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Por Jornal Nacional


Comunidades gaúchas assumem reconstrução de pontes

Comunidades gaúchas assumem reconstrução de pontes

Em algumas localidades gaúchas, as próprias comunidades estão assumindo a tarefa de reconstrução - especialmente das pontes.

Mesmo com chuva, o estudante Angelo de Oliveira prefere caminhar 40 minutos para chegar à escola. Se for de carro ou de ônibus, chega muito atrasado.

“Umas duas horas, uma hora e meia de atraso. Professor já começa a aula, aí é mais fácil a gente ir a pé mesmo”, conta o estudante de mecânica e manutenção industrial.

No Rio Grande do Sul, 95 rodovias e pontes têm algum tipo de bloqueio. Na BR-386, entre Lajeado e Estrela, o motorista leva até três horas para fazer um trecho de 4 km.

Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal mostra que o número de interdições em estradas de todo o país por causa de eventos climáticos aumentou de 2023 para cá.

“Nós tivemos 374 interdições por conta de eventos climáticos, fenômenos da natureza, em 2023. Agora, em 2024, até o momento, nós já temos 278”, afirma Marcos César Barbosa Silva, PRF Lajeado (RS).

A ponte entre Marques de Souza e Travesseiro, no Vale do Taquari, foi embora com as águas. Depois das enchentes e do tempo ruim, o caminho revela o pior dos cenários. E não são apenas estradas que se vão, pontes que caem, o trânsito que deixa de fluir. São pessoas que se desconectam de outras pessoas, muitas vidas transformadas.

“Minha tia mora em Marques. Meu pai e minha avó, que é a mãe da minha tia, moram em Travesseiro. Daí fica difícil. Minha tia tem que vir para cá”, conta o suinocultor Eduardo Kunz.

O único acesso entre as duas cidades é a pé, por uma passadeira feita pelo Exército. A atendente de farmácia Edna Thays Kremer Stefani e um grupo de moradores dos dois municípios criaram uma associação para ajudar na reconstrução da ponte.

“Ficou totalmente afastado a volta aqui. Então, hoje, da BR -386 até o centro de Travesseiro dava cerca de 5 km. Hoje, uma pessoa para chegar na cidade percorre cerca de 60 km”, diz Edna.

Em Lajeado, construtores e operadores de guindaste querem reconstruir a ponte de ferro que liga a cidade a Arroio do Meio em tempo recorde.

“O trabalho aqui que seria normal ser 180 dias está sendo feito em um prazo recorde de 14 dias - duas semanas - e por pessoas. Não são empresas. São pessoas trabalhando por pessoas 24 horas por dia”, diz o empresário Roberto Lucchese.

As estradas ruins prejudicam também o que já está frágil. Em clínica de oncologia, dos mil pacientes, 300 foram prejudicados porque têm dificuldade para chegar.

“Se eu não consigo ter acesso ao tratamento, essa doença pode agravar e até aumentar o risco de óbito também. Ainda mais em se tratando de doença oncológica. Então, a gente tem tentado mostrar aos pacientes e tentar ofertar alternativas para tornar esse problema um pouco mais aceitável”, afirma o oncologista Renato Cramer Peixoto Junior.

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