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Por Jornal Nacional


Estudo revela que aumento dos casos de dengue está relacionado ao El Niño

Estudo revela que aumento dos casos de dengue está relacionado ao El Niño

Pesquisadores brasileiros concluíram estudos que relacionam os fenômenos climáticos com o aumento dos casos de dengue no país.

Calor intenso e duradouro, chuva constante, água parada em grandes quantidades são um convite para o mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, depositar ovos e se proliferar.

Segundo meteorologistas, as temperaturas acima da média são, em parte, influência do El Niño, fenômeno climático que esquenta as águas do oceano pacífico, impactando na temperatura e as chuvas em regiões do planeta.

Estudos publicados em revistas internacionais mostram que em ano de El Niño o número de casos de dengue tende a aumentar. Ao longo de quase uma década e meia, em cada uma das cinco vezes que o fenômeno atuou durante o verão no Brasil passou de 1 milhão o número de pessoas infectadas.

Em 2024, até agora o mês de março, o número de pessoas infectadas com dengue já é quase o mesmo de 2023 inteiro.

O médico brasileiro William Souza, professor da universidade americana de Kentucky, é autor de uma pesquisa sobre doenças provocadas por mosquitos. O estudo acaba de ser publicado em uma revista internacional especializada e diz que as mudanças climáticas e a movimentação em massa das pessoas podem estar potencializando a incidência de doenças como a dengue.

"Além do El Niño, pode estar desempenhando um papel importante desses números de dengue hoje do Brasil, isso inclui tanto mobilidade humana, quanto mais pessoas morando em centros urbanos, onde o mosquito é adaptado para viver na cidades, e além obviamente da introdução de novas variações do vírus da dengue que pode fazer com que a população, que não havia sido exposta previamente, seja exposta e atingido esse número que a gente tem observado hoje", explica William.

Um outro estudo da Fundação Oswaldo Cruz, publicado na Scientific Reports, analisou dados do clima em um intervalo de 20 anos e viu uma relação entre o aumento do calor e a incidência da dengue onde antes a doença não era comum.

"Do interior do Paraná, Goiás, DF, Mato Grosso do Sul, isso está se tornando quase permanente. A gente tinha cinco dias de anomalia de calor. Agora, está tendo 20, 30 dias de calor acima da média ao longo do verão, isso dispara o processo de transmissão de dengue tanto por causa do mosquito quanto circulação de pessoas", diz Christovam Barcellos, pesquisador do observatório do clima - Fiocruz.

Tércio Ambrize, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, diz que os fenômenos climáticos potencializam a duração dos ciclos do mosquito.

"O El Niño, ele deve desaparecer completamente para abril, início de maio. A gente passa por um período neutro e depois há uma grande tendência de ter o seu oposto, a La Niña. Ao acontecer isso, provavelmente as regiões Sul e Sudeste, você tem temperaturas mais amenas que é contrária proliferação do mosquito. Por outro lado, você ainda tem as temperaturas altas no Norte e Nordeste e você tem aí um prato cheio em chuvas temperaturas altas e, portanto, a proliferação do mosquito", diz Tércio.

Pesquisadores apontam que a nova dinâmica de doenças como a dengue exige que as autoridades planejem melhor as ações de prevenção.

"Aumentar a vigilância para diagnosticar as pessoas é uma primeira etapa. Outra etapa é controle de vetores é uma necessidade crítica, porque sem o vetor não vai ter a doença. Vacinas que protejam não só contra uma única doença, mas que protejam contra múltiplas doenças. Isso é uma outra coisa que a gente observa que pode ser muito efetivo no combate desses patógenos. Então, são alguns dos fatores para que a gente consiga mudar", acrescenta William.

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