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Por Jornal Nacional


Desastres climáticos levam milhares de gaúchos a mudar de cidade

Desastres climáticos levam milhares de gaúchos a mudar de cidade

Depois de três enchentes em menos de um ano, o Rio Grande do Sul começa a registrar um fenômeno que já é motivo de preocupação até da ONU.

A auxiliar de treinamento Débora Duarte deixou para trás uma vida inteira em Roca Sales, no Vale do Taquari, e se mudou para Caxias do Sul, distante 95 km, onde conseguiu emprego em uma clínica veterinária.

"É triste tu ter que sair da tua cidade, uma cidade onde tu cresceu. E a gente está recomeçando do zero de novo”, conta.

A Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul estima que 25 mil famílias devem migrar para Serra Gaúcha nos próximos quatro anos. Caxias enfrentou consequências menos catastróficas das chuvas do que outros municípios.

"A gente precisa atender todo esse pessoal e precisa estar gerando todas essas oportunidades. Mover essas engrenagens para que elas estejam preparadas para receber tudo isso”, afirma Celestino Loro, presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul.

Serviços de assistência social, de encaminhamentos para vagas de empregos e até de matrículas em escolas perceberam, nos últimos dias, a ida de pessoas da Região Metropolitana de Porto Alegre e cidades do Vale do Taquari para Caxias do Sul, a segunda maior cidade do estado. A agência do Sine, o Sistema Nacional de Emprego, tem 300 vagas no município, que é um polo industrial.

"Tem bastante trabalho na logística, na carga e descarga, sempre a gente tem emprego. Nas vagas de limpeza também, no comércio tem bastante”, diz Zenaira Giacomelli, coordenadora da Agência FGTAS/Sine de Caxias do Sul.

A família do porteiro Gileade Júnior Moraes Rocha perdeu tudo na cheia na região das Ilhas, em Porto Alegre. Os quatro estão de mudança.

"Eu já estou bem encaminhado, graças a Deus. Uma empresa já está em fase de contratação, e a minha esposa também já está enviando currículo”, afirma.

Em Santana do Livramento, na fronteira com a Argentina, o movimento é de retorno. Pelo menos onze famílias que saíram em busca de oportunidades agora estão de volta. É o caso da repositora de supermercado Roselaine Silveira, que até o início de maio estava em Estrela, no Vale do Taquari.

"Tinha sobrado três paredes, mas aí deu uma enchente de novo e as três paredes que tinha, se foram”, conta.

Roselaine conseguiu transferência na empresa, alugou a casa nova com ajuda da família e ganhou os móveis em doações.

"Só gratidão. Eu não tenho o que pedir, a gente só tem a agradecer. Não só pelo material, mas com palavras de carinho, de aconchego. É assim, só agradecer”, diz Roselaine Silveira.

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