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Milhares de moradores do Rio Grande do Sul ainda estão sem luz, depois do temporal de terça-feira (16/01)
No Rio Grande do Sul, 350 mil pontos de comércio e residências ainda estão sem luz por causa do temporal de terça-feira (16). A região mais atingida é a Grande Porto Alegre.
Em Cachoeirinha, Região Metropolitana, móveis que ficaram debaixo d'água foram empilhados pelas ruas. O temporal atingiu mais de 1.700 casas.
"Perdi cama, sofá, roupa; telhado eu perdi todinho. Eu moro aqui há cinco anos e a situação nunca chegou ao nível que chegou. Foi muito feio", conta a auxiliar de serviços gerais Talita Lopes da Silva.
Em Porto Alegre, o trabalho de retirada de árvores e galhos das ruas ganhou o reforço do Exército. Cerca de 40 homens ajudaram a desbloquear ruas e avenidas; 128 semáforos da capital ainda não funcionam e os motoristas foram obrigados a ter cuidado e paciência.
Sem luz e sem água, muita gente buscou abrigo na casa de parentes e amigos. Outra opção foi ir para hotéis. Em uma rede, todos os quartos ficaram lotados.
"O aumento foi inacreditável, em mais de 300% comparando com a quarta anterior. Eis que ontem, sob a informação de que a energia só vai retornar na sexta ou no sábado, os porto-alegrenses começaram a ligar e de última hora se hospedar nos nossos hotéis. Ocupamos todos os leitos, porque o movimento que já existia se somou a esse e temos a perspectiva de que mais pessoas se hospedem de hoje até sábado, justamente pelo mesmo motivo", diz o gerente de hotel Roberto Snel.
O local mais disputado dos shoppings na Grande Porto Alegre tem sido o ponto de recarga de celular — Foto: JN
O local mais disputado dos shoppings tem sido o ponto de recarga de celular.
"Estava sem nada de bateria, não podia me comunicar. E eu preciso muito dele, é minha fonte de trabalho", explica a diarista Berenice Luz.
O publicitário Felipe Almeida aproveitou a energia e o sinal do wifi para fazer três reuniões de trabalho:
"Tem sido bem complicado, porque não tem meios, outras formas, e a gente precisa trabalhar, precisa produzir".
Alex: A gente tem muito retorno com cliente e é um trabalho de rua, né? Eu preciso realmente dos aparelhos para poder ter acesso ao material de trabalho da gente.
Repórter: Trouxe quantos aí?
Alex: Eu estou com três aparelhos aqui. É o material de trabalho, que são dois aparelhos, e mais um celular que eu estou trazendo para poder dar uma carga.
Vizinhos compartilham a água da chuva que ficou acumulada em uma piscina plástica. — Foto: JN
Em outro ponto da cidade, vizinhos compartilham a água da chuva que ficou acumulada em uma piscina plástica.
"Água da chuva, dos vizinhos, da piscina... Como a senhora forneceu para nós a água, né? Para lavar uma louça, para botar nos banheiros, para tomar um banho, até para fazer uma comida", diz a auxiliar de limpeza Ana Paula de Oliveira.
O dono de restaurante José Antonio Fernandes Astarita está de portas fechadas e acha que vai perder todo o estoque de alimentos que precisa de refrigeração:
"São dois dias sem faturamento, nem no almoço nem na janta, e mais as perdas que vão ser calculadas depois. Quando voltar a luz, a gente vai o que que sobrou e aí o que foi pré-preparado vai ter que ser ou refeito ou colocado tudo fora igual", lamenta.