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Por Jornal Nacional


Grupo Globo atualiza princípios editoriais para incluir uso de inteligência artificial

Grupo Globo atualiza princípios editoriais para incluir uso de inteligência artificial

O Grupo Globo atualizou, nesta quinta-feira (27), os princípios editoriais para incluir orientações sobre o uso de inteligência artificial no exercício do jornalismo. As diretrizes frisam que a utilização dessa tecnologia sempre vai passar por supervisão humana.

O ganha-pão do jornalista é perguntar. Curioso, insistente. A ponto de considerar um elogio ser chamado de máquina de perguntas.

“Aqui está todo meu histórico de pergunta e resposta com eles”, mostra o repórter Ben-Hur Correia.

Por isso, os olhos de jornalista brilham ao encontrar uma oportunidade para trabalhar melhor e mais rápido, com a ajuda de uma máquina de respostas.

“Ganha em velocidade, e a gente ganha em precisão de apuração”, afirma Ben-Hur Correia.

É uma ferramenta de inteligência artificial. Tecnologia que está transformando o mundo e impactando o jornalismo também. E para que cada passo da adoção dessa ferramenta pelas redações seja dado com transparência, a partir desta quinta-feira (27), orientações sobre o uso da inteligência artificial estão incluídas nos princípios editoriais do Grupo Globo.

Os princípios foram publicados pela primeira vez no dia 6 de agosto de 2011, apresentados pelos acionistas do grupo: Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho.

“As Organizações Globo divulgaram hoje um documento com os princípios editoriais em vigor nos seus produtos jornalísticos presentes em todas as mídias”, disse William Bonner na época.

"Ele descreve as condutas que os profissionais do grupo devem seguir para que seja cumprido o compromisso de oferecer um jornalismo de qualidade”, afirmou Fátima Bernardes.

Princípios editoriais do Grupo Globo estabelecem normas para o uso de inteligência artificial no jornalismo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Desde então, os princípios estão disponíveis, na íntegra, nas plataformas digitais do Grupo Globo. A leitura do documento permite que qualquer um entenda o que é e o que norteia o jornalismo profissional, praticado por todos os veículos do grupo.

Desde que foram fixados, os princípios tinham recebido duas atualizações, em pontos específicos. Em 2018, com diretrizes sobre o uso de redes sociais pelos jornalistas do grupo.

“O objetivo dessas diretrizes é reforçar os princípios da isenção e da imparcialidade, que são pilares do trabalho jornalístico”, disse Willian Bonner na ocasião.

E em 2023, com uma mudança sobre a divulgação de massacres e ataques em massa violentos.

“O nome e a imagem de autores de ataques jamais serão publicados, assim como vídeos das ações”, disse William Bonner.

Muitas empresas de jornalismo profissional ao redor do mundo vêm publicando diretrizes para o uso da inteligência artificial. No caso do Grupo Globo, a atualização divulgada nesta quinta-feira (27) é a consequência de um princípio já estabelecido no próprio documento, que afirma:

“A busca por inovação e a adoção das mais avançadas ferramentas da tecnologia para o jornalismo são uma prioridade no Grupo”.

No início do século passado, as ferramentas que os repórteres tinham eram a caneta, o papel e o bonde para chegar até o local dos fatos. Durante décadas, as redações foram bem barulhentas, graças ao som da ferramenta principal: a máquina de escrever. O computador e a internet tornaram o trabalho mais silencioso, mais rápido e mais aberto a inovações que aparecem nessa mesma tela.

A nova seção III dos princípios editoriais diz que:

“O Grupo Globo adota a inteligência artificial como meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com a isenção, correção e agilidade manifestado neste documento”.

Um princípio fundamental do uso da inteligência artificial no Grupo Globo é a supervisão pelos jornalistas dos conteúdos publicados. O documento determina que:

“O uso de inteligência artificial deve sempre ser supervisionado por um humano. A correção e a qualidade desses conteúdos serão garantidas por supervisão de processos, leituras por amostragem e outras formas de checagem”.

Os princípios descrevem, ainda, os cuidados exigidos em cada etapa do uso dessa tecnologia poderosa:

  • a apuração requer o acesso a bases de dados confiáveis;
  • a produção só pode gerar áudios sintéticos baseados em vozes humanas, com expressa autorização do dono da voz ou de seus representantes legais;
  • e imagens geradas por inteligência artificial não podem ser feitas para gerar confusão com imagens reais. O público deve ser alertado sempre.

A transparência é um princípio fundamental. O uso da inteligência artificial deve respeitar os direitos autorais e a privacidade, de acordo com a lei.

Seguindo essas orientações, jornalistas do grupo já vêm fazendo uso de novas ferramentas. A investigação e a denúncia do caso Marielle Franco, por exemplo, tinham milhares de páginas. A informação não chegaria tão rápido só com os olhos humanos lendo tudo isso.

“A gente pode programar um robô, um agente para ler todos esses documentos automaticamente. É claro que a gente vai sempre ter que verificar se aquela informação que o agente automático está dando bate com a informação do documento. No final das contas, o circuito sempre vai ser: humano, máquina, humano. A gente sempre dá a revisão final. A gente sempre faz a checagem final das informações”, afirma o repórter Ben-Hur Correia.

A inteligência artificial ajuda o jornalista analisando rapidamente. O jornalista ajuda a inteligência artificial fazendo as perguntas certas. Afinal, os jornalistas e as máquinas têm um ponto em comum: gostam de muita informação.

“As ferramentas são feitas para trabalhar com grandes volumes de dados. E jornalismo envolve trabalhar com um grande volume de informação para conseguir entregar aí a reportagem ao público”, afirma Vitor Sorano, coordenador do g1.

Os princípios divulgados em 2011 e atualizados nesta quinta-feira (27) consolidam valores que vêm sendo observados intuitivamente nas redações do grupo desde que Irineu Marinho criou o jornal “O Globo” quase 100 anos atrás.

Por isso, não surpreende que a mais moderna ferramenta criada por “O Globo” para o leitor leve o nome do fundador. O Irineu abre caminhos para novas formas de leitura. O primeiro produto é o Resumo, que gera uma síntese de cada texto com um clique.

“Se a gente pegar um pouco a história do jornal, a gente sempre olhou para frente. A gente sempre acompanhou a tecnologia, sempre observou como a tecnologia podia melhorar a produção jornalística, e melhorar a experiência do leitor. E o Irineu é mais um desses momentos. É mais um passo acompanhando evoluções tecnológicas e, sobretudo, como essas evoluções podem ajudar nosso leitor, podem ajudar nossos processos de produção de conteúdo com credibilidade", diz André Miranda, editor executivo de "O Globo".

Como a tecnologia evolui muito rápido, será preciso rever as orientações periodicamente. Mas dentro das mudanças em ritmo acelerado, os princípios editoriais ressaltam o que permanece: a inteligência artificial não altera os valores que norteiam o exercício do jornalismo profissional. Ou seja, toda ferramenta está sempre a serviço da credibilidade - virtude exclusivamente humana e natural.

Os princípios editoriais do Grupo Globo com as orientações para o uso da inteligência artificial estão publicados no g1 — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Os princípios editoriais do Grupo Globo com as orientações para o uso da inteligência artificial estão publicados no g1, no site quanto no aplicativo. O QR Code é o caminho mais imediato. Quando apontar a câmera do celular para ele, você vai ser levado diretamente para a página dos princípios editoriais.

O mais prático é sempre usar o aplicativo do g1, que está nas lojas tanto para Android quanto para iOS. Quando você abre o app, aparece um menu no canto inferior direito. Aí você clica no menu e rola a tela para cima até aparecer o atalho para os “princípios editoriais”. Você pode optar por ler a íntegra do documento, ou escolher diretamente as seções que quiser. A que trata da inteligência artificial é a seção número três.

Se você ainda não baixou o aplicativo, é só visitar o site g1.com.br. Lá, o menu aparece no alto do lado esquerdo. Você clica nele. Depois, seleciona “princípios editoriais” e abre a íntegra do documento ou a seção que preferir.

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