A velhice e a morte

sáb, 31/07/10
por Paulo Coelho |
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Quando ficamos velhos, e estamos perto da morte, passamos a acreditar em qualquer coisa. Podemos durar mais cinco, dez, vinte anos – entretanto, com esta idade a gente termina entendendo que vai morrer.

Para os mais jovens, a morte é uma ideia remota, que pode acontecer um dia. Para os velhos, é algo que pode vir amanhã. Por isso, muitos velhos passam o tempo que lhes sobra olhando apenas numa direção: o passado.

Não é que gostem muito das lembranças; mas sabem que ali não vão encontrar o que temem.

Poucos velhos olham para o futuro, e quando fazem isso, descobrem o que o futuro realmente lhes reserva: a morte.

Do desânimo

sex, 30/07/10
por Paulo Coelho |
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Um guerreiro da luz muitas vezes sente-se desanimado. Acha que nada do que faz está dando resultado, que suas tarefas são repetitivas, e que não tem a emoção que ele esperava despertar.

Muitas tardes e noites ele é obrigado a ficar sustentando uma posição conquistada, sem que nada de novo aconteça. Seus amigos comentam: “talvez sua luta já tenha terminado. É
melhor partir para uma outra atividade, e deixar de lado estes sonhos da infância – porque você não vai conseguir”.

O guerreiro sente dor e confusão ao escutar estes comentários. Mesmo assim, não abandona o que decidiu fazer; sabe que em
breve uma nova porta se abrirá, e ele vai poder seguir adiante.

Da velocidade

qui, 29/07/10
por Paulo Coelho |
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Um guerreiro da luz nunca tem pressa. O tempo trabalhará a seu favor, se conseguir dominar a impaciência e evitar gestos impensados.

Andando devagar, ele nota a firmeza de seus passos. Sabe que participa de um momento decisivo para a história da humanidade,  e precisa mudar a si mesmo antes de querer transformar o mundo. Por isso lembra-se das palavras de Lanza del Vasto: “uma revolução precisa de tempo para se instalar”.

Pouco a pouco, o guerreiro muda sua vida. Começa com coisas aparentemente pequenas, e vai gradualmente enfrentando desafios maiores.

Um guerreiro da luz nunca colhe o fruto enquanto ele ainda está verde.

As cinco leis da vitória

qua, 28/07/10
por Paulo Coelho |
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A Lei Moral: É preciso lutar do lado certo, e por isso venceremos.

A Lei do Tempo: Uma guerra na chuva é diferente de uma guerra ao sol, uma batalha no inverno é diferente de uma batalha no verão.

A Lei do Espaço: Uma guerra no desfiladeiro é diferente de uma guerra no campo.

A Lei da Escolha: O guerreiro sabe escolher quem lhe dá conselhos, e quem vai ficar ao seu lado durante o combate. Um chefe não pode cercar-se de covardes ou traidores.

A Lei da Estratégia: A maneira como se planeja a luta.

Aprendemos a lutar, estamos fortalecidos pela luta, e conseguimos a fórmula. Os guerreiros valentes jamais perdiam uma batalha – e a lenda dizia que usavam cinco leis de vitória.

Canalização

seg, 26/07/10
por Paulo Coelho |
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Uma maneira de se comunicar com o mundo invisível é a canalização.

Quantas vezes olhamos pessoas dentro de carros nos engarrafamentos, conversando sozinhas, sem perceber que executavam um dos mais sofisticados processos de magia! Diferente da mediunidade, que exigia uma certa perda de consciência durante o contato com os espíritos, a canalização é o processo mais natural que o ser humano usava para mergulhar no desconhecido. É o contato com o Espírito Santo, com a Alma do Mundo, com os Mestres Iluminados que habitavam lugares remotos do Universo. Não é preciso ritual, nem incorporação, nem nada. Todo ser humano sabe, inconscientemente, que existe uma ponte para o invisível ao alcance de suas mãos, pela qual ele pode trafegar sem medo.

E todos os homens tentam, mesmo que não se dessem conta. Todos se surpreendem dizendo coisas que nunca pensaram, dando conselhos do tipo “não sei por que estou dizendo isto”, fazendo certas coisas que não combinavam muito.

E todos gostam de ficar olhando os milagres da natureza – uma tempestade, ou um pôr-do-sol, prontos para entrar em contato com a Sabedoria Universal, pensar em coisas realmente importantes.

Da verdadeira obediência

seg, 26/07/10
por Paulo Coelho |
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Abu Muhammad al-Jurayry costumava dizer: “a religião possui dez tesouros, que nos enriquecem. São cinco interiores e cinco exteriores. Todos aqueles que seguem o caminho espiritual devem estar conscientes disso.”

“Eis os tesouros interiores: capacidade de ser verdadeiro, despreocupação com os nossos bens, humildade na aparência, equilíbrio para evitar dificuldades com os outros e força para suportar nossa adversidade.”

“Eis os tesouros exteriores:  descobrir um Amor supremo, despertar o desejo de estar junto a esse Amor, ter inteligência para ver as próprias faltas, abrir a consciência da vida e ser grato pelas bênçãos.”

Do monumento

dom, 25/07/10
por Paulo Coelho |
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“Veja que monumento interessante”, diz Robert.

O sol do final de outono começa a descer. Estamos em Saäsbruck, na Alemanha.

“Não vejo nada”, respondo. “Apenas uma praça vazia”.

“O monumento está debaixo de seus pés”, insiste Robert.

Olho para o chão: o calçamento é feito de lajes iguais, sem nenhuma decoração especial. Não quero decepcionar meu amigo, mas não  consigo ver nada demais naquela praça.

Robert explica:

“Chama-se ‘O Monumento Invisível’ . Gravado na parte de baixo de cada uma destas pedras existe o nome de um lugar onde judeus foram mortos. Artistas anônimos criaram esta praça durante a II Guerra, e iam acrescentando as lajes à medida que novos locais de extermínio eram denunciados. Mesmo que ninguém visse, aqui ficava o testemunho.”

Atenção ao minuto

sáb, 24/07/10
por Paulo Coelho |
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Lao Tzu disse que no decorrer de nossas vidas, devemos nos desligar da ideia de dias e horas, para prestar somente atenção ao minuto.

Assim fazendo, conseguiremos resolver nossos problemas antes que eles aconteçam. Se prestarmos atenção às pequenas coisas, teremos mais condição de nos resguardarmos das calamidades.

Isto não significa dizer que nossa vida deva ser uma preocupação constante. E pensar nas pequenas coisas não significa pensar pequeno. Uma preocupação exagerada termina eliminando qualquer traço de alegria em nossas vidas.

O que Lao Tzu enfatiza é a importância do detalhe: uma grande aspiração é composta de milhares de coisas diferentes, assim como a luz do sol é a soma de seus milhões de raios.

Restaurando a teia

sex, 23/07/10
por Paulo Coelho |
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Em New York, vou tomar chá no final da tarde com uma artista bastante incomum. Ela trabalha num banco em Wall Street, mas certo dia teve um sonho: precisava ir a doze lugares do mundo, e em cada um destes lugares, fazer um trabalho de pintura e escultura na própria natureza.

Por enquanto, já conseguiu realizar quatro destes trabalhos. Ela me mostra as fotos de um deles: um índio esculpido em uma caverna na Califórnia. Enquanto aguarda os sinais através dos sonhos, continua trabalhando no banco – assim consegue dinheiro para viajar e realizar sua tarefa.

Pergunto por que faz isto.

- Para manter o mundo em equilíbrio – responde. -  Pode parecer bobagem, mas existe alguma coisa tênue, unindo todos nós, e que podemos melhorar ou piorar à medida que vamos agindo.  Podemos salvar ou destruir muita coisa com um simples gesto que às vezes parece absolutamente inútil.

“Pode até ser que meus sonhos sejam bobagem, mas não quero correr o risco de não seguí-los: para mim, as relações entre os homens são iguais a uma imensa e frágil teia de aranha. Com meu trabalho, estou tentando remendar alguma parte desta teia”.

Seja você, não procure ser o seu próximo

qui, 22/07/10
por Paulo Coelho |
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Acalme seu espírito, e busque de novo a fonte de onde tudo nasce, removendo qualquer vestígio de maldade ou egoísmo. Se você ficar muito preocupado em descobrir o que há de bom ou de mau em seu próximo, irá esquecer de sua própria alma, e será exaurido e derrotado pela energia que gastou ao julgar os outros. A vida é uma manifestação de amor, e um guerreiro deve estar mais concentrado em promover a paz do que em provocar o combate.