Lítio

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Por Jornal Nacional


Saiba como o Brasil está explorando o lítio, usado nas baterias de celulares, laptops e veículos elétricos

Saiba como o Brasil está explorando o lítio, usado nas baterias de celulares, laptops e veículos elétricos

O Jornal Nacional vai mostrar, a partir desta quinta-feira (21), a importância estratégica de um metal fundamental para a indústria em todo o planeta. A matéria-prima das baterias dos celulares, dos laptops, dos veículos elétricos. Tudo isso precisa de lítio para funcionar, e o Brasil tem 8% das reservas mundiais.

O futuro movido a carros elétricos parece estar a quilômetros de distância do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Mas o lugar é hoje estratégico para a transição energética. Mais um paradoxo nessa terra de contradições, onde baixos indicadores sociais convivem com tesouros escondidos. A comerciante Cleusa Neves Lima, de 66 anos, guarda recordações do garimpo do ouro. Eram do pai dela.

“As bateias. Tem as grandes, duas grandes, uma média e uma pequena. As grandes, era a que tirava o cascalho e a pequenininha era para apurar o ouro. Aí ele tirou e mandou fazer um cordão”, conta.

As pedras nas paredes de algumas casas são lembrança de um tempo de prosperidade. A mineração sempre foi protagonista na história dessa região. Desde o século XVIII, se sabia que havia ouro, depois diamante e uma grande variedade de pedras de maior e ou de menor valor. Hoje em dia, já não é mais assim. Mas ainda existe um interesse muito grande pelo que está debaixo do chão.

Lítio: o mais leve dos metais, matéria-prima das baterias que são o coração dos carros elétricos. E, por lá, lítio tem aos montes. O subsolo do Vale do Jequitinhonha guarda 85% das reservas brasileiras.

A equipe do Jornal Nacional foi até as profundezas da mina que está há mais tempo em operação na região – 32 anos. Um labirinto de vias e túneis subterrâneos para carros e máquinas, com ventilação e controle de temperatura e de atividade sísmica. Percorremos cerca de 2 km e descemos a mais de 200 m da superfície, onde outras galerias estão sendo abertas.

O interior da mina é como se fosse um prédio de ponta cabeça. Cada nível seria, então, um andar. O veio do minério está na parte mais clara, que é justamente o que interessa para mineração. Percebe-se que vem lá de cima e desce em direção ao subsolo. Isso quer dizer que no próximo nível, que seria o andar de baixo, também vai ter um ponto de exploração.

Um paredão gigante de rocha branca: é nessa rocha que ficam os cristais de um mineral chamado espodumênio - de onde é extraído o lítio. Alguns são bem grandes, bem fáceis de se ver.

"A nossa rocha, o pegmatito, é composto por diversos minerais. Então, a gente consegue ver um pouco de muscovita, feldspato, alguns pontos de quartzo. Essa massa esverdeada seria os minerais do espodumênio, que seria onde estaria o lítio”, diz Carlos Ribeiro, coordenador de geologia da CBL.

Do lado de fora da mina, essa rocha, que tem vários minerais, é triturada. O espodumênio é separado, carregando o lítio, que não existe sozinho na natureza. É esse concentrado que os fabricantes compram para usar baterias. A mineradora tem capacidade para produzir 45 mil toneladas desse material por ano, e tem planos de até triplicar esse número em quatro anos.

“A maior demanda é no setor de baterias, que responde hoje por mais de 90% do mercado mundial de lítio, da demanda mundial de lítio. Agora, o mercado interno sempre foi o foco. Como, por exemplo, a indústria farmacêutica, temos a indústria cerâmica, a indústria de graxas, lubrificantes. Então, o lítio tem muitas aplicações relevantes e a gente sempre atendeu elas todas no Brasil”, afirma Vinícius Alvarenga, presidente da Companhia Brasileira de Lítio.

A corrida pelo lítio trouxe vizinhos para a mineradora brasileira. Em 2023, uma multinacional canadense também começou a explorar o lítio no Vale do Jequitinhonha. A capacidade inicial de produção é de 270 mil toneladas de concentrado de espodumênio por ano para exportação. A companhia opera uma mina a céu aberto.

“Na nossa visão, se existia um metal em uma cadeia de fornecimento em que em algum momento nós seremos recompensados com um prêmio verde, seria justamente em uma das cadeias de fornecimento que levaria para as baterias dos carros elétricos, que são os materiais de bateria. Porque nós sabíamos que no final, lá da ponta, você tem um consumidor que está preocupado com a sustentabilidade daquele carro verde dele”, diz Ana Cabral, presidente da Sigma Lithium.

A mais de 1 mil km de distância, em São Paulo, uma fabricante de ônibus elétricos tem capacidade para produzir 1,8 mil veículos por ano. As baterias são enormes. Não são feitas só de lítio, mas, mesmo assim, cada uma leva 150 kg do metal, de acordo com a empresa. E um ônibus como esse, precisa de seis baterias. Nesse caso, quanto mais lítio, melhor.

“Nós temos vantagem, nós temos minério, temos lítio aqui no Brasil. Então, é muito importante que se entre nessa questão tecnológica de se desenvolver e de se produzir o lítio, extrair o lítio e ter toda a cadeia da tecnologia dentro do país. Isso é fundamental não só para os ônibus que são fornecidos dentro do país, mas para todo o mercado de exportação”, afirma Ieda de Oliveira, diretora-executiva da Eletra.

Na sexta-feira (22), você vai conhecer aspectos econômicos do lítio. Como a produção movimenta o mercado internacional e gera interesse pelo Vale do Jequitinhonha.

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