Por g1


“A gente precisa ir embora”, afirma estudante brasileiro em Kiev

“A gente precisa ir embora”, afirma estudante brasileiro em Kiev

Brasileiros que estão na Ucrânia fizeram relatos sobre a situação na região após a invasão feita pela Rússia em território ucraniano na noite de quarta (23).

Segundo embaixada do Brasil na Ucrânia, cerca de 500 brasileiros vivem no país; entre eles estão os jogadores de futebol e profissionais de tecnologia da informação.

Em entrevista à GloboNews, o estudante Rony de Moura informou que as "ruas estão cheias de gente procurando farmácias, mercados, bancos e lugares que as pessoas precisam comprar coisas pra sobreviver".

"Você vê no semblante das pessoas um ar de preocupação, que nos últimos dias havia sumido. Mas agora é muito claro e um pouco assustador", declarou.

"Acreditávamos que teria escalada. Mas agora mesmo parece surreal, parece pesadelo. A gente tinha combinado caso houvesse alguma coisa, que a gente voltaria ao Brasil. Eram apenas planos, mas agora a gente tem de fato que voltar", afirmou Rony, que entrou em contato com a embaixada do Brasil na Ucrânia para iniciar o envio de documentações para registro.

"Os voos estão cancelados e a única maneira de sair é pelas fronteiras", explicou.

Brasileiro em Kiev relata a situação na Ucrânia após invasão russa

Brasileiro em Kiev relata a situação na Ucrânia após invasão russa

Whalter Lang, que mora há 4 anos em Kiev, na capital da Ucrânia, também falou sobre o plano de retorno ao Brasil, enquanto toma algumas decisões familiares.

"Temos que ver essa questão [familiar], se vamos sair e como vai ser toda essa situação. Meu desejo seria, claro... a gente não tem aviões agora aqui, então sairia via terrestre. Pegaríamos um trem pra Polônia, que é a fronteira mais perto, e de lá pegaria avião para São Paulo, para o Brasil."

Whalter ainda afirmou que, nos últimos dias, se preparou, de certa forma, para a invasão.

"Nossos amigos aqui já tinham tomado algumas pré-medidas quanto a isso. Quem tinha carro, já tinha comprado gasolina extra, a gente já havia sacado um pouco de dinheiro em espécie, porque não se sabe se o sistema online vai funcionar. Mas já tínhamos nos preparado um pouco porque não tínhamos certeza que as tropas chegariam."

"Dois dias atrás a gente fez uma mochila bem pequena mesmo, com documentação necessária, partes burocráticas e roupa, o menos possível, para um caso de super emergência que a gente precisasse sair."

"Estamos esperando perto do bunker. Caso tenha algum ataque, a gente vai tudo pra dentro. Tem crianças, famílias, pessoal com malas. A gente vai estar seguro lá embaixo. Vamos esperar um pouco, quando ocorrer uma bomba, ou algo parecido, a gente vai pra baixo. Estamos aguardando porque recebemos avisos de que terão muitos ataques na cidade."

Ele também falou que sobre as dificuldades na movimentação pelas ruas e, também, em deixar o país.

"A situação ficou feia, desde ontem vem tendo pioras. (...) As ruas estão lotadas. Não tem como mais sair. Acabou gasolina, muitos carros pararam sentido Polônia. O que resta a nós é se proteger. Eu vou encontrar uns brasileiros, comprar comida para não passar fome e vamos ver o que vai dar. Já destruíram dois aeroportos e agora disseram que vão destruir o aeroporto de Kiev."

Mineiro na Ucrânia vai para bunker após avisos de ataques: ‘lá embaixo a gente vai estar seguro’ — Foto: Reprodução/redes socias

Brasileira na Ucrânia relata que homens não podem sair do país

Segundo a baiana Iasmin Avhustovych, que mora na Ucrânia, os homens não podem sair do país, e aguardam a convocação pelo Exército, para o voluntariado no conflito armado.

Casada com um ucraniano há seis meses, Iasmin tem 29 anos e mora na cidade de Terebovlya, região de Ternopil, no oeste do país.

"A guerra já começou para a gente. Meu marido achou melhor que eu fosse para a Polônia, ainda que eu não quisesse. Por enquanto, as notícias que temos é de ataque em todo o país, especialmente em áreas militares, e que as sirenes de emergência indicarão a necessidade de ir a uma base de proteção", explicou.

"Estamos indo para a Polônia, porque eles ofereceram apoio nas fronteiras para refugiados. Meu marido ficou, pois todos os homens agora estão no aguardo da convocação".

Atletas brasileiros

Jogadores brasileiros e familiares estão em um hotel localizado na cidade de Kiev, na Ucrânia, e pedem ajuda à embaixada brasileira para deixar o país.

"Aqui estamos todos reunidos com as nossas famílias, hospedados em um hotel", diz Fernando Santos, do Shakhtar Donetsk, em um vídeo que está sendo divulgado nas redes sociais. Segundo ele, a falta de combustível, com a fuga de milhares de moradores do conflito, fez com que eles ficassem presos na cidade. Além disso, as fronteiras e o espaço aéreo foram fechados. "Espero que a embaixada possa nos ajudar", pede.

Entre eles, também está o jogador santista Aluísio Chaves Ribeiro Moraes Júnior, mais conhecido como Junior Moraes. O atleta é naturalizado ucraniano e atua como atacante. Atualmente, joga pelo Shakhtar Donetsk e pela Seleção Ucraniana.

Jogadores brasileiros presos em hotel pedem ajuda para deixar Ucrânia

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Em conversa com o "BDSP", o atleta Renan Oliveira, do Kolos Kovalivka, afirmou que "está todo mundo apavorado".

"É uma situação complicada. A gente não acreditada que iria acontecer realmente essa guerra. A gente estava apreensivo, mas confiante de que nada aconteceria", afirmou Renan.

Ele conta que estava no Centro de Treinamento do clube com outros atletas, quando foram acordados com a notícia sobre a invasão.

"Eu estava no Centro de Treinamento do clube, que fica em uma cidade há uma hora de onde moro aqui. Porque a gente teve treinamento ontem lá e teria que ficar lá pra treinar hoje pela manhã."

"A gente foi acordado com as informações de que a Rússia teria começado o ataque e que eles estavam invadindo, e pediram pra que a gente viesse para casa e pegasse algumas coisas e voltasse para lá, porque lá acho que a gente fica um pouco mais seguro."

No caminho para casa, o atleta afirmou que o clima "já estava bem tenso".

"As estradas estão todas lotadas, muito posto acabou combustível. Em bancos, o pessoal está tirando todo dinheiro que pode das contas e está tentando sair de Kiev."

Jogador de futebol brasileiro que está em Kiev relata tensão: ‘Tá todo mundo apavorado’

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Junior Moraes, atleta brasileiro que atua no Shakhtar Donetsk, fez uma publicação nas redes sociais pedindo orações.

"Todos amigos e familiares, a situação é grave e estamos presos em Kiev esperando uma solução para sair. Estamos dentro de um hotel. Orem por nós."

Junior Moraes, atleta brasileiro que atua no Shakhtar Donetsk, fez uma publicação nas redes sociais pedindo orações. — Foto: Reprodução/Instagram

Atleta do FC Kolos, Guilherme Nascimento, de 18 anos, está em Kiev e relatou o clima de medo após o ataque da Rússia no país. "Está um clima de tensão. Ouvi barulho de aviões e explosões como se fossem bombas", afirmou ele em um vídeo.

O jogador está em um hotel no Centro de Kiev e afirma que uma das maiores preocupação é que a comunicação seja cortada.

"A qualquer momento podem cortar a comunicação com a Ucrânia. Cortar a internet, energia. A Embaixada brasileira tem nos enviado comunicados, pedindo para não sair, ficar em casa. Pedimos ajuda às autoridades brasileiras", relatou.

Jogador brasileiro na Ucrânia relata medo após ataque da Rússia

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Jogadores brasileiros que atuam no Zorya estão isolados e pediram socorro ao governo federal para sair de Zaporizhzhya, distante cerca de 500 quilômetros da capital, Kiev.

Os atletas Cristian Daniel Dal Bello, Guilherme Smith e Juninho Reis aparecem em um vídeo no qual falam sobre a situação no país, citando "desespero total".

"Queremos alcançar o máximo de pessoas possível com esse vídeo. Que todos vocês possam compartilhar e chegar no Brasil pra que o governo brasileiro possa nos ajudar nesse momento tão difícil", diz Cristian.

Jogador do RS faz apelo por ajuda na Ucrânia

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O jogador alagoano Pedro Victor, o Pedrinho, que atua no Shakhtar Dontsk, também pediu para ser retirado da Ucrânia "o quanto antes". "A situação é muito delicada. E a gente não tem muito o que fazer a não ser esperar o que vai acontecer." Ele está hospedado no Hotel Opera, mesmo local onde estão abrigados outros jogadores.

Jogador de futebol na Ucrânia, Pedrinho pede ajuda para sair do país após invasão

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Natural de Volta Redonda (RJ), Luan Martins, que atua no futebol ucraniano e vive em Kharviv, afirmou que a situação na região está "muito tensa".

"A situação aqui não está legal. Minha mala já está pronta pra voltar, só tem que ter um jeito de ir embora".

"A gente não tem o que fazer, porque o espaço aéreo está fechado e as fronteiras estão fechadas. A gente pede para o governo brasileiro para que possa nos ajudar, dar uma posição para a gente do que fazer, porque a gente está aqui sem saber o que fazer. A gente não sabe o que fazer nesta situação. Então, peço pela ajuda de vocês."

Brasileiro na Ucrânia pede ajuda a autoridades para deixar o país: 'Muito tenso'

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Enquanto se preparava para uma entrevista ao g1, o jogador de futsal Matheus Ramires recebeu do colega de apartamento o alerta de que precisava descer para o bunker do prédio, devido ao risco de bombardeio na região onde ele vive. Ele mora em Kiev, que sofre ataques do exército russo, com a invasão da Ucrânia.

"Te peço desculpas, parece que vai ter bomba aqui. A gente vai ter que ir pros lugares, pra baixo, pros bunkers", avisou.

Brasileiro se abriga em bunker de prédio em Kiev após alerta de bombardeio

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'Sentimos as explosões'

A atleta piauiense Kedma Laryssa Santos Araújo, de 20 anos, mora há seis meses na cidade de Kryvyi Rih, localizada no sudeste da Ucrânia, e afirmou em entrevista ao g1 que sentiu as explosões após a invasão da Rússia.

Segundo Kedma, o time completo do Kryvbas Women, no qual atua, costuma ficar hospedado em um hotel próximo à base militar de Kryvyi Rih. Após o início dos ataques, as jogadoras se mudaram para outro alojamento, onde estão, em média, 70 atletas.

"Ainda não recebemos recomendações sobre possíveis ataques. Porém sentimos as explosões. Saímos muito rápido do outro hotel onde ficamos normalmente, porque era do lado de uma base militar", afirmou a jovem. "O sentimento é de medo, nunca passamos por algo parecido."

Atleta piauiense relata medo com início de ataques à Ucrânia

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