Da crueldade

qui, 28/02/13
por Paulo Coelho |
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As tentativas de autodestruição – como a culpa, o ciúme, a inveja, etc – devem ser tratadas com rigor.

Um pensamento negativo nos causa muito  mal, mas sem um sinal de alarme, não percebemos o dano.

Os leitores de “O diário de um mago” vão me perdoar, por repetir aqui o que já conhecem: “o exercício da crueldade”.

Sempre que pensarmos algo negativo, devemos cravar a unha do indicador na raiz da unha do polegar, causando uma dor intensa. Nos concentramos nesta dor, até o pensamento passar. Repetiremos isto todas as vezes que estes pensamentos voltarem.

Colocando no plano físico a dor astral, temos a exata noção da crueldade que cometemos conosco mesmos. E passamos a evitar a negatividade.

Da refeição

qua, 27/02/13
por Paulo Coelho |
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A refeição é um ritual universal de comunhão com Deus. Grande parte dos ensinamentos de Jesus se passou ao redor de uma mesa – inclusive a Eucaristia, o momento mais importante da sua vida.

No Japão, a cerimônia do chá é utilizada para purificar o corpo e o espírito.

Platão utiliza o banquete como um artifício para os seus ensinamentos, e as religiões afro-brasileiras usam a comida como uma maneira de comunicar e agradar os orixás.

O Rei Arthur reunia seus cavaleiros em torno de uma mesa redonda, que marcava a igualdade na busca espiritual.

A mesa é um símbolo. A comida é uma benção, que – infelizmente – muitos seres humanos não têm acesso. Aproveite isto, e tente dar um sentido sagrado a sua refeição.

Das 24 horas

ter, 26/02/13
por Paulo Coelho |
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As próximas 24 horas vão ser de fundamental importância na sua vida.

Esqueça o que você foi no passado. Isto não conta, porque estes momentos já foram vividos e estão na memória do tempo. Mesmo que você conheça suas outras encarnações, ou tenha descoberto a pista para solucionar traumas infantis, esqueça o passado.

Esqueça o futuro. Primeiro, porque Deus tem sua própria maneira de escrever nossos destinos, e não adianta tentar adivinhar o que passa em Sua cabeça. Segundo, porque – até o dia de amanhã – você só tem 24 horas para viver.

Tenha coragem de aproveitá-las, fazendo coisas que você sempre quis. É para isto que você está no mundo. É para isto que Deus lhe dá, todos os dias, às 24 horas mais importantes de sua vida.

Do alfabeto

seg, 25/02/13
por Paulo Coelho |
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As pessoas podem frequentar a igreja e acreditar em Deus, mas isto não significa uma relação íntima com o Universo Espiritual. Existe uma linguagem que está além das palavras rituais.  Na maior parte do tempo, Deus procura falar diretamente com cada um, através de palavras que só nós podemos entender.

Para isto, é necessário escutar nosso coração. Se acreditamos em milagres, eles acontecem. Se – entretanto – queremos que primeiro a razão nos explique porque os milagres existem, nunca chegaremos a presenciá-los. Os  milagres precisam da força da fé para se tornarem possíveis.

Do espelho

dom, 24/02/13
por Paulo Coelho |
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Antes de partir para uma longa viagem, o comerciante foi despe­dir-se da  mulher.
- Você nunca me deu um presente a minha altura. – disse ela.
-  Mulher ingrata, tudo que lhe dei me custou anos de trabalho – respondeu o homem. – O que mais poderia lhe dar?
- Algo que fosse tão belo como eu.
Durante dois anos a mulher esperou seu presente. Finalmente, o comerciante regressou.
- Consegui encontrar algo que fosse tão belo como você – disse ele.
- Chorei com sua ingratidão, mas resolvi cumprir seu desejo. Pensei todo este tempo no que seria um presente tão belo quanto você, mas terminei encontrando.
E estendeu para a mulher um pequeno espelho.

Do sexo

sáb, 23/02/13
por Paulo Coelho |
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Ann Morrow Lindbergh (Gifts of The Sea) fala do encontro sex¬ual:

“Quando o coração está cheio de entusiasmo, não há mais espaço para o medo, para a dúvida, ou para a hesitação. E é justamente a falta de medo que permite a dança e os movimentos livres do corpo. Nestas horas, o amor é tão intenso que nos esquecemos completamente de perguntar se estamos recebendo o mesmo amor que damos. O que nos interessa é dançar – sem música, sem luzes, mas com ritmo”.

E Foucault (The Story of Sexuality) completa:

“Na arte do amor físico, a verdade nasce do prazer, é entendida pela prática, e se acumula através da experiência. O prazer não é governado por leis, e – por isso mesmo – consegue tocar a alma e o corpo com suas mãos invisíveis”.

Do medo e desejo

sex, 22/02/13
por Paulo Coelho |
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Ana Sharp, autora de “A magia do caminho real”(Ed. Rosa dos Tempos), e responsável por acompanhar Shirley Maclaine no Caminho de Santiago, me diz certa noite:

“O medo é o desejo oculto. Inconscientemente, passamos a vida tentando provar que nossos pais estavam certos, porque eles nos deram a coisa mais importante: o amor. Mas deixaram marcas de seus próprios temores; e nós, para não destruir a imagem de pessoas poderosas que foram, terminamos deixando que estes medos sejam transferidos para nós”.

“Só perdi o medo de avião quando, na véspera de certa viagem, pensei comigo mesma: tenho este pânico porque meu pai tinha medo, e eu não posso aceitar que estivesse errado”.

“É preciso ficar com as coisas boas do passado, mas livrar-se dos temores irracionais. Hoje, quando me defronto com qualquer medo, troco a palavra por desejo e pergunto: por que estou desejando isto? E o medo/desejo se afasta normalmente”.

Das duas colunas

qui, 21/02/13
por Paulo Coelho |
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A tradição mágica usa um templo chamado “Templo da Sabedoria” para resumir e simplificar uma série de ensinamentos. A porta deste templo é ladeada por duas colunas: o “Rigor” e a “Misericórdia”.

Saber o tempo de ser duro e o tempo de ter compaixão. O tempo da disciplina interior, e o tempo de relaxar e deixar que o universo comande a vida. O tempo de ser justo, e o de ser generoso.

Um mestre compara as duas atitudes: “às vezes somos a vela, às vezes somos o leme do barco da vida”. Em ambos os casos, a presença de Deus é indispensável: Ele sopra a vela, para que andemos mais rápido; Ele move o leme, para que o barco não se arrebente nos rochedos.

Do travesseiro

qua, 20/02/13
por Paulo Coelho |
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Uma leitora desta coluna me conta uma pequena história, que desenvolvo um pouco com a ajuda da imaginação.

Ela passeava certa tarde pelo Largo de São Francisco, em São Paulo, refletindo sobre sua vida. Pensava que na maior parte das vezes dava mais do que as pessoas mereciam receber.

Um mendigo aproximou-se. Mesmo achando que estava sendo generosa demais com os outros, deu uma esmola.

O mendigo sorriu e comentou:

“Filha, não se incomode em ser o travesseiro de alguém. Sempre existirá em sua vida uma pessoa que dormirá, ou sonhará, ou terá pesadelo sobre suas emoções e sentimentos. Apenas reflita se o peso da cabeça merece ser suportado”.

“Continuei meu caminho”, diz a leitora. “Mas antes de voltar para casa, comprei uma fronha nova”.

De dizer não

ter, 19/02/13
por Paulo Coelho |
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As palavras mais importantes em todas as línguas são palavras pequenas.

“Sim”, por exemplo. “Amor”. “Deus”. São palavras que saem com facilidade, e preenchem espaços vazios em nosso mundo.

Entretanto, existe uma palavra – também muito pequena – que temos dificuldade em dizer: “não”.

E nos achamos generosos, compreensivos, educados. Porque o “não” tem fama de maldito, egoísta, pouco espiritual.

Cuidado com isto. Há momentos em que – ao dizer “sim” para os outros, você está dizendo “não” para si mesmo.

Todos os grandes homens e mulheres do mundo foram pessoas que, mais do que dizer “sim”, disseram um “NÃO” bem grande  a tudo que não combinava com um ideal de bondade e crescimento.

Jamais diga um “sim” com os lábios, se seu coração diz “não”.