Eleições 2024 em Pernambuco

Por Pedro Alves, Fernanda Soares*, g1 PE


Pré-candidatos a prefeito do Recife nas eleições 2024 — Foto: g1 PE e TV Globo

As convenções partidárias para as eleições municipais de 2024, quando são lançados oficialmente os candidatos, só podem acontecer entre 20 de julho e 5 de agosto, mas, no Recife, alguns pré-candidatos já foram lançados pelos partidos e federações.

Confira, a seguir, o raio-x dos pré-candidatos, em ordem alfabética:

Dani Portela (à direita), pré-candidata à Prefeitura do Recife pela federação PSOL/Rede, e Alice Gabino, pré-candidata a vice-prefeita — Foto: Artur Ferraz/g1

Deputada estadual em primeiro mandato, Dani Portela (PSOL) concorre ao cargo de prefeita pela primeira vez. Nas últimas eleições municipais, em 2020, foi a vereadora mais bem votada do Recife, com 14.114 votos.

Dois anos depois, concorreu a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), sendo eleita com 38.215 votos. Ela também já foi candidata ao governo de Pernambuco, em 2018, ficando em terceiro lugar na disputa.

Alianças: apenas a federação PSOL/Rede

Vice-prefeita: Alice Gabino (Rede)

Bandeiras defendidas: ligada à esquerda e aos movimentos sociais, Dani Portela defende bandeiras como os direitos das mulheres e pessoas LGBTQIA+, pautas antirracistas, movimentos de luta pela moradia e o movimento sindical.

Polêmicas: lançada como pré-candidata pelo diretório municipal da federação PSOL/Rede, a candidatura de Dani Portela enfrenta uma divergência porque a instância municipal da Rede lançou o nome do deputado federal Túlio Gadêlha (Rede).

O partido também disse que não reconhece a decisão da federação e afirmou que o diálogo para definição da candidatura na capital pernambucana "deve ser feito nacionalmente".

No Instagram, Túlio Gadêlha chegou a postar que a candidatura de Dani Portela seria incentivada pelo PSB, partido do prefeito João Campos, como forma de tentar barrar a candidatura dele.

Em resposta, Dani Portela disse que Túlio Gadêlha "rasga o estatuto da federação, desrespeitando todas as decisões colegiadas, numa tentativa de ter seu desejo atendido a qualquer custo", e o acusou de racismo e machismo ao "chamar toda a minha trajetória de candidatura laranja".

Daniel Coelho em imagem de arquivo — Foto: Reprodução/TV Globo

Ex-secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, ele pediu para deixar o cargo no início do mês, no último dia do prazo de desincompatibilização, que é o período permitido pela Justiça Eleitoral para quem vai disputar um cargo eletivo.

Em abril, ele, que era filiado ao Cidadania, se filiou ao PSD e, embora não tenha se lançado oficialmente, sua pré-candidatura foi bastante citada no evento de filiação, que contou com a presença da governadora Raquel Lyra (PSDB) e da vice-governadora, Priscila Krause (Cidadania).

Está no quarto partido de sua carreira política. Já passou pelo PV, PSDB e Cidadania. Esta é a terceira vez que ele concorre à prefeitura (tentou em 2012 e em 2016, pelo PSDB). Quando estava no PV, foi vereador por dois mandatos (iniciados em 2004 e 2008) e deputado federal (em 2010).

Em 2018, ele se reelegeu deputado federal, desta vez pelo antigo PPS, que tornou-se o Cidadania. Em 2022, tentou a reeleição, mas não conseguiu atingir o quociente eleitoral.

Alianças: PP, PSD, PSDB e Cidadania.

Vice-prefeito: não definido.

Bandeiras defendidas: Daniel Coelho foi um dos coordenadores da campanha da governadora Raquel Lyra, cuja gestão é orientada à centro-direita. Ele defende a causa ambiental e o combate à desigualdade social.

Polêmicas:

  • Xingamentos em reunião

Em 2023, circularam nas redes sociais imagens de uma reunião do partido Cidadania, ao qual Daniel Coelho era filiado, que foi marcada por bate-boca e xingamentos entre integrantes do partido.

O então secretário de Turismo discutiu com o ex-deputado federal e secretário geral da sigla, Regis Cavalcante, e o chamou de "picareta e cínico", ao que Cavalcante respondeu: "Picareta é você, seu cachorro. Coelhinho de merda". Ambos trocaram ofensas como ���vagabundo��� e também palavrões.

  • Denúncia de peculato

Em 2012, quando concorria ao cargo de prefeito pelo PSDB, Daniel Coelho foi alvo de uma denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pelo suposto crime de peculato e uso de documentos falsos.

A denúncia diz respeito a um caso de 2008, quando veio à tona um esquema de utilização de notas fiscais irregulares para justificar gastos com a verba indenizatória na Câmara do Recife. Ao todo, 52 parlamentares foram citados no processo.

O Tribunal de Justiça não condenou nenhum dos parlamentares, mas Coelho foi alvo de um recurso do MPPE para que fosse julgado. O recurso foi rejeitado de forma unânime pela Corte Especial do tribunal.

Gilson Machado Neto (PL)

Imagem de arquivo mostra o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto — Foto: Reprodução/TV Globo

Ex-ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado também foi presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Em 2022, ele deixou o ministério para concorrer ao Senado, mas foi derrotado e ficou em segundo lugar na disputa, com 29,55% dos votos válidos.

Também é sanfoneiro e líder da banda Forró da Brucelose. Durante o governo de Bolsonaro, aparecia constantemente tocando o instrumento nas lives do ex-presidente. Está em seu oitavo partido político.

Alianças: apenas o seu partido, o PL

Vice-prefeito: não definido.

Bandeiras defendidas: Gilson Machado Neto se diz conservador e cristão e se coloca alinhado às ideias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), identificadas com a extrema-direita.

Polêmicas:

  • Punição por xingar Lula

Neste ano, a Justiça Federal impôs a Gilson Machado Neto uma "censura ética" imposta pela Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República por ofensas ao presidente Lula (PT). O caso é referente a uma postagem de novembro de 2021, em que o então ministro dizia que o petista precisa de dose de cachaça para conversar com o povo e o chamava de "safado, ex-presidiário e cachaceiro".

A justificativa para a punição se deve ao fato de que ministros e secretários de Estado estão submetidos ao Código de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF), que, segundo a Justiça Federal, foi infringido pelo então ministro.

A censura fica registrada na ficha de quem a recebe por até três anos e tem caráter político para autoridades que deixaram o cargo.

  • Fake news

Durante o mandato como ministro do Turismo, Gilson Machado Neto divulgou informações falsas em algumas ocasiões.

Uma delas foi quando ele, em 2022, divulgou uma montagem de uma capa falsa da revista norte-americana "Time" que mostra o então presidente Jair Bolsonaro e, abaixo, a frase: "Prêmio Nobel da Paz 2022". A capa falsa também atribuía à viagem de Bolsonaro à Rússia à retirada de tropas russas da fronteira com a Ucrânia, durante a guerra entre os dois países.

Outro episódio foi quando ele publicou nas redes sociais uma imagem de um desfile da escola de samba de São Paulo Gaviões da Fiel, que mostra uma pessoa fantasiada de demônio arrastando outra, vestida como Jesus. Ele atribuiu o surgimento do coronavírus e o cancelamento do carnaval de 2021 à encenação.

Entretanto, o desfile, que foi publicado por ele como tendo ocorrido em 2020, primeiro ano da pandemia, na verdade aconteceu em 2019.

  • Homofobia

Em 2020, durante uma live, Gilson Machado falou sobre a peça O evangelho segundo Jesus - a Rainha do céu e disse que o espetáculo servia para impor sexualidade "perante a grande maioria de cristãos brasileiros", proferindo, ainda, a frase "não tenho nada contra quem usa o seu orifício rugoso infra-lombar para fazer sexo".

João Campos (PSB)

João Campos em imagem de arquivo — Foto: GloboNews

Atual prefeito do Recife, João Campos vai disputar a reeleição. É filho do ex-governador Eduardo Campos e neto do também ex-governador Miguel Arraes, ambos já falecidos. Entrou na política como chefe de gabinete do ex-governador Paulo Câmara (sem partido), em 2016.

Em 2018, se elegeu deputado federal com votação histórica de mais de 400 mil votos. Deixou o mandato após dois anos para assumir a prefeitura. Quando assumiu, aos 27 anos, se tornou o mais jovem prefeito de uma capital brasileira

Vice-prefeito: não definido.

Bandeiras defendidas: com ideias identificadas com a centro-esquerda, João Campos defende pautas como a educação, primeira infância, transformação digital, desenvolvimento urbano e saúde.

Polêmicas:

  • Eleição contra a prima e antipetismo

Nas eleições de 2020, enfrentou uma disputa acirrada contra a prima de segundo grau, a ex-deputada federal Marília Arraes — à época, no PT e, atualmente, no Solidariedade. A campanha foi marcada por trocas de ofensas e decisões judiciais contrárias às duas candidaturas.

Em um dos casos, panfletos atribuídos à campanha de João Campos foram distribuídos com fotos de Marília Arraes e diagramas apontando para dizeres como "ideologia de gênero", "aborto", "legalização das drogas", "tirou a bíblia da Câmara do Recife", "votou contra o perdão das igrejas" e "pertence ao PT que persegue os cristãos de todo Brasil".

Eles eram distribuídos em conjunto com outros panfletos, esses favoráveis a João Campos. A Justiça Eleitoral chegou a proibir a distribuição desse material.

Na TV e em debates, a propaganda eleitoral do então candidato também apostava no antipetismo, associando o partido à corrupção. Posteriormente, o PT faria parte da base do governo dele, inclusive com negociações pela candidatura a vice-prefeito. Neste ano, a prima adversária também embarcou na pré-campanha de Campos, declarando apoio à sua reeleição.

  • Gastos com publicidade

Durante o mandato, João Campos também foi criticado por vereadores de oposição por gastos com publicidade. Conforme apuração d'O Globo, desde que assumiu, o prefeito aumentou a verba destinada à publicidade em 33%, saindo de R$ 55,5 milhões para R$ 74 milhões.

Imagem de arquivo mostra Simone Fontana em entrevista à TV Globo — Foto: Reprodução/TV Globo

Professora das redes públicas estadual e municipal do Recife, Simone Fontana é ativista do PSTU desde a fundação da legenda, na década de 1990, quando houve uma dissidência do Partido dos Trabalhadores.

Em 2022, Simone Fontana foi candidata ao cargo de deputada federal, recebendo 436 votos. Em 2016, disputou a prefeitura do Recife, levando 1.029 votos no primeiro turno. Também já concorreu aos cargos de vereadora e senadora, mas não foi eleita.

Alianças: apenas o seu partido, o PSTU

Vice-prefeito: Caio Marx (PSTU)

Bandeiras defendidas: Simone Fontana e o PSTU defendem ideias identificadas com a esquerda, como a valorização dos professores e dos profissionais de saúde, a descriminalização da maconha e do aborto.

Polêmicas:

  • Armamento da população:

Durante as eleições de 2018, quando se candidatou a governadora de Pernambuco, Simone Fontana chegou a dizer que é a favor de armar a população. Ela disse que essa seria uma forma de fornecer à população meios para se defender do crime organizado e da violência policial. Afirmou, também, que, atualmente, o Estado e a burguesia estão armados, enquanto a população está desprotegida.

Técio Teles (Novo)

Tecio Teles é pré-candidato do partido Novo à Prefeitura do Recife — Foto: Iris Costa/g1

Advogado, Técio Teles já foi secretário de Planejamento de Belo Jardim, no Agreste; coordenador geral de administração e diretor de planejamento e administração do Ministério da Educação, entre os anos de 2017 e 2019; e, em 2023, foi chefe de gabinete da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania). Foi candidato a vereador pelo Novo, em 2020, e pelo antigo DEM (atual União Brasil), em 2008, mas não foi eleito.

Alianças: apenas o seu partido, o Novo

Vice-prefeito: não definido

Bandeiras defendidas: com ideias identificadas como liberais e à direita do espectro político, Técio Teles afirma ter uma visão voltada para a liberdade econômica, geração de empregos e redução de impostos, bem como gestão eficiente e investimentos em segurança pública.

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