Países estranhos

qui, 30/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

Mal cheguei da volta ao mundo e já embarquei para dois destinos curiosos. Nenhum desses países acrescentaram um novo visto – sequer um mero carimbo – ao meu passaporte. Mas ambos lugares me proporcionaram viagens inusitadas – quando não improváveis. Aliás, exatamente a experiência que eu estava procurando, pois quando nos entregamos a uma obra de arte, o mínimo que podemos ter como expectativa é descobrir um mundo novo. Não são exatamente paradas convidativas (por motivos totalmente diferentes), mas por caminhos absurdos, cada uma delas – uma pelo horror e outra pelo humor – me conferiu um certo aprendizado. O primeiro lugar nem tem nome, e é o cenário do último filme de Fernando Meirelles, “Ensaio sobre a cegueira”. O segundo chama-se “Absurdsvanï”, mas tem o apelido de “Absurdistão” – e é o título do novo livro de Gary Shteyngart, lançado agora do Brasil, pela editora Rocco.

Sei que estou um pouco atrasado neste comentário sobre “Cegueira”, mas, como você deve saber, eu não estava no Brasil quando o filme estreou por aqui. Mas pela importância que um lançamento tem – não só por Meirelles ser um diretor brasileiro, mas também por ser um ótimo diretor -, resolvi recomeçar minha agenda cultural pós-volta ao mundo por ele (e já vou comentá-lo). Mas achei uma feliz coincidência encontrar o trabalho de Shteyngart por aqui. Comprei esse livro logo que ele foi lançado nos Estados Unidos, entusiasmado pela minha lembrança de seu livro de estréia – lançado aqui sob o título “O pícaro russo”.

Poucas coisas que li nesses últimos anos merecem o título de delirante. “Headlong”, de Michael Frayn, sem dúvida. “Tudo se ilumina”, de Jonathan Safran Foer, também. Mas se o primeiro delira em erudição e o segundo no passado, “O pícaro russo” delira, digamos, no delírio… É uma comédia com passagens hilariantes (quantas vezes você riu recentemente apenas ao ler algumas páginas?), um olhar bastante contemporâneo, e uma influência – assumida – dos grandes autores da Rússia (onde o próprio Shteyngart – que mora desde os sete anos nos Estados Unidos, nasceu).

absurdistao.jpg“Absurdistão” tem todos elementos que fizeram de “Pícaro” uma estréia aclamada, e mais um visível aprimoramento na capacidade de Shteyngart de tirar imagens belíssimas – e às vezes bizarras, às vezes tristes – de metáforas surpreendentes. Como esta: “Nós três emitimos em coro um som de pesar profundo com o nariz, a garganta e os lábios, como se sugássemos tragicamente o macarrão de uma panela de ferro”. Ou: “Chupei a gordura dos ossos como se eu fosse um aprendiz de pornografia”. Outras vezes, seu domínio das palavras transparece um descrições nada usuais, algumas engraçadas e outras profundamente melancólicas. Um exemplo da primeira:

“As piranhas do Valentin choraram diante do menu. A excitação e luxúria que sentiam pelo dinheiro eram tamanhas que nem sabiam falar os nomes dos pratos. Tinham que se referir a eles pelo preço”.

E para citar apenas uma das imagens melancólicas:

“Ela pousou as mãos no que eu chamo de ‘corcunda tóxica’, um montinho escuro e macilento de carne parada e má circulação, um monumento ao sedentarismo cultivado durante os dois anos do meu exílio russo, o repositório de toda minha raiva, uma espécie de anticoração nas costas, que faz minha tristeza pulsar”.

O fato de esses dois trechos que escolhi falarem de comida e gordura não é gratuito. O personagem principal de “Absurdistão” é o filho de um judeu russo que tornou-se membro da poderosa oligarquia que se formou naquele país durante os anos 90, e que é assassinado logo no início da história. Por uma proposta indecorosa feita pelo próprio assassino de seu pai, Misha (o filho) torna-se milionário – um milionário de 145 quilos, que sonha em voltar para a cidade onde fez a Universidade, Nova York, e onde também conheceu o amor de sua vida, uma dançarina de programa chamada Rouenna, natural do Bronx.

Inseguro, emocionalmente frágil, e sem nenhum projeto pessoal que possa ser levado a sério, Misha não consegue voltar a Nova York, mas, à procura de um passaporte belga, vai a um pequeno país que fazia parte da antiga união soviética chamado Absurdsvanï (ou “Absurdistão”) – e de lá não consegue mais sair. Você não vai achar esse lugar em mapa nenhum, já que é mais fictício do que o Cazaquistão de Borat. Mas devo confessar que algumas descrições me faziam lembrar o Azerbaijão, por onde passei nessa última volta ao mundo… Será?

A definição do local, no final, é irrelevante, pois o cenário só serve mesmo como pano de fundo para a saga terminal de Misha. Numa seqüência de decisões desastrosas – que foi bem descrita na contracapa do livro pelo escritor Aleksender Hemon, como um registro do “ápice da estupidez humana” -, Shteyngart nos faz alternar risos com ternura, numa história que, ainda que às vezes lembre “O pícaro russo”, é extremamente original. E deliciosa.

O país onde se passa o filme de Fernando Meirelles não é menos inventado que o Absurdistão. Para começar, como disse acima, não tem um nome declarado. Além disso, mas imagens que vemos no filme, reconhecemos alguns detalhes de São Paulo, mas há trechos em esquinas desconhecidas mesmo pelos paulistanos mais experientes – talvez porque tenham sido filmados em Montevidéu, a capital do Uruguai.

Porém, assim como no livro de Shteyngart, descobrir o lugar exato onde se passa a ação é menos importante do que se envolver com a história. O caminho em “Ensaio sobre a cegueira”, como já sugeri, não é o do humor, mas o do desespero. O filme é uma adaptação de um dos livros mais conhecidos do escritor português (premiado com o Nobel) José Saramago – uma adaptação, ao que li em vários comentários e resenhas, bem fiel (nunca li esse Saramago, mas confesso que fiquei com vontade depois de ver o filme). Talvez até fiel demais.

cegueira.jpgSem ter lido o original, arrisco uma pequena crítica a um trabalho que achei não apenas brilhante como também corajoso (já explico a razão): “Cegueira” não te cativa desde o início. Para um filme que te deixa completamente mexido e emocionado quando entram os créditos finais, isso é um problema. Não sou do tipo que abandona um filme ao meio – muito menos no seu início. Mas por mais de uma vez tive de me esforçar para prestar atenção numa sucessão de fatos que me pareceu linear demais.

Esse pequeno esforço, porém, é recompensado (e muito) quando a ação passa a se concentrar no espaço usado como quarentena para as pessoas que foram infectadas com uma estranha epidemia que provoca a cegueira – não uma escuridão negra, mas um luminoso clarão branco. O início do filme é dedicado justamente a mostrar como a epidemia se alastra, mas as coisas começam a ficar realmente interessantes no confinamento. Especialmente porque entre os “novos cegos” está a mulher de um oftalmologista que não perdeu a visão: apenas foi para lá em solidariedade ao marido. E sobretudo porque quem faz o papel dessa mulher é Julianne Moore.

Mesmo descontando o fato de eu ter admiração absoluta por ela (até hoje não me conformei de Nicole Kidman ter levado o Oscar por “As horas”, onde Moore faz um trabalho infinitamente superior), seu trabalho em “Cegueira” é devastador. Todo o elenco está excelente – inclusive Alice Braga e Gael Garcia Bernal (que nos oferece a versão mais bizarra jamais registrada de “I just called to say I love you”, de Stevie Wonder. Mas Julianne Moore supera a todos.

Nós a vemos o tempo todo, mas ao mesmo tempo estamos vendo tudo com os olhos dela. Das primeiras tentativas de integração dos internados aos mais sórdidos esquemas desesperados de sobrevivência, é a mulher do oftalmologista que tem a vivência mais cruel de tudo aquilo – talvez justamente porque é a única que vê. Nós, espectadores, compartilhamos sua angústia de uma dúbia posição: será que queremos mesmo ver tudo aquilo?

Claro que com a inventividade visual de Meirelles é impossível não querer ver o que se passa na grande tela. Mas essa beleza estranha só acrescenta nosso desconforto quanto à história que está sendo contada. É bem aos poucos que vamos encontrando alguma esperança no desenvolver do filme – e mesmo quando ele termina (calma, não vou entregar nada para quem ainda não viu!), não temos a certeza de que é um final feliz. Saí bastante perturbado do cinema, num estado que me lembrou – por uma associação misteriosa – minha reação depois que assisti “Dançando no escuro”. E admirando mais ainda Fernando Meirelles por ter escolhido fazer um filme tão difícil.

É com trabalhos assim que podemos visitar lugares que não nos pedem nada como visto, a não ser uma mente aberta.

É por isso que eu viajo

seg, 27/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

Onde tem gente nesse mundo, tem alguém igual a mim. Sim, você já leu isso antes, aqui mesmo.  Mas eu faço questão de repetir porque, mais que o final de um post de despedida, isso é o início de nossa conversa sobre o que passou pela minha cabeça nas últimas – humm – seis semanas. Tem a ver com as fotos que publiquei no último post também. E tem a ver com o título acima, com a maioria das coisas que escrevo aqui – e com a maioria das coisas que escrevo (e discuto) fora daqui. Tem a ver com gente. E é isso que me faz viajar.

Primeiro, as fotos. Borobudur, sim – na ilha de Java, na Indonésia. Mais precisamente, perto da cidade de Djojakarta (Djoja, para os íntimos). O maior monumento budista do mundo (se você for acreditar na wikipédia), um patrimônio da humanidade, segundo a Unesco. Ah, e também um belo lugar para tirar a foto com sua namorada, seus filhos, sua turma de colégio, sua sogra, sozinho mesmo, ou com um bando de desconhecidos. Se for feriado, então, espere encontrar multidões por lá – que foi exatamente o que aconteceu quando passamos por lá.

Era o fim do Ramadã, o mês em que os muçulmanos fazem seu jejum, desde que o sol nasce até quando ele se põe – um dos rituais mais importantes para essa religião (só lembrando, a Indonésia é o país com a maior população muçulmana do mundo). Três dias inteiros são dedicados a lembrar o fim do Ramadã, num grande feriado nacional. E acredite: os indonésios aproveitam cada minutos desses dias livres. Especialmente viajando pelo país – e se der para visitar Borobudur, melhor ainda.

O que essa legião de muçulmanos estava fazendo passeando no maior monumento budista? Ah, mas é justamente aí que as coisas começam a ficar interessantes… Boa parte de quem me lê aqui percebeu isso assim que viu as imagens. E digo isso baseado numa amostragem dos comentários do último post. “Turista tirando foto de turista é sempre interessante”, escreveu o Cassiano. “Nas fotos, o mais importante delas não somos nós ou a paisagem, mas sim o momento registrado”, mandou, logo em seguida o Marcelo Menolli. A Luiza Bravo foi uma das que chegou mais perto ainda do que eu imaginei quando tirei as fotos: “Me fez pensar em como todo mundo pode ser tão diferente e, ao mesmo tempo, tão igual… é incrível!”. Na mesma linha – ainda que eu desconfie que não com o mesmo tom positivo da Luiza –Wladowaski, comentou: “Não é preciso ir para a Indonésia, São Paulo ou Novo Mundo pra perceber que é todo mundo igual nesse mundo”. Sem cinismo, numa provocação que me pareceu genuinamente interessada, a Jô foi bem observadora (especialmente nos detalhes de cada foto) e perguntou: “Como acontece essa mistura? Não temos mais limites?”.

Do meu modesto ponto de vista de quem passou por várias culturas diferentes num curto espaço de tempo, permita-me responder-lhe, Jô, que não – não temos mais limites. E que isso é muito bom.

Sério!

Quando eu vi aquele templo cheio de gente, aquela agitação, um sobe e desce frenético, gente falando, criança correndo, poses, fotos – movimento! – eu fiquei entusiasmado. Confesso até que, a princípio, minha idéia de pauta era chegar lá e fazer uma matéria completamente zen (só como informação, a série de reportagens dessa volta ao mundo estréia em breve…). Imaginei aquele templo gigantesco, no meio de um círculo de montanhas, cercado de verde, com centenas de estátuas de Buda, dezenas de “estupas” (aquela forma que muitos pensaram que eram sinos, mas são uma espécie de túmulo – ou mausoléu – que está intimamente ligado ao budismo). Enfim, um cenário tranqüilo, para uma reportagem tranqüila. Porém, diante daquele frege (pense no Corcovado, em tempos de Carnaval no Rio), não tinha como disfarçar que estávamos num lugar de contemplação, mas com espírito de… churrasco na laje! A solução foi assumir a bagunça e mostrar que aquele era um monumento muito vivo. Mais que isso, uma referência transcultural.

E é disso que eu gosto!

Quando disse que não sabia se o comentário assinado por Wladowaski tinha o tom positivo, foi porque outros pessoas que escreveram puxaram a reflexão para um outro lado. “Eu ainda gostava quando as pessoas nos diferentes continentes tinham aquela coisinha chamada individualidade”, mandou MaxReinert – que ainda protestou: “Tudo virou pastiche!”. A Cristina, que lembrou do que eu escrevi antes de viajar, também concorda com o Max: “Outro povo, outra gente, mas todos com algo em comum, tênis, celular e máquina fotográfica”. A Ludmila foi uma das várias pessoas que percebeu a presença (proposital, na minha seleção) de várias camisetas de bandas de rock: “Acho que o detalhe é a influência da cultura dos EUA” (será que a camiseta do Soulfly, uma banda brasileira, passou despercebida?). O Rodrigo Ruegger foi “ligeiramente” menos sutil: “Todos muito americanizados. A verdadeira dominação se encontra aí, na cultura”. E eu queria pegar por aí.

Esse é um tipo de opinião que eu não ouvia desde os meus tempos de faculdade. Ou melhor, de vez em quando ainda ouço uma coisa assim solta numa conversa, mas nem relevo – fica como um deslocado “flashback”, justamente desse meu período universitário (e lá se vão vinte anos). Mas eu sempre fico surpreso de encontrar gente que pensa assim. É gente que provavelmente nunca usou um tênis – esse calçado tão “ianque”. Sequer vai ao cinema – um invenção francesa, mas que foi dominada pelos “imperialistas” americanos. Curioso essas pessoas usarem email, pois a própria internet, não sendo uma criação genuinamente brasileira, nem deveria ser considerada como um meio de comunicação… Num exagero de pureza, eu sugeriria que quem é contra as trocas culturais esconde um pavor de números – não aceitar nada estrangeiro me parece uma desculpa perfeita para não se aproximar da álgebra, uma ciência árabe… E será que essas pessoas se lembram nossa “paixão nacional” é um esporte originalmente inglês!

O que me parece que essas pessoas têm dificuldade de absorver, é que esse é um mundo que troca. As pessoas trocam – e tudo que a gente conquistou até hoje, como civilização e como cultura, é fruto disso. Acredito tanto nisso que a própria expressão “imperialismo cultural”, usada com a inconseqüência de um universitário que mal estreou sua camisa do Che, me provoca engulhos. O mundo é isso, meu amigo, minha amiga. As pessoas olham para fora, vêem coisas que gostam, se apropriam delas (quase sempre as transformando), encontram algumas que não gostam, rejeitam – e tudo segue numa “mistureba” maravilhosa.

Como já disse Caetano, “Narciso acha feio o que não é espelho” – e foi este verso de “Sampa” que me veio à lembrança quando li o comentário talvez mais, hum, “radical” (estou sendo elegante) do último post: “Caramba! Que gente feia”, escreveu Pedro Ochikawa – que, curiosamente, não mandou uma foto com sua opinião para que pudéssemos avaliar quem exatamente estava chamando os outros de feio… É sempre mais fácil classificar o diferente como feio. Claro, não exige nenhuma reflexão. Com um adjetivo apenas, você joga um universo de descobertas possíveis numa categoria supostamente repugnante – há quem ame o feio, não é? – e não precisa mais pensar nisso. Para que assimilar quando é possível rejeitar?

Bem, eu prefiro pensar diferente – e para a minha satisfação, a maioria das pessoas que escreveram para cá (e, imagino, por extensão, das que passaram os olhos pelo último post), também. Por que a gente sempre ganha com a mistura. Primeiro, porque ela é inevitável. Depois, porque já que é assim, é melhor aproveitar… e inventar! E olha que a gente tem inventado…

É por isso que temos Bollywood. E Fuerza Bruta. E os irmãos Campana. E Picasso. E macarrão de pupunha. E telenovelas. E Bossa Nova. Quer dar outros exemplos? Fique à vontade. (Se você tiver dificuldade em perceber que todos esses produtos culturais citados acima bebem em mais de uma fonte, sugiro uma bela pesquisa aqui mesmo na internet para preencher sua semana).

E é por isso que temos esse Borobudur 2008 que eu acabei de visitar – onde fãs dos Strokes e se misturam com os dos Rolling Stones (sem falar das bandas locais que eu nem conhecia); camisetas Dior falsificadas se revezam com peças de “batik” (a linda técnica de impressão tão característica da Indonésia); pais com filhos no colo posam ao lado de casais de luas-de-mel; chapéus de renda e véus muçulmanos convivem em perfeita harmonia…

E vale lembrar que esses véus das muçulmanas indonésias, em geral, estão longe de serem  “burkas”, mas têm um estilo único (e adaptado, como eu diria), com uma espécie de viseira incorporada, que ao mesmo tempo protege as fiéis do sol e cumpre sua função religiosa. Estilo esse, diga-se, que ainda pode ganhar inúmeras variações – como é possível conferir nas capas de revistas de moda e comportamento que encontrei nas ruas de Djoja.

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Você acha que é só aqui que as meninas sonham em seduzir os caras? Que as mulheres querem emagrecer (atente para a chamada de capa da revista acima, à esquerda, que sugere que suas leitoras usem os 30 dias de jejum do Ramadã para dar uma repaginada geral!)? Que só no ocidente as famílias procuram modelos de comportamento e conselhos práticos? Tolice… Isso tem em todas as culturas, em todos os países.

Você que é tão alternativo nas suas escolhas musicais (e literárias e cinematográficas), acha que não tem ninguém que goste das mesmas coisas que você, ou de coisas que equivalem às que você tanto gosta, em Colombo (no Sri Lanka), em Maputo (Moçambique), ou mesmo em Djoja? Pois tem por todo lado. E acho que eu, depois dessa segunda volta ao mundo, posso afirmar que não existe prazer maior do que descobrir isso em cada lugar que eu chego.

Só nessa viagem, foram oito destinos, com dezenas de “escalas” pelo caminho – entre elas, a cidade de Queen Charlotte, em British Columbia (Canadá), uma zona de risco para tsunamis, onde eu tirei a foto que ilustra o primeiro post depois que cheguei. Também teve Mopti, Pec, Beijing, Nairobi, Viena, Bangcoc – a lista é grande. E em cada uma dessas paradas, novas descobertas que confirmam minha crença de que nós somos muito iguais. Maravilhosamente iguais e diversos – e sempre com aquela coisa no olhar que a Shi, no seu comentário, descreve como esperança.

Mas que eu desconfio que é muito mais que isso…

(Na quinta-feira, retomando, de fato, nosso ritmo, vou falar de uma inesperada conexão que encontrei entre o novo filme de Fernando Meirelles e um estranho país que rima com Tajiquistão…).

Onde nós estamos?

qui, 23/10/08
por Zeca Camargo |
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Gostou das fotos? Já falo delas – mas antes, uma explicação. Se este ainda não é o texto que você estava esperando, dê-me mais um tempo. Estou fazendo a minha lição de casa: já assisti “Ensaio sobre a cegueira” (e, de quebra, ainda vi os trailers de “Última parada 174″, “Vicky Cristina Barcelona”, e “Romance” – que me deixaram animados); já comprei (mas ainda não li), “O africano”, do mais novo vencedor do Nobel de literatura, Le Clézio; fiquei animado com outros lançamentos de livros em português – que já li no original e agora posso comentar aqui -, como “Maré voraz”(de Amitav Ghosh), “Jogos sagrados”(de Vikram Chandra), e “Árvore de fumaça” (de Denis Johnson); já estou com o DVD de Maria Bethânia com a cubana Omara Portuondo; estou vendo se consigo ainda ingresso para alguma atração deste Tim Festival (que está com uma seleção tão boa como eu não via há anos!); e estou tentando entender como Lady Kate se transformou no novo Seu Creysson.

Mas ainda estou digerindo tudo isso – aliás, ao mesmo tempo em que termino a digestão das informações da viagem (um processo demorado, como já previa no post anterior). Por isso peço mais um tempo – até segunda – para retomar nosso ritmo normal. Mas se você quiser ter uma pista dos pensamentos que cruzam minha cabeça, olhe de novo as fotos acima. Onde nós estamos – eu e mais essa multidão de turistas? Acredite: desta vez, a resposta é menos importante do que a reflexão que a visita a esse lugar me obrigou a fazer. E é sobre isso que eu quero falar no próximo post. Será que elas dizem alguma coisa também a você? Será que bate com o que eu estou pensando? Segunda a gente confere… (junto com a resposta sobre o local da foto que acompanha o último texto).

Foi bom para você?

seg, 20/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

Sim, de volta! De volta de uma volta ao mundo (outra…). E você pode imaginar o trabalho que estou tendo para organizar meu pensamento. Tem um turbilhão de coisas – experiências, imagens, histórias, personagens, lugares,  sensações, gostos e cheiros, “causos” – que estou tentando por uma ordem, por vários motivos.

Primeiro, para fazer disso tudo uma série de reportagens que faça justiça à grandeza dos lugares em que estive – mas isso é assunto que a gente ainda vai ter tempo para desenvolver. Segundo, para entender o  sentido maior que um projeto como essa traz para minha vida – eu preciso entender o que eu vivi, decodificar os registros, interpretar tudo que fui guardando, coisas que não tive tempo de fazer durante a viagem. (Vale lembrar que depois da primeira volta ao mundo, descrevi que o processo de escrever o livro sobre ela me ajudou a “entender” tudo o que eu tinha passado, e que não pude refletir então pela demanda de trabalho da própria viagem… Se já tinha sido assim dessa vez, quando eu passava uma semana em cada país, imagine agora, quando a média foi de três dias por cada lugar visitado…). E, por último (mas não menos importante), eu ainda  preciso ver o que vai “sobrar” da viagem para este nosso blog aqui!

Esse processo todo – nesses três níveis – vai levar um certo tempo, e por isso conto com sua paciência. Mesmo assim, quero retomar nossa conversa aqui o mais breve possível. Talvez não hoje, já que cheguei anteontem – e ainda nem sei a quantas andam as manifestações culturais nessa nossa “terrinha”. Mas, para não ficar sem trocar alguma coisa com você logo nesse retorno, faço questão de comentar rapidamente sobre nossa experiência recente da lista das mil músicas. Ou melhor, vou jogar a bola para você e perguntar: foi bom para você?

Tenho a impressão de que sim – pelo menos na breve leitura que fiz dos comentários desde que cheguei (breve, esclareço, não porque não tem idéias ótimas nessas cinco semanas que as pessoas – quem sabe mesmo você – postaram aqui, mas por absoluta falta de tempo, já que cheguei e caí direto no trabalho).

Falando sobre eles, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato de ela ter funcionado como uma espécie de extensão do que as pessoas acham de mim e do que eu faço – como um espelho que magnifica aquilo que já existe. É um fenômeno que eu já estava meio que esperando, uma conseqüência natural de qualquer obra aberta – no sentido de exposta – como essa à qual eu me propus apresentado as mil músicas que me fizeram ouvir a própria música de um jeito diferente.

Esse “espelho” funciona assim: se você já gostava do que encontrava por aqui nesses dois anos de vida do blog (o segundo aniversário não passou despercebido – obrigado pelos parabéns e aguarde que ainda vou fazer um balanço que sei que estou devendo!), das idéias meio diferentes, meio ecléticas, da conversa meio aberta que a gente sempre tem por aqui – então a lista te agradou. Se você me conhecia apenas pelo meu trabalho na TV, e desconfiava que eu pudesse te interessar em outros assuntos, e veio parar aqui por acaso, talvez você tenha abraçado a lista como uma boa surpresa – não só na descoberta de um canal para a nossa comunicação, mas também como uma genuína abertura de possibilidades. Agora, se você já tinha alguma coisa contra mim, ou contra o meu trabalho, e não estava a fim de mudar sua opinião já formada, aí então você detestou a seleção. Ou ainda, ela serviu como mais uma desculpa para você continuar a, digamos, achar o que você já achava. A isso damos geralmente o nome de preconceito – mas eu divago…

A saudável maioria dos comentários positivos me deixou imensamente feliz – não pelos simples elogios, mas pela constatação de que pelo menos para boa parte das pessoas que passaram por aqui aceitaram a proposta para abrir os ouvidos e experimentar novos sons. Não para obrigatoriamente gostar do que eu gosto, mas para pelo menos se permitirem gostar de algo que nunca tinham ouvido.

Como também fica evidente nos comentários, a lista serviu para muitas pessoas lembrarem de sucessos esquecidos, ou mesmo de músicas menos conhecidas, mas que foram importantes em algum momento das suas vidas. Deixei claro desde o início do projeto que cada uma dessas mil músicas tinha sido importante para mim – e descobrir que elas podem significar tanto para mais gente (certamente evocando memórias e situações bem diferentes das minhas, mas não menos especiais) deixou-me contente.

E ainda fiquei bastante agradecido aos que não apenas acompanharam a lista a cada post, mas também escreveram em minha defesa com relação não às discordâncias – quem é que ainda acha que vale a pena puxar uma briga por causa de gosto musical? -, mas para lembrar os leitores menos atenciosos de que todas as explicações que eu queria dar com relação à lista, haviam sido feitas lá atrás , quando postei as primeiras 100 (ou, como fiz questão de colocar, as primeiras 35 + 65).

Tenho certeza de que todos que escreveram de maneira positiva, se não aumentaram sua coleção musical, pelo menos deram a si mesmos a chance de ouvir coisas diferentes – e eu não posso imaginar exercício mais saudável do que este (ainda mais chegando de uma volta ao mundo!).

Não faltaram também as críticas, claro, que – como sempre – são também bem-vindas, desde que escritas com um mínimo de respeito – sobretudo para com as outras pessoas que possam lê-las. E foi engraçado como, já que eram muito repetitivas, foi possível dividi-las em três categorias.

A primeira envolve aqueles que preferiram não comentar a lista, mas sua serialização. “Ainda não acabou?”, foi um comentário recorrente – e eu só posso imaginar que quem se sentiu assim ou adora quando escrevo sobre outros assuntos e estava sentindo falta da variedade neste blog (se é seu caso, anime-se: já estou retomando o ritmo normal), ou tem uma certa dificuldade com números… Se a lista é de 1000 músicas, e deixei claro que eu colocaria 100 em cada post, é meio óbvio que, quando ainda estamos nas 700, ainda estavam faltando alguns dias (e alguns posts) para ela acabar…

Outro grupo de descontentes – o segundo – nem me surpreendeu . Eu já havia previsto suas manifestações lá no texto de apresentação da lista: são as patrulhas! A mais presente delas – como eu havia prevenido – era a da brigada da MPB. Mas também teve gente reclamando da ausência de outros estilos musicais (até o jazz foi lembrado!). Incrível… Não vou aqui repetir minha justificativa (já colocada no texto que abria a lista), mas vale apenas registrar talvez a pressa com que esses “críticos” quiseram rebater a lista – tão afoitos para contribuírem aqui (obrigado pelo “click”), que nem leram minha explicação. Ou então leram e mesmo assim quiseram, como eu gosto de falar, bater o tamborzinho para a “coitadinha” da música brasileira, tão esquecida…

Ora, eu faço questão de discordar… Não só ela foi bem lembrada – com nomes que vão de Noel Rosa a Rita Lee, passando por Tim Maia, Jorge Benjor, Lulu Santos, Cássia Eller e Roberto Carlos – como figura no mesmo patamar dos chamados grandes nomes do rock e do pop nacional. Viu como é tudo uma questão de ponto de vista? Eu achei (e ainda acho) que estava colocando os artistas brasileiros no mesmo panteão dos músicos consagrados, e houve gente que achou que eu estava deixando esse nosso precioso patrimônio de lado… É típico de quem só quer ver um ponto de vista… (Preciso comentar os chiliques que talvez as mesmas pessoas que pediam mais música brasileira tiveram quando se depararam com Kelly Key na lista?).

Bem, e a terceira categoria de críticas inclui os comentários mais superficiais de gente cuja intenção era desqualificar a lista toda porque encontrou uma, duas, três músicas – ou mesmo um punhado delas – de que não gostasse. Esses acharam melhor esculhambar tudo! A esse grupo eu recomendo que faça primeiro a lição de casa: vá ouvir Seconds of Pleasure, Lydia Mendonza, Dengue Fever, Arrigo Barnabé, Kishore Kumar, The Weather Prophets, Anneke Grönloh, Looper, Hambi and the Dance – e eu sei lá mais quantas bandas e quantos artistas você não conhece ou só finge que conhece. Antes de falar com a autoridade de quem já escutou muita coisa nessa vida (e obviamente não escutou nada além do que te foi apresentado mastigado pela mídia – inclusive a alternativa), vá ouvir tudo que está na lista e depois a gente discute seu comentário. Agora, agora, estou meio sem tempo para levar adiante esse tipo de pirraça…

Se você se encaixa em um desses três grupos, claro, a resposta da pergunta de hoje é: não. Não foi nada bom para você (e o mais engraçado é que mesmo assim você continua vindo aqui… como disse Sharon Stone naquela memorável participação no MTV Movie Awards: “You love me, you really love me”).

Contudo, para a grande maioria – e para mim também – foi uma experiência e tanto. Aliás, eu diria mais: foi uma bela introdução ao nosso terceiro ano juntos. Da minha parte, reforço – daqui em diante – a minha intenção de ser o mais aberto possível em tudo que eu eventualmente me interessar, e achar que possa interessar você também. Se tem sido divertido – como se diz no altar, “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza” – só posso me comprometer a continuar fazendo o melhor para que a gente continue nessa freqüência.

Vamos em frente! E para você não achar que estou fora de forma, apesar de ter passados as últimas cinco semanas rodando o mundo, aqui vai um clássico do nosso blog. Olhe a foto abaixo e me diga: onde estou?

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901-1000

qui, 16/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

(Esta é décima e última parte de uma lista das 1000 músicas que fizeram este blogueiro ouvir a própria música de um jeito diferente. Para acompanhá-la desde o início, vá ao post onde tudo começou)

“Light my fire” – The Doors
“Sonífera ilha” – Titãs
“Exagerado” – Cazuza
“Tudo azul” – Lulu Santos
“Anna’s sweater” – Two Gallants
“48 crash” – Suzi Quatro
“Wuthering heights” – Kate Bush
“More than this” – Roxy Music
“Limbo” – Bryan Ferry
“Video killed the radio star” – The Buggles
“Wishing (if I had a photograph of you)” – A Flock of Seagulls
“Somebody elses’s guy” – Jocelyn Brown
“Chain of love” – The Undertones
“London calling” – The Clash
“That’s entertainment” – The Jam
“Independence” – Gang of Four
“I’m alive” – Electric Light Orchestra
“Al Capone” – Prince Buster
“Bohemian rapsody” – Queen
“Black math” – The White Stripes
“Driving south” – Stone Roses
“Too shy” – Kajagoogoo
“In strict time” – Dave Ball
“Run Joe” – Strange Cole
“Our lips are sealed” – Fun Boy 3
“Stayin’ alive” – The Bee Gees
“Sex dwarf” – Soft Cell
“Disco inferno” – The Tramps
“Freak le bum bum” – Gretchen
“Turning japanese” – The Vapors
“Reckless” – Tilly & the Wall
“Keep on monvin’ ” – Soul II Soul
“Click click” – The Beat
“Bomboko awuti na New York” – Franco & Orchestre OK Jazz
“Automatic lover” – Dee D Jackson
“Passe em casa” – Tribalistas
“You can’t always get what you want” – The Rolling Stones

“Angie” – The Rolling Stones
“Ho fatto l’amore con me” – Amanda Lear
“Datemi un martello” – Rita Pavone
“Rock all night” – Shirley and Lee
“Sansão foi enganado” – Zeca Do Rock
“I wanna be sedated” – Ramones
“Cello song” – Nick Drake
“Refazenda” – Gilberto Gil
“Play the/that funky music” – Wild Cherry
“Family affair” – Sly & The Family Stone
“Isobel” – Björk
“I get lifted” – George McCrae
“Across the universe” – The Beatles
“Etoile des neiges” – Orchetre A.H.Depalo
“Say hello, wave goodbye” – David Gray
“Say hello, wave goodbye” – Soft Cell
“To know someone deeply is to know someone softly” – Terence Trent D’Arby
“What a man doeth” – Eric Morris
“We got the beat” – The Go-Go’s
“Hold on” – En Vogue
“Jing jing” – Shoukichi Kina
“Ayrylsa” – Ashkhabad
“Insomniac” – Kensuke Shiine
“Walking in Memphis” – Cher
“Fistfull of love” – Devendra Banhart
“Fistfull of love” – Antony and The Johnsons
“What can I do” – Antony and The Johnsons
“Love is all around” – R.E.M.
“Haiti” – The Funeral
“Tente outra vez” – Raul Seixas
“Where I’m from” – Digable Planets
“M’en voulez vous?”- Pauline Croze
“Dy-na-mi-tee” – Ms. Dynamite
“Come undone” – Duran Duran
“Keep it slammin’ ” – Square Beat
“Excuse me” – The Herbaliser
“Sweet harmony” – The Beloved
“Corro demais” – Roberto Carlos
“All I need” – My Bloody Valentine
“Green back drive” -The Christians
“Rehab” – Amy Winehouse
“You’re the one for me fatty” – Morrisey
“Believe” – Gus Gus
“What a waster” – The Libertines
“I’m so glad that I’m a woman” – Love Unlimited Oerchestra
“He is cola” – Cola Boy
“Me gusta tu” – Manu Chao
“La candela viva” – Totó la Momposina y sus Tambores
“Program ten” – Dreamies
“Ya sahib-ul- jamal” – The Sabri Brothers
“The triumph of tired eyes” – A Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra-la-la Band
“Mr. Wendal” – Arrested Development
“Just a girl” – The Pale Fountains
“Lesson 3003 part 2″ – Pizzicato Five
“Baba amar” – Raï Kum
“Rakset al Mzmar” – Movses Panossian
“Teardrops” – Womack & Womack
“Obscurity knocks” – Trash Can Sinatras
“I want you so bad” – James Brown
“Doctor Dick” – Lee Perry & The Soulettes
“Sidewalk surfin’ ” – Accordions Go Crazy
“Love” – Virgin Sleep
“I get around” – The Beach Boys

801-900

seg, 13/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

(Esta é nona parte de uma lista das 1000 músicas que fizeram este blogueiro ouvir a própria música de um jeito diferente. Para acompanhá-la desde o início, vá ao post onde tudo começou)

“The Paris match” – The Style Council
“DJ innovator” – Chubb Rock
“Everlasting love” – Andy Gibb
“Dress you up” – Madonna
“Dancing with myself” – Billy Idol
“Music” – Madonna
“Mission a Paris” – Gruppo Sportivo
“Stella Marina” – Working Week
“Intergalatic” – Beastie Boys
“My secret garden” – Depeche Mode
“Shoplifters of the world” – The Smiths
“Gossip folks” – Missy Elliot
“The seagul song” – Jesus Couldn’t Drum
“Junk” – Bronski Beat
“Fã” – Norminha
“Dirty cash (money talks)” – Stevie V.
“Rapper’s delight” – Sugarhill Gang
“Dr. Beat” – Gloria Estefan & Miami Sound Machine
“Tar baby” – Sade
“The man machine” – Kraftwerk
“Caravan” – Inspiral Carpets
“Groov’in” – Soon-e MC
“Alma não tem cor” – Karnak
“Tabla Motown” – Rachid Taha
“Butterfly” – Talvin Singh
“So what’cha want” – Beatsie Boys
“Lemon” – U2
“Entertain me” – Soft Cell
“Red guitar” – David Sylvian
“Vacanze romane” – Matia Bazar
“Baby’s got sauce” – G.Love & Special Sauce
“Another bridge” – Everything but the girl
“Pengajung” – Anneke Grönloh
“La serenissima” – DNA
“Mysteries” – Beth Gibbons & Rustin Man
“Welcome to the story” – Galliano
“Perfect” – Fairground Attraction
“That’s just what you are” – Aimee Mann
“Bureaucrat of Flaccostreet” – Urban Dance Squad
“Everything in its right place” – Radiohead
“Ride on time” – Blackbox
“Sweet Jane” – Cowboy Junkies
“Not enough time” – INXS
“Hurt so bad” – Grant Green
“Ike’s  rap II/Help me love” – Isaac Hayes
“Annie get your gun” – Squeeze
“Never stop” – Brand New Heavies
“Water ban” – Pernice Brothers
“Love rears its ugly head” – Living Color
“Listen” – Urban Species
“Dutch trance” – Ballboy
“The female of the species” – Space
“Celestial blues” – Gary Bartz
“Found that soul” – Manic Street Preachers
“Sail” – Aim
“Take your time (do it right)” – S.O.S. Band
“EMC2″ – Big Audio Dynamite
“I wann be adored” – Stone Roses
“Here comes your man” – Pixies
“Glory box” – Portishead
“The rockafeller skank” – Fat Boy Slim
“Take me out” – Franz Ferdinand
“Natural one” – The Folk Implosion
“My definition (of jazz boombastic style)” – Dream Warriors
“Sheesha” – Banco de Gaia
“Smells like teen spirit” – Nirvana
“Animal nitrate” – Suede
“In Hollywood” – Village People
“I love America” – Patrick Juvet
“Fly away” – Lenny Kravitz
“Mentira…” – Mano Chao
“Groovy train” – The Farm
“Christiansands” – Tricky
“Gasolina” – Daddy Yankee
“Human behavior” – Björk
“Ele me deu um beijo na boca” – Caetano Veloso
“You’re not alone” – Embrace
“One more time” – Daft Punk
“Idioteque” – Radiohead
“Deep” – East 17
“The space jungle” – Adamski
“Whoomp! (there it is)” – Tag Team
“Da ya think I’m sexy” – Revolting Cocks
“Sexy boy” – Air
“Blame it on the boogie” – Jackson 5
“Rush rush” – Paula Abdul
“Get the balance right” – Depeche Mode
“The glamorous life” – Sheila E
“Sweet dreams” – Eurythmics
“Eleanor Rigby” – The Beatles
“Return to yesterday” – The Lilac Time
“Helicopters of the holy ghost” – Microdisney
“Your song” – Elton John
“What difference does it make?” – The Smiths
“Kizmiaz” – The Cramps
“Party out of bounds” – The B-52′s
“Ring my bell” – Anita Ward
“Talking all that jazz” – Stetasonic
“Leysh Nat’Arak” – Natasha Atlas
“Taste in men” – Placebo

701-800

qui, 09/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

(Esta é oitava parte de uma lista das 1000 músicas que fizeram este blogueiro ouvir a própria música de um jeito diferente. Para acompanhá-la desde o início, vá ao post onde tudo começou)

“Dance and shake your tambourine” – Universal Robot Band
“With or without you” – U2
“(I’ll never be) Maria Magdalena” – Sandra
“M79″ – Vampire Weekendoi
“There’s no satisfaction” -  Trilha sonora do filme “Vampire Lesbos”
“Gira” – Vanessinha e Alessandra
“I Gotta keep dancin’ ” – Carrie Lucas
“Katarina” – Varttina
“I’ll be your mirror” – The Velvet Underground
“Billy Jean” – Michael Jackson
“Soft” – Lemon Jelly
“The drugs don’t work” – The Verve
“E daj nasval’li” – Vera Bilá
“Canto para carregar os mortos” – Vicungos
“Yok yok (jump jump)” – Viparat Piengsuwan
“We’ve been had” – The Walkmen
“Another brick in the wall (part 2)” – Pink Floyd
“Breathless” – X
“Mystery girl” – Yeah Yeah Yeahs
“Stephen Hawking” – The Year of…
“Gonul hirsizi” – Yesim Salkim
“Oochy koochy” – Baby Ford
“Sumac soratena” – Yma Sumac
“Ntombi za Nontaka” – Zondie & Sidane
“Pacific” – 808 State
“Big blue Plymouth” – David Byrne
“Just who is the 5 o’clock hero?” – The Jam
“Não quero dinheiro” – Tim Maia
“Constantly changing” – Young Marble Giants
“Drive my car” – The Beatles
“Dancing queen” – Abba
“Love plus one” – Haircut 100
“Walk this way” – Run DMC & Aerosmith
“What’s going on” – Marvin Gaye
“Non stop” – Young MC
“Do you really want to hurt me” – Culture Club
“I won’t share you” – The Smiths
“Perfect skin” – Lloyd Cole and the Commotions
“Gentlemen Vikey” – G.G. Vikey
“The look of love” – ABC
“Up on the catwalk” – Simple Minds
“Renegades of funk” – Afrika Bambaataa & Soul Sonic Force
“Changing hearts” – Polyrock
“Rodéo” – Mickey 3d
“That shits wild” – Dr Delerict
“I got a big dick” – Maurice Joshua
“Hello lover” – V.L. & The Porcj Monkeys
“Shout” – Tears for Fears
“Bachelor kisses” – The Go-Betweens
“That’s the trouble” – Grace Jones
“The best disco in town” – The Ritchie Family
“Me and my rhythm box” – Paula Sheppard
“The reflex” – Duran Duran
“When you’re young and in love” – Ralph Carter
“Fly Robin fly” – Silver Convention
“Try me, I know we can make it” – Donna Summer
“Take I’m yours” – Squeeze
“Blister in the sun” – Violent Femmes
“My hand over my heart” – Marc Almond
“Jeremy” – Pearl Jam
“Kiss” – Age of Chance
“You are my world” – The Communards
“Close to me” – The Cure
“One love” – Celi Bee
“I gotta keep dancin’ ” – Carrie Lucas
“Kangoroo” – This Mortal Coil
“If things were perfect” – James
“Ye ké ye ké” – Mory Kante
“The day before you came” – Blancmange
“The best of you” – The Associates
“Miss me blind” – Culture Club
“Cosma Shiva” – Nina Hagen
“Get ur freak out” – Missy Elliot
“99 luftbalons” – Nena
“Up up and away” – The 5th Dimension
“Fuzzbox” – We Got a Fuzzbox and We’re Gonna Use It”
“Tomorow’s just another day” – Madness
“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos” – Roberto Carlos
“No surprises” – Radiohed
“Vesúvio” – Frenéticas
“Atemporal” – Atirador Laser
“Brillant mind” – Furniture
“Poem of the river” – Felt
“Superfly guy” – S-Express
“I’m not satisfied” – Fine Young Cannibals
“Bango (to the batmobile)” – Todd Terry
“Looking for the perfect beat” – Afrika Bambaata & the Soulsonic Force
“Whisper to a scream (birds fly)” – Icicle Works
“Anselma” – Los Lobos
“The world is a circle” – Burt Bacharach (trilha sonora de “Horizonte perdido”)
“BR3 – Tony Tornado
“These boots are made for walking” – Nancy Sinatra
“In a big country” – Big Country
“Intro/Lebedik un freilach” – 3 Mustaphas 3
“Those eskimo women speak frankly” – Rip Rig & Panic
“Relax” – Frankie Goes to Hollywood
“Cherchez la Femme” – Dr. Buzzard’s Savannah Band
“Can your pussy do the dog” – The Cramps
“Eu também quero mocotó” – Jorgen Benjor
“Always returning” – Brian Eno

601-700

seg, 06/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

(Esta é sétima parte de uma lista das 1000 músicas que fizeram este blogueiro ouvir a própria música de um jeito diferente. Para acompanhá-la desde o início, vá ao post onde tudo começou)

“Beatiful people” – Malaine
“Murder ballad” – Gorky Zygotic Mynci
“Picadilly” – Squeeze
“Throwaway” – Mighty Mighty
“Ring bell, ring bell” – Miriam Makeba
“Walking in my shoes” – Depeche Mode
“Bring the pain” – Missy Elliot
“The return of the mother” – Nina Hagen
“Te voy a mostrar” – Julieta Venegas
“Revolt of the octopi” – Money Mark
“Kuluvaalilee” – Muthu
“Dime, quarter, nickel, penny” – Nappy Roots
“Secret meeting” – The National
“Kátia Flávia” – Fausto Fawcett

“Lost cause” – Beck
“Hey boy hey girl” – Chemical Brothers
“4 am at Tourmanis” – Damon Albarn & Friends
“Songbird” – Oasis
“A roller skating jam named ‘Saturdays’ ” – De La Soul
“Mr. Dante Fontana” – Piero Piccioni
“No me hagas cosquillitas” – Orquestra Almendra
“Sping in Fialta” – Slow Childen
“(end of) Travelling” – Palace
“Flash disco” – Panatda
“Jogi” – Panjabi MC
“Mustt mustt” – Nusrat Fateh Ali Kahn
“Tripoli” – Pinback
“Heimdalsgate like a promethean curse” – Of Montreal
“Mulato anti-metropolitano” – Carmem Miranda
“Do re mi” – Pizzicato Five
“If I was your girlfriend” – Prince
“Kore go watashi no ikiruchimi” – Puffy
“Faust arp” – Radiohead
“Is that love” – Squeeze
“It’s my life” – Talk Talk
“Nouveau western” – MC Solaar
“Skrika” – Oslo
“Umbrella” – Rihanna
“Odio el amor” – Rubin
“Break you off” – The Roots
“Bombom” – Rosal
“Canta comigo essa keta” – S.S.P.
“Yo gonla” – Seelenluft
“Trust in me” – Rou Dou Dou
“Uptown festival” – Shalamar
“Real real real” – Jesus Jones
“Yadghar doost” – Sharam Nazari
“Gay messiah” – Rufus Wainwright
“La le la”- Shikisha
“Banana chips” – Shonen Knife
“Subete no hito no kokoro ni hana o” – Shoukichi Kina
“Say no go” – De La Soul
“Light chair” – Shugo Tokumaru
“Track 1″ – Siamese Temple Ball
“Oscilations” – Silver Apples
“13 angels standing guard ’round the side of your bed” – A Silver Mt. Zion
“Panic” – The Smiths
“I want love” – Elton John
“Deewane to deewane hain” – Shweta
“Mike mills” – Air
“This charming man” – The Smiths
“Agora só falta você” – Rita Lee
“Karma Chameleon” – Culture Club
“Nightporter” – Japan
“Tainted love” – Soft Cell
“Mysterious ways” – U2
“Ceremony” – Joy Division
“Night fever” – The Bee Gees
“I’m free” – Soup Dragons
“Black Betty” – Spanck Rock
“Pulling mussels from the shell” – Squeeze
“Pass the dutch” – Missy Elliot
“Paranoid android” – Radiohead
“I feel love” – Donna Summer
“Didi” – Khaled
“Music sounds better with you” – Stardust
“Fool’s gold” – Stone Roses
“Love of my life” – Queen
“Strike me down” – The Reinder Section
“Walls come tumbling down” – The Style Council
“I say a little prayer” – Bomb the bass
“Round round” – Sugarbabes”
“You and I misbehaving” – Tilly & the Wall
“Bunga rampai” – Syamsudin
“Not gonna get us” – T.a.t.u.
“Fantastic cat” – Takako Minekawa
“Istanbul (not Constantinople)” – They Might Be Giants
“Space walk” – Lemon Jelly
“Antwaarpse Shaabi” – Thin of one
“Re:Disco” – Susumo Yokota
“Trans euro express” – Kraftwerk
“Tropical soul” – Tino’s Break
“Tip-toe thru the tulips with me” – Tiny Tim
“Nuthin’ but a ‘G’ Thang”- Dr. Dre
“All fired up” – Tra La La
“Nothing but flowers” – Talking Heads
“Lazy confessions” – The Moldy Peaches
“Oops (oh my) – Tweet
“Tempos modernos” – Lulu Santos
“Do you want a horse riding?” – Tycoon Tosh

501-600

qui, 02/10/08
por Zeca Camargo |
categoria Todas

(Esta é sexta parte de uma lista das 1000 músicas que fizeram este blogueiro ouvir a própria música de um jeito diferente. Para acompanhá-la desde o início, vá ao post onde tudo começou)

“Twiggy Twiggy” – Pizzicato Five
“Uva acerba” – Carmen Consoli
“No me k s-tigues” – Catherine
“Paloma” – Celeste
“The only one I know” – The Charlatans
“By my side” – Ben Harper
“Kar kar Maison” – Boubcar Traoré
“Da da da” – Trio
“Legal tender” – The B-52′s
“Mr. Tambourine man  – Bob Dylan
“Só love” – Claudinho e Buchecha
“Cocoon” – Core
“7 days” – Craig David
“Birdmad girl” – The Cure
“Girls just wanna have fun” – Cindy Lauper
“Niger” – Damon Albarn & Friends
“Blue monday” – New Order
“Millie put a gun on Santa” – De La Soul
“Sir Duke” – Stevie Wonder
“Saia de mim” – Titãs
“Cuando maavilla fui” – El Guincho
“Tip my canoe” – Dengue Fever
“C’est pas la mer a boire” – Les Négresse Vertes
“Easy to be around” – Diane Cluck
“Washington Square” – Dick Hayman & his Orchestra
“De dar dó” – DJ Dolores
“Candle chant” – DJ Krush
“Decime” – El Robot Bajo el Agua
“The dominatrix sleeps tonight” – Dominatrix
“El espejo” – El Gran Silencio
“Dance” – ESG
“Who’s that girl” – Eve
“Fascination” – Everything But the Girl
“Eray” – Faudel
“Este momento” – Federico Aubele
“Think (about it)” – The Female Preacher, Lyn Collins
“Sonajeros” – Flopa Manza Minimal
“Paid in full” – Eric B & Rakim
“Beggin’ ” – Frankie Vali & The Four Seasons
“It ain’t what you do it’s the way that you do it” – Fun Boy 3 & Bananarama
“Nothing without you” – Future Pilot A.K.A.
“Felicidad vitamina” – Gabo
“Windowlicker” – Aphex Twin
“Penthouse and pavement” – Heaven 17
“Last kind of world blues” – Geechie Wiley
“Faith” – George Michael
“Delivery” – Babyshambles
“Latin Simone” – Gorillaz
“Jesus of suburbia” – Green Day
“Look at his face” – Handsome Boy Modeling School
“Shared islands” – High Places
“Fango” – Jovanotti
“Forbidden” – Hipsway
“Love will tear us apart” – Joy Division
“Mathar” – Indian Vibes
“God save the queen” – Sex Pistols
“I want some fun” – Jay-Jay Johanson
“Don’t do sadness” – elenco de “Spring awakening”
“Rio abajo” – Jorge Dexler
“On fire” – Ka’au Crater Boys
“Kahimi au telephone” – Kahimi Karie
“For Ketut” – Mani Neumeier & Peter Holliger
“Vacances à l’hopital” – Katerine
“Yo no soy jaquí” – Manuel Donayre
“Baba baby” – Kelly Key
“Flesh” – Ken Nordine
“Scar tissue” – Red Hot Chili Peppers
“The love of Richard Nixon” – Manic Street Preachers
“Good vibrations” – Marky Mark and the Funky Bunch
“Good vibrations” – Beach Boys
“O Superman” – Laurie Anderson
“Elements” – Lemon Jelly
“Birdhouse in your soul” – They Might Be Giants
“Sunday morning” – The Velvet Underground
“Mr your on fire mr” – Liars
“The bit in the woods” – Lucky Pierre
“Aftermath” – Lily & Maria
“Funkytown” – Lipps Inc.
“Mr. Intentional” – Lauryn Hill
“Imposible things #2″ – Looper
“Demolición” – Los Saicos
“Anger management” – Lovage
“Hangin’ on the telephone” – Blondie
“Just like Christmas” – Low
“We hate it when our friends become successful” – Morrisey
“Galang” – M.I.A.
“Sexual healing” – Marvin Gaye
“Índios” – Legião Urbana
“Kulun Mankwalesh” – Mahmoud Ahmed
“Buffalo gals” – Malcolm McLaren
“Chain gang” – Matumbi
“Adesso stop” – Max Gazze
“Old Paul” – MC Paul Barman
“Disculpame” – La Portuaria
“(título desconhecido/Cambodia Cassete Archives)” – Meas Simon
“Gypsie good time” – Kid Loco
“Ina mina dika” – Kishore Kumar
“Novidades” – Lady Zu
“Dream of you” – Me Phi Me
“You got what you got” – Lashio Thein Aung