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Por Jornal Nacional


Primeira morte por leptospirose é confirmada no Rio Grande do Sul

Primeira morte por leptospirose é confirmada no Rio Grande do Sul

As enchentes destroem o patrimônio de famílias e de empresas, mas também ameaçam de várias formas a saúde das pessoas. O governo do Rio Grande do Sul confirmou nesta segunda-feira (20) a primeira morte por leptospirose.

Eldo Gross, de 67 anos, teve a casa invadida pela água, na cidade de Travesseiro, no Vale do Taquari. Ele morreu na sexta-feira (17) e o enterro foi no sábado (18).

"Ele buscou atendimento, foi internado, foi hospitalizado, foram realizados os exames e a partir daí se confirmou o caso de leptospirose", diz o médico Fábio José Pavan.

Outras três pessoas estão tratando a doença na cidade, todos sem grandes complicações. A leptospirose é transmitida por uma bactéria presente na urina de animais infectados a partir de lesões na pele e exposição prolongada à água das enchentes.

Para evitar a doença, a Secretaria Estadual da Saúde sugere o uso de luvas e botas para limpar a lama e recomenda o uso preventivo com antibiótico para quem teve contato com a inundação. A comediante Vanessa Andrades se infectou ao ajudar nos resgates, em Porto Alegre.

"Eu tive muita dor na panturrilha, vômitos, diarreia. A febre eu tive em um dia só e depois não tive mais, aí eu já internei, porque comecei daí com outras complicações junto, mas internei e fiz antibiótico internada", conta Vanessa.

O voluntário Mateus Gomes dos Santos machucou o braço enquanto salvava animais e precisou de uma série de cuidados.

"Tive que tomar várias vacinas. Eu tinha antitetânica em dia. Hepatite B. Fazendo tratamento da leptospirose e 7 dias no antibiótico", relata Mateus.

Um abrigo de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, tem 3,5 mil pessoas em três pavilhões. Segundo os médicos, muitos já chegam ali com problemas de saúde que podem ter sido provocados pelas enchentes. Por causa da demanda, foi instalado um pronto atendimento que atende 24 horas por dia. Os desafios são imensos.

"As doenças respiratórias são uma questão urgente hoje no Rio Grande do Sul. Muita gente aglomerada em abrigos ou em outros lugares. O frio que está fazendo no Rio Grande do Sul, muitas pessoas perderam seus agasalhos, perderam forma de se proteger", afirma Christovam Barcellos, pesquisador do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz.

A inundação também levou remédios controlados, receitas e dificultou o trabalho das equipes de saúde.

"Como as pessoas saíram de rompantes dos seus habitats, perderam receitas de diabetes, hipertensão, depressão, anticonvulsivantes. Nós temos uma miscelânea, de tudo um pouco", diz o médico Gustavo Henrique da Rocha Lacerda.

E outros problemas de saúde demoram um pouco mais a acontecer.

"Usar equipamento de proteção, os instrumentos adequados para tentar reconstruir a sua casa. A longo prazo, infelizmente, sofrimento mental. Muita gente perdeu parte de suas famílias, perdeu amigos, perdeu casas, perdeu a maneira de viver. Vão ter dificuldade de recuperar sua capacidade emocional para lidar com essas perdas", conclui Christovam.

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