Quanto vale transformar uma vida? Deixar alguém mais feliz, como aconteceu com a aposentada Marineusa dos Santos Soares? Seis meses atrás, ela mal conseguia andar.

"Dor, dor que paralisa mesmo... Ou você para ou você enlouquece ali", relembra ela.

A aposentada teve paralisia infantil e, com a idade, os movimentos ficaram mais limitados. As dores foram embora com sessões de fisioterapia gratuitas na AACD, em São Paulo, associação que atende pessoas com deficiência.

"Eu ando para cima e para baixo tranquila hoje. No metrô, nossa, eu vou bem retinha assim", comemora.

A AACD faz 800 mil atendimentos por ano, principalmente por causa das doações de pessoas e empresas.

"Se não fossem as doações, deixaríamos de realizar 600 mil atendimentos. Então, graças as doações permitem que a AACD mantenha os atendimentos", afirma Valdesir Galvan, superintendente da instituição.

A Ana Laura, de 2 anos e que tem hidrocefalia, conseguiu subir escadas pela primeira vez. Por trás dessa vitória estão milhares de colaboradores anônimos.

"Hoje ela chega em casa, ela segura de um canto a outro, põe as mãozinhas e ela quer ir para frente sozinha", diz a mãe da menina, a auxiliar de limpeza Valéria de Lourdes Silva.

Quanto mais gente doa, maiores são as mudanças. Mas o Brasil vem caindo no ranking mundial de solidariedade. Em 2022, estávamos em 18º lugar; agora estamos na posição 89. Indonésia e Ucrânia lideram o levantamento.

"O empobrecimento da população leva a uma diminuição da prática da doação, em especial nas classes mais vulneráveis, que tem menos disposição de recursos para doar e, muitas vezes, se torna o beneficiários das doações", explica Paula Fabiani, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Nesta terça, o país tem a chance de começar a melhorar no ranking. É o dia de doar, data celebrada em mais de 80 países. O site "Para Quem Doar" tem iniciativas em todo o país, e existem várias formas de ajudar.

Cada um contribui como pode. No depósito de um mercado em São Paulo, as doações são de comida. Todos os dias, os funcionários separam aquela verdura que ficou com um amassadinho, a fruta que não é tão bonita, mas que é boa para o consumo. Esses alimentos são colocados em caixas e vão deixar mais saudáveis as refeições de muita gente que precisa.

A Associação Prato Cheio coleta as doações e encaminha para 57 instituições da Grande São Paulo.

"Elas dão educação, elas trabalham inserção no mercado do trabalho. Então, o alimento realmente muda vidas, porque você dá uma condição de saúde, uma condiç��o emocional melhor para pessoa que está lá, que precisa disso", ressalta Nuria Chaim, gerente da associação.