido."

Ziraldo suspenso – como ler com crianças

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