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Por Jornal Nacional


Tremores de terra assustam moradores da serra gaúcha

Tremores de terra assustam moradores da serra gaúcha

O Rio Grande do Sul está entrando na terceira semana desse pesadelo. Vidas perdidas, pessoas desaparecidas, prejuízos terríveis, casas que se perderam na água. E em meio a isso tudo, a terra tremeu em Caxias do Sul.

Em alerta para deslizamentos de terra, moradores de Caxias do Sul acordaram assustados na última madrugada. Muitos só entenderam o que aconteceu pela manhã.

“Eu pensei que era trovão, mas daí fiquei com medo, não era. Aí levantei, espiei, mas não vi nada”, conta a comerciante Luci de Vargas Padilha.

“Seguiu assim uns 10 minutos, 15. Teve uns bem fortes, a casa tremeu toda. E aí fiquei esperando. Se continuasse, eu ia tirar as crianças da cama e a gente ia para rua”, diz a comerciante Elizabete Breitembach.

Sensores instalados na Serra Gaúcha confirmaram que as vibrações chegaram a 2,3 de magnitude. O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília faz o monitoramento. Caxias do Sul já tremeu outras duas vezes em 2023. E, agora, com o grande volume de chuva, a água se infiltrou no solo e atingiu camadas mais profundas de rochas. Essa água pode ter facilitado a movimentação de uma possível falha, causado os tremores sentidos na superfície.

“Naquela região existe uma falha, uma região, uma área sismogênica com potencial de gerar sismo. A ação da água pode ser que tenha apressado um sismo que iria acontecer daqui alguns anos”, explica Lucas Vieira Barros, professor do Observatório Sismológico da UNB.

O professor de sismologia avalia que este tipo de tremor tem baixo poder de destruição.

“Sismos de magnitude de 2,4, 2,3 são sismos muito pequenos. As pessoas sentem porque eles estão acontecendo basicamente debaixo das casas, entendeu? Então, são sismos que não produzem danos maiores, como é o caso das enchentes. A gente espera que um sismo maior não venha a acontecer. Dessa magnitude não é capaz de produzir danos e mortes, não. Isso não é possível”, diz Lucas Vieira Barros.

O excesso de chuva também aumenta os deslizamentos de terra na Serra Gaúcha. Moradores de três bairros e três comunidades da zona rural de Gramado tiveram que sair de casa. São mais de 1,2 mil pessoas que moram em áreas de risco. No bairro Piratini, ruas inteiras precisaram ser interditadas. É o caso de uma rua onde o asfalto cedeu e desmoronou. Algumas casas já caíram e outras estão comprometidas.

Em Gramado, asfalto de uma rua cedeu e desmoronou — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

Semana passada, sete pessoas morreram em um deslizamento de terra na área rural do município. O Fernando sobreviveu à tragédia, mas perdeu os pais e o irmão de 17 anos.

“Eu estava tentando salvar meu irmão que estava pedindo socorro porque estava sufocado. Saí por cima da lama e fui na casa de um vizinho meu lá para pedir se ele pudesse me emprestar um machado e uma pá para eu poder tirar a terra de cima do meu irmão, mas por fim não consegui voltar mais, que daí já tinha descido mais lama e coisa e não consegui mais ajudar ele”, conta.

Sete pessoas continuam desaparecidas na Serra.

A prefeitura de São Francisco de Paula pediu que moradores do entorno da barragem do salto, no rio Caí, saiam de casa. Existe o risco de que uma encosta desmorone e forme uma onda que pode atingir a região.

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