Noites do Norte

seg, 28/11/11
por Bruno Medina |

Boa notícia! Valeu muito a campanha de vocês! Reproduzindo o comunicado da página oficial do Los Hermanos no Facebook:

“Estamos atentos a todas as campanhas de pedidos de mais shows na internet. Mas, por conta dos compromissos dos integrantes da banda, é muito difícil estender o período das apresentações; temos apenas os meses de abril e maio para todos ensaios e os shows.

Mas as campanhas de duas cidades foram tão intensas, foram tantos os pedidos, que a banda pediu para encaixarmos mais duas datas no roteiro.

É com muita alegria que confirmamos os shows do Los Hermanos em Manaus e Belém em abril do ano que vem!

Ainda há a possibilidade de conseguirmos mais uma cidade para fecharmos a turnê e avisamos muito em breve por aqui.”

 

Então as datas ficaram assim, por enquanto:

20.ABR > Recife

21.ABR > Fortaleza

27.ABR > Manaus

28.ABR > Belém

05.MAI > Brasília

06.MAI > Salvador

11.MAI > São Paulo

12.MAI > Porto Alegre

19.MAI > Belo Horizonte

26.MAI > Rio de Janeiro

Datas da turnê

qua, 23/11/11
por Bruno Medina |

Pessoal, segue a lista contendo as datas nas quais tocaremos em cada uma das cidades durante a turnê do ano que vem:

Recife – sexta, 20 de abril
Fortaleza – sábado, 21 de abril
Brasília – sábado, 5 de maio
Salvador – domingo, 6 de maio
São Paulo – sexta, 11 de maio
Porto Alegre – sábado, 12 de maio
Belo Horizonte – sábado, 19 de maio
Rio de Janeiro – sábado, 26 de maio

Apesar de alguns locais já estarem definidos, ainda existem algumas pendências, portanto esperaremos a confirmação desta informação para só então publicá-la. Nossa intenção é fazê-lo tão logo seja possível.

Novas informações na página do Los Hermanos no Facebook ou no meu perfil no Twitter

Ainda sobre os shows

seg, 21/11/11
por Bruno Medina |

Não tenho como deixar de registrar publicamente minha satisfação por ter recebido ao longo desta semana tantas manifestações entusiasmadas em função dos shows do ano que vem. Para se ter uma ideia a que me refiro, o post anterior, que menciona a turnê, recebeu mais de 2.000 comentários, um recorde absoluto para este blog e, possivelmente, até para o G1 ao longo de seus quase 5 anos de existência. Na página oficial da banda no Facebook, caminhamos para 50.000 confirmações de presença nas apresentações, um número, no mínimo, impressionante.

Todo esse carinho recebido nos faz ter a certeza de que o empenho para viabilizar esta turnê será recompensado com shows memoráveis, arrisco até dizer, os encontros mais gratificantes e significativos que teremos com nosso público. Ao ler o que vocês escreveram (sim, sou eu mesmo quem libera os comentários do blog), notei que são muitas as solicitações para que toquemos em cidades específicas, sobretudo Belém, Manaus, Curitiba, São Luis, Vitória, e tomei conhecimento de que alguns destes lugares já contam com iniciativas de mobilização em prol da inclusão de tais capitais em nosso roteiro. O que posso dizer no momento é que não existe nada acordado sobre uma possível extensão da turnê, mas isto não me parece definitivo ainda.

Como não poderia deixar de ser, há também nos comentários perguntas sobre se estes shows representam ou não uma “volta” da banda e se existem planos para lançamento de um quinto disco em breve. Alguns vão além e questionam o por quê de se fazer uma turnê se não dispomos de músicas novas para apresentar. Tratam-se de dúvidas compreensíveis, portanto vou tentar esclarecê-las de uma vez:

Escrevi acima “volta” entre aspas porque acho curiosa a noção de tempo que algumas pessoas tem, como se este fosse palpável e retilíneo, como se a vida seguisse um roteiro previsível ou programável: quando, por exemplo, amigos de longa data permanecem dois, três anos sem se encontrar, por, digamos, morarem em cidades distantes, isso significa que a amizade deles “terminou” durante esse período? E então se conseguem estar juntos por um final de semana que seja, isso significa que a amizade deles “voltou”?  O Los Hermanos não “foi” ou “voltou”. Ao longo destes 6 anos em que não lançamos discos ou tivemos uma rotina atribulada de shows –como foi costume por mais de uma década– nos dedicamos a outros projetos, alguns pessoais, outros profissionais, considerando que esta era uma manobra necessária para evitar a saturação de nossa convivência, o que de fato poderia interferir não só na qualidade artística do que produzíamos como também em nossa amizade.

Se hoje podemos nos orgulhar de ter ao menos dois discos apontados como sendo dos mais relevantes lançados no país nos anos 00, não é por acaso, é reflexo do comprometimento que sempre tivemos ao criar nossas músicas. O processo de feitura de um disco do Los Hermanos nunca se deu em menos de 6 meses, portanto por aí já se nota a dedicação e o tempo que a empreitada exige para estar a altura do parâmetro de qualidade que estabelecemos. De certa forma, também me parece um pouco infundada esta associação direta que se faz entre shows e disco novo, como se um não pudesse ocorrer sem o outro. Se os leitores puxarem um pouquinho pela memória, vão se dar conta de como é comum a bandas nacionais e internacionais com um pouco mais de história privilegiar maciçamente em suas apresentações sucessos da carreira, ao invés de músicas de seus discos mais recentes. Se fosse para chutar um número, numa apresentação de, supondo, 30 músicas, diria que o comum seria tocar de 3 a 4 canções novas, isso quando muito.

Mas se ainda assim restarem dúvidas sobre que argumentos amparam essa turnê, acrescento mais um, talvez o mais importante de todos; quero dizer que sempre será um privilégio estar junto desses caras que conheço desde os 19 anos, com quem dividi os momentos mais intensos, surpreendentes e prazerosos da minha vida. Qualquer chance que houver de tocar com eles, ainda que seja ao relento, numa madrugada fria, chuvosa e para as moscas, será considerado por mim uma honra. Quando olho em retrospectiva para o que se passou nesses últimos 15 anos, agradeço a sorte que tivemos ao nos esbarrar na faculdade, entre uma aula e outra, e por termos tido, a partir daí, a oportunidade de construir juntos algo que até hoje desperta tanta comoção. Se isso não é suficiente para justificar esses shows, bem, que seja pelas quase 50.000 pessoas que até o momento nos fazem pensar que sim.

Em 2012…

ter, 15/11/11
por Bruno Medina |

Reconheço que, faz uns bons dias, venho pensando sobre a melhor maneira de começar a redigir este post que vocês agora leem; e não era para menos, afinal a mim foi delegada a delicada missão de tornar pública uma notícia que com certeza deixará muitos queixos caídos por aí, a começar pelo meu próprio. Sim, apesar das circunstâncias me envolverem diretamente, foi com surpresa que presenciei o encadeamento de uma série de felizes coincidências, sem as quais nada do que tenho para contar a vocês teria sido possível. Bom, acho que já fiz suspense o suficiente, portanto hora de parar de encher linguiça e ir logo ao que importa. É com enorme satisfação, um certo frio na barriga e a expectativa de despertar alguns sorrisos Brasil afora que anuncio: 2012 será ano de turnê do Los Hermanos!

É bem verdade que não será, assim, uma daquelas turnês muito extensas, com meses de duração, mas ao menos uma sequência considerável de apresentações, que nos darão a chance de mais uma vez estar no palco juntos, bem como de reencontrar o público de cidades queridas que já fazem parte de nossa história, algumas das quais há muito não visitávamos. Os shows vão ocorrer entre abril e maio e coincidirão com o 15o aniversário de formação da banda. Estamos realmente muito felizes por ter conseguido viabilizar essa turnê, sobretudo no ano em que comemoramos um evento tão significativo.

Para quem ficou curioso, prometo em breve trazer notícias sobre datas e locais das apresentações, assim como dos pontos de venda dos ingressos. As novidades sairão em primeira mão aqui mesmo no blog, no meu twitter e na página oficial do Los Hermanos no Facebook. Por ora, posso adiantar apenas que em breve estaremos nas seguintes cidades:

 

Recife

Fortaleza

Belo Horizonte

Salvador

Brasília

São Paulo

Porto Alegre

Rio de Janeiro

 

E então, o que vocês me dizem?

Bem-vindo ao clube

seg, 07/11/11
por Bruno Medina |

Um baita susto deve ter tomado o rapper paulistano Criolo na noite do último sábado, ao receber a notícia de que um trecho da versão que fez para “Cálice” fora entoado por ninguém menos do que Chico Buarque, o próprio autor da música, no show de estreia da sua turnê. Como bem se sabe, além de pouquíssimo ou nada afeito a entrevistas e exibições ao vivo, o discreto e a cada dia menos frequente intérprete e compositor não costuma expressar gostos ou opiniões sobre coisa alguma, o que por si só reforça o caráter extraordinário do acontecido:

Era como se o camarada dissesse: “Bem-vindo ao clube, Chicão, bem-vindo ao clube. Valeu, Criolo Doido! Evoé, jovem artista. Palmas pro refrão do rapper paulista.” , versou Chico antes de cantar a letra alternativa criada para um de seus maiores sucessos: “Pai, afasta de mim a biqueira/ afasta de mim as ‘biate’/ afasta de mim a ‘cocaine’/ pois na quebrada escorre sangue”.

Antes de aprofundar a polêmica inerente à homenagem prestada, cabe lembrar que, há coisa de duas semanas, Criolo já havia sido prestigiado por Caetano, que o acompanhou na interpretação de “Não existe amor em SP” durante o VMB, premiação anual de clipes transmitida pela MTV. Dessa maneira, o jovem cantor conseguiu alcançar a façanha de, num punhado de dias, ter seu trabalho publicamente reconhecido por dois dos mais emblemáticos nomes da música popular brasileira, o que, convenhamos, seria motivo de orgulho para qualquer artista.

Assim deve ter sido para a equipe Furacão 2000, que há exatos dez anos teve o mega hit “Tapinha não dói” incluído no repertório da turnê “Noites do Norte”. Na ocasião, Caetano respondeu às vaias recebidas em algumas cidades alegando não compreender a razão pela qual Adriana Calcanhotto, Rita Lee e Fernanda Abreu podiam cantar incólumes o batidão, ao passo que apenas ele era repudiado por fazê-lo; quando perguntado sobre por que insistia na inusitada escolha, alegou divertir-se com as manifestações contrárias, considerando tratar-se de uma estratégia infalível para afastar de suas apresentações os chatos.

Em comum, ambos os episódios têm o fato de representarem tentativas de romper a bolha de erudição que costuma se estabelecer em torno de nossos artistas mais renomados, como se a qualidade de suas obras fosse uma sentença que os condenasse a viver isolados da música produzida pelos reles mortais, que são todos os outros. A ideia defendida por muitos, de que o som da periferia é algo necessariamente menor, que não deveria associar-se ao que se convencionou chamar de MPB, não só denota preconceito como contraria a essência da verdadeira identidade musical brasileira, que sempre foi de miscigenação.

Certamente não faltará quem diga que, ao evocar as rimas de um rapper, Chico busca desviar os holofotes de sua vida amorosa, ou, quem sábe, até do desempenho de sua irmã frente ao ministério da cultura. Dentre os que na web se antecipam em defender ou atacar a inesperada citação –procurando justificar seus argumentos através de explicações mirabolantes– difícil é encontrar quem aposte na tese mais plausível, a de que Chico ouviu a versão de Criolo, encantou-se por ela e decidiu cantá-la num show, apenas motivado por seu apreço.

A despeito das inúmeras leituras que este fato ainda pode vir a assumir, quero destacar uma específica, que me parece ser a mais interessante de todas: afinal, que clube seria esse do qual Chico se sentiu convidado por Criolo a fazer parte?

Ame-o ou deixe-o

ter, 01/11/11
por Bruno Medina |

Lembro-me como se fosse hoje daquela tarde em 2002, quando um amigo me apresentou com orgulho a novidade que acabara de trazer de Nova York. O pequenino e pretensioso objeto era mesmo uma beleza; a começar pela aparência, surpreendentemente harmônica e descomplicada, sobretudo considerando o alcance da revolução que seus criadores ambicionavam. Antes ainda de manusear aquela verdadeira jóia da tecnologia, fui obrigado a dar o braço a torcer para o amigo convencido: “como conseguimos viver até hoje sem ter isso?! Eu preciso de um iPod já!”, exclamei.

Apenas quem testemunhou a era pré-digital da música tem ideia do quão impensável e libertadora soava à época a possibilidade de carregar dentro do bolso uma parte considerável de seus discos prediletos, uma vez que passava a estar ao alcance de qualquer um a total autonomia musical. Entenda-se por isso que, a partir daquele momento, sentenciava-se o fim das disqueteiras (e consequentemente do binômio variedade musical x volume e peso a ser carregado), da tortura que era a função shuffle limitada a um só disco e do próprio conceito de álbum. Indo um pouco além, os mais entusiasmados com a novidade chegaram a apostar que o próprio sistema radiofônico entraria em colapso, afinal, qual o sentido de ouvir uma programação musical imposta por alguém se você mesmo pode criar a sua, certo?

Os anos se seguiram e o iPod sagrou-se como o grande propulsor desta radical transformação ocorrida na maneira como lidávamos e consumíamos música antes de sua existência. Se hoje meninos de 15 anos possuem em seus laptops bibliotecas musicais tão extensas que nem o prazo de duas vidas seria suficiente para desvendá-las, devem agradecê-lo. Também é mérito dele se hoje podemos desfrutar – por horas a fio e ao simples toque de um botão – das mais esdrúxulas e inusitadas combinações de repertório, ou até mesmo se agora temos estações de rádio menos arrogantes e mais comprometidas com a qualidade e a relevância do que tocam.

Apesar do incontestável protagonismo dos MP3 players na última década – desempenhando o papel de precursores desta nova ordem musical que se estabeleceu – sinto que devo confessar o que já percebi faz tempo: eu enchi o saco do meu iPod. Simples assim. Não é o caso de almejar um aparelho mais moderno, de outra cor ou com mais gigabytes, pelo contrário. Minha questão é puramente filosófica, uma genuína saturação em relação a esse modelo vigente, que estabelece o iPod como interface principal para se acessar música.

Primeiro porque, convenhamos, para se ter um bom iPod, é preciso adicionar com frequência novas músicas, e isso dá trabalho, e também preguiça. Fora que só o fato de possuir um desses bichinhos já implica nessa angustiante obrigação de conhecer e possuir todo o acervo musical da história da humanidade. Segundo, porque dispor de milhares de músicas é inútil se a imensa maioria delas ficará para sempre relegada a escanteio, sem mencionar aquelas tantas que começam a tocar e já são trocadas pela faixa seguinte, na incessante busca por sei lá o quê. Sinceramente, faz muito mais sentido ter 50 discos e conhecê-los a fundo do que ter 500 e nunca tê-los ouvido. Terceiro (e mais curioso), como eu poderia imaginar que iria sentir saudade de ter alguém escolhendo o que ouço? É isso mesmo, minha gente, agora percebo que ao longo do tempo me cansei da seleção uniformemente variada do shuffle e de sua vã tentativa de emular o acaso, tendo passado a preferir o mix da vida real, que sempre foi e ainda é o rádio.

Do alto de meu suposto saudosismo, prevejo um futuro onde a capacidade de armazenar informação, a versatilidade e as opções de customização destas geringonças chegarão a tal ponto que o ato de passar uma tarde apreciando um único disco, de um único artista, será considerado contravensão ou loucura. Não me espantarei, portanto, se nos próximos anos presenciarmos uma volta as origens, a fim de recuperar o verdadeiro e há muito esquecido prazer de se ouvir e apreciar música. Ou não?