Blog Viver Noronha

Por Ana Clara Marinho, g1 PE


Estudo aponta que golfinhos de Noronha têm nomes identificados por sons

Estudo aponta que golfinhos de Noronha têm nomes identificados por sons

Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, e da organização não governamental Ocean Sound, concluíram que os golfinhos-rotadores (Stenella longirostris) de Fernando de Noronha têm "nomes" individuais.

Segundo os estudiosos, os animais emitem sons que podem ser indicados como uma identidade, uma espécie de RG, que é o assobio assinatura (veja vídeo acima).

“Nosso trabalho revela, pela primeira vez no mundo, que os golfinhos-rotadores são capazes de emitir um som individualizado, que permite eles se identificarem embaixo da água. O mais próximo que a gente conhece disso são os nomes que nós usamos para identificar as pessoas”, explicou o professor e pesquisador da UFJF, Raul Ribeiro.

O pesquisador, que é especialista em bioacústica de cetáceos, também é coordenador da ONG Ocean Sound. Ele disse que o som é único e detalhou a importância da descoberta.

“O som emitido é produzido unicamente por um indivíduo, e esse som jamais se repete. Isso é importante, porque embaixo da água, à noite, em grupos de rotadores que têm centenas de animais, os golfinhos têm as preferências. Eles se encontram com quem preferem e fazem isso através do assobio assinatura”, disse Raul Ribeiro.

O estudioso disse, ainda, que esse som também é chamado de "assobio firma", porque é similar à assinatura das pessoas, que não pode ser copiada.

“Esse som, que a gente vê através de um gráfico como se fosse uma assinatura manual, é único de cada indivíduo. Nós conseguimos comprovar isso em Fernando de Noronha”, falou Raul Ribeiro.

Raul Ribeiro usa o hidrofone para estudar o som dos golfinhos — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

O pesquisador comemorou porque a descoberta ajuda a saber como é a comunicação dos golfinhos-rotadores.

“Isso é fundamental porque, quando trabalhamos com a linguagem animal, é como se a gente tivesse com um quebra-cabeça gigante. Ao identificar o assobio assinatura, é como se a gente pegasse a peça que mais se repete nesse quebra-cabeça. Nós andamos muitos degraus na montagem desse quebra-cabeça que é a linguagem dos golfinhos”, declarou o pesquisador.

O estudo já ganhou reconhecimento internacional. A descoberta foi publicada na quinta-feira (7) na revista científica Animal Cognition, uma das mais importantes da área e que pertencente ao grupo Nature.

A nova informação, segundo os pesquisadores, também comprova a importância ambiental de Fernando de Noronha.

“É algo novo, que impacta na conservação desses animais e mostra que Noronha é importante não só para os moradores da ilha e para o Brasil. Fernando de Noronha também é um laboratório a céu aberto, que permite gerar conhecimento a nível global”, analisou Raul Ribeiro.

VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!