Oferecido por

Por Jornal Nacional


Áreas próximas ao Rio Taquari estão desaparecendo

Áreas próximas ao Rio Taquari estão desaparecendo

Um estudo mostrou que mais da metade das áreas verdes que deveriam servir como uma barreira de proteção para as cheias no Rio Taquari está desmatada ou ocupada.

Pesquisadores do movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari utilizaram dados do MapBiomas para realizar o estudo. Dos mais de 6 mil hectares de áreas de preservação permanente que ficam às margens dos 140 km do Rio Taquari, apenas 31% estão cobertos por florestas nativas. Mais da metade da área é ocupada por agricultura e pastagem, e o restante se divide entre áreas urbanizadas e outras formações.

Os dados são de 2022 e, portanto, não consideram as perdas de vegetação após as enchentes entre o fim de 2023 e maio de 2024.

As matas ciliares previnem a erosão do solo e funcionam como uma barreira contra as enchentes. O bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, praticamente desapareceu após a enchente, que destruiu tudo. Em um ponto, a rua fica a poucos metros do Taquari. Segundo especialistas, se na margem existisse uma faixa de mata ciliar, poderia ter ajudado a diminuir a velocidade da enxurrada.

"As espécies que são de floresta bem nativa de mata ciliar, elas são espécies que têm características bem específicas para resistir à força da água. E essas raízes se entrelaçam e protegem o solo. E, além disso, esses galhos, esses ramos são muito flexíveis. Então, ela resiste bem, ela protege. E ela ajuda com algo que é muito importante, que é reduzir a força da água”, explica a pesquisadora Elisete Maria de Freitas.

Mais da metade das áreas verdes que deveriam servir como barreira para cheias no Rio Taquari está desmatada ou ocupada, diz estudo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Segundo o Código Florestal, a largura de um rio define o tamanho das áreas de proteção. No caso do Taquari, a mata ciliar deve ter entre 100 m e 200 m. Mas a lei também permite que seja reduzida para apenas 5 m se essa área já tiver sido ocupada antes de 2008.

A Associação dos Servidores da Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul encaminhou uma carta ao governo cobrando medidas para ajudar a prevenir desastres.

"Começando pelas unidades de conservação. A gente tem no Rio Grande do Sul muito abaixo do recomendado internacionalmente pelas unidades de conservação e mesmo em comparação com outros estados. Então, a gente tem a área protegida, unidade de conservação está muito baixa e as que temos há pendência de regularização fundiária. E nas áreas privadas, a gente tem essa situação desse grande passível. O Rio Grande do Sul está entre os estados mais atrasados nessa regularização ambiental”, afirma Tadeu Pereira da Silva, presidente da Associação dos Servidores da Assema.

Em Lajeado, tem uma extensa mata ciliar em frente à rua onde mora a auxiliar de limpeza Jaqueline Mattes. A casa dela foi inundada pela enchente, mas a estrutura ficou de pé.

"Não veio aquela correnteza. Foi protegida", conta.

A Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul disse que criou o Programa Estadual de Recuperação da Vegetação Nativa para promover políticas de recuperação e conservação; e, que desde 2023 vem negociando com o Serviço Florestal Brasileiro para fazer parte do Sistema Federal de Cadastro Ambiental Rural.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!