Por Rafaela Moreira, g1 MS


Frente fria favorece combate aos incêndios no Pantanal — Foto: Saul Schramm

Com mínima de 13ºC em Corumbá (MS), cidade com o maior número de focos de incêndio no Pantanal, a frente fria favorece o combate ao fogo no bioma. Segundo o Corpo de Bombeiros, as condições climáticas interferem diretamente no trabalho dos brigadistas.

Com temperatura de 17°C em uma região onde os termômetros frequentemente registram mais de 35°C, o tenente Randolfo Rocha esclarece que a queda na temperatura proporciona condições ideais para os combates aos incêndios, incluindo o trabalho de rescaldo, que é a volta das guarnições aos locais onde o combate já foi feito atrás de pequenos focos para evitar que as chamas retornem.

"A frente fria muda toda a situação de combate. O clima mais ameno favorece o enfrentamento. Uma maior umidade do ar também favorece. Em contrapartida, a velocidade do vento atrapalha tanto o combate, por causa da propagação mais rápida, como também favorece a reignição (reinício dos incêndios) nos pontos já combatidos", explica.

⚠️Mais de 680 mil hectares foram consumidos pelo fogo neste ano no bioma, que abrange os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Neste ano, 3426 focos de incêndio foram registrados em todo o Pantanal. O número é 2000% maior do que o de 2023, quando 157 focos de calor foram detectados.

Casal de tuiuiú em árvore devastada no Pantanal — Foto: Ariovaldo Dantas

Mesmo com a frente fria amenizando o calor em Corumbá, a pesquisadora em climatologia da Embrapa Pantanal, Balbina Soriano, aponta que os ventos fortes desafiam o combate ao fogo neste momento.

“A temperatura melhora a situação de combate ao fogo, mas o problema atual é o vento que está com a média de 35 km/h, por isso também o trabalho à noite para apagar os incêndios. A queda de temperatura ameniza o calor, mas temos um frio seco, que resseca a vegetação associada à questão do vento”.

Nesta quinta-feira (27), estão empregados 74 bombeiros militares, dos quais 51 estão nas Guarnição de Combate a Incêndios Florestais (GCIF’s) de combate em solo, quatro estão empenhados nas operações aéreas, 19 compõem o Sistema de Comando de Incidentes ( SCI), além dos oficiais que estão direcionando a operação.

As equipes contam com o apoio de outras forças, como fuzileiros navais e brigadistas do PrevFogo.

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Causa do fogo é investigada

Foto de junho de 2024 - Fogo no Pantanal em 2024 é o pior da série histórica. — Foto: Reprodução

Um levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou 14 locais responsáveis pelo início dos últimos incêndios no Pantanal. Destes, 12 são fazendas e possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), as outras duas são áreas próximas às propriedades rurais. As causas das queimadas ainda são investigadas.

Os incêndios mais recentes, que começaram em 14 pontos, já se espalharam para pelo menos outras 100 propriedades rurais, segundo análise do promotor de justiça do Meio Ambiente Luicano Loubet.

Enquanto o MPMS investiga, a Força Nacional foi enviada para combater os incêndios e a Polícia Federal vai criar um Gabinete de Contingenciamento de Crise para investigar de forma mais rápida os incêndios no Pantanal.

A Polícia Militar Ambiental (PMA) já atua com apurações em áreas de responsabilidade do estado.

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