Por g1


  • Em reviravolta após primeiro turno, esquerda saiu na frente para a nova composição da Assembleia Nacional; coalizão de Macron ficou em segundo, e extrema direita será a terceira força;

  • Reunião Nacional, a sigla da extrema direita, cresceu de 88 para 143 cadeiras e deve se tornar a maior força de oposição no Parlamento;

  • Nenhuma frente política alcançou a maioria dos assentos da Casa, e uma coalizão entre blocos divergentes será necessária para indicar o novo premiê.

Franceses reagem ao resultado das eleições

Franceses reagem ao resultado das eleições

Em um resultado surpreendente, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve no domingo (7) o maior número de assentos na Assembleia Nacional da França nas eleições legislativas, mas sem força suficiente para governar sozinha.

Para a extrema direita, apesar do crescimento vertiginoso do número de assentos obtidos pelo Reunião Nacional (RN), de 88 para 143, o resultado foi uma decepção. No primeiro turno, ocorrido há uma semana, o partido de Marine Le Pen havia saído à frente de todas as demais forças políticas -- e chegou a projetar obter para si a maioria absoluta da Casa.

A decepção pode ser vista na expressão dos apoiadores dos partidos assim que a pesquisa de boca de urna foi divulgada, às 15h do domingo. Ao mesmo tempo, apoiadores da esquerda comemoraram o resultado nas ruas de Paris. (veja acima e abaixo).

Acima, apoiador da esquerda celebra resultado; abaixo, apoiadora da extrema direita — Foto: Arte/g1

O segundo turno foi realizado no domingo (7), e teve participação de quase 60% dos eleitores. Veja como ficaram as três maiores bancadas da nova legislatura:

  • Nova Frente Popular (esquerda): 182 assentos;
  • Juntos (coalizão governista, de centro): 168 assentos;
  • Reunião Nacional (extrema direita): 143 assentos.

INFOGRÁFICO mostra como era e como fica o Parlamento da França após as eleições legislativas — Foto: Arte g1

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, que é do Juntos, também admitiu a derrota, e disse que colocaria o cargo à disposição nesta segunda-feira (8). O presidente Emmanuel Macron não aceitou.

Eleições legislativas na França: O que acontece agora?

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Esquerda vai precisar de aliança para governar

Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para chegar aos 289 assentos necessários para ter maioria.

Após a Reunião Nacional, de Le Pen, conquistar 33% dos votos no primeiro turno, a Nova Frente Popular e o Juntos formaram uma espécie de cordão sanitário para impedir que a extrema direita chegasse ao poder.

A viabilidade de um governo juntando as duas forças, entretanto, ainda é incerta. Ambos os blocos nutrem desavenças profundas em determinados tópicos, como a reforma da Previdência francesa, por exemplo.

Prestes a entrar em um período de tensas negociações para definir o balanço de forças da Assembleia Nacional, a França se depara com um cenário desconhecido e até a ameaça de um Parlamento paralisado.

Projeções apontam vitória da esquerda no segundo turno das eleições na França

Projeções apontam vitória da esquerda no segundo turno das eleições na França

Franceses protestam contra a extrema direita na Praça da República, em Paris, no dia 7 de julho de 2024 — Foto: Yara Nardi/Reuters

Repercussão

Autoridades, políticos e celebridades do esporte comentaram a vitória da esquerda nas eleições parlamentares na França.

"Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul."

O resultado também foi comemorado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

"Esta semana, um dos maiores países da Europeu escolheu o mesmo caminho que a Espanha há um ano: rechaço à extrema direita e aposta decidida em uma esquerda social que lide com os problemas das pessoas com políticas sérias e valentes", ele escreveu nas redes sociais. "Com a extrema direita não se faz acordo nem se governa."

Na Polônia, o premiê, Donald Tusk, que se opõe a Vladimir Putin, comemorou o resultado -- a extrema direita francesa é acusada de ter laços com o líder russo. "Em Paris, entusiasmo; em Moscou, desapontamento; em Kiev, alívio. O suficiente para se estar feliz em Varsóvia."

Diversos jogadores de futebol da seleção francesa, como Marcus Thuram, Tchouameni e Koundé, celebraram o resultado. Kylian Mbappé já havia pedido aos eleitores franceses para que barrassem o avanço do Reunião Nacional.

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