Por Laís Ribeiro, g1


Climatizador sem hélice: saiba como funciona e se vale a pena — Foto: Verônica Medeiros

Já viu um ventilador ou climatizador sem hélice? Esses produtos geram vento sem ter nenhuma pá aparente. Mas como isso funciona, já que tem apenas um buraco de onde sai o ar?

Ao contrário do que parece, o ar não passa através do buraco.

“É tipo um ilusionismo. O aparelho tem turbinas escondidas na base que geram o vento, que sobe pelo duto e sai por essa parte de cima”, explica Jonatan Machado, especialista de produto da EOS. Ou seja, tem hélice, mas ela fica escondida.

O ar sai pelas bordas da abertura, e não pelo meio. Segundo Machado, essa característica faz com que o produto seja mais bonito e mais seguro, já que quem colocar a mão ali não vai encontrar hélices para machucar o dedo.

Mas o aparelho não tem a mesma força de um ventilador comum e, apesar de resfriar levemente o ambiente, não substitui o ar-condicionado.

Outros guias:

O mecanismo por trás da 'ausência' de pás

Na verdade, não tem muito mistério. Os aparelhos sem pás funcionam como se tivessem um ventilador “escondido”, que gera o vento longe da vista e empurra até ele sair pelas frestas da parte de cima.

“Sempre vai ter hélices, geralmente escondidas na base. Elas arrastam o ar de fora para dentro pelas aberturas da parte de baixo”, explica Rodrigo Bernardello, professor de engenharia mecânica da FEI.

O ventilador oculto é muito menor do que o de um aparelho convencional, então ele usa um truque de engenharia para aumentar sua vazão de vento.

“O ar que sai pelas frestas começa a ‘arrastar’ o ar em volta. Não só o que está dentro do buraco, mas o que está fora também. A gente chama esse efeito de indução”, conta Bernardello.

Esse efeito é mais eficiente em produtos que têm um formato aerodinâmico, parecido com o da asa de um avião. “Esse formato ajuda a criar uma área de baixa de pressão. Quando o ar escoa, gera baixa pressão na parte de cima e alta na parte de baixo”, afirma Bernardello.

Isso cria um vácuo que suga e empurra o ar em volta. O aparelho mais famoso por fazer isso é o da marca inglesa Dyson – que não é vendido no Brasil.

Veja, na figura abaixo, a ilustração do efeito pela Dyson:

Ilustração de como um ventilador sem hélice da Dyson funciona — Foto: Dyson/Divulgação

Prós e contras na comparação com ventiladores comuns

Vale lembrar, antes da comparação, que as lojas do Brasil só vendem climatizadores sem hélice, e não ventiladores.

A diferença é que os climatizadores também resfriam suavemente o ar, utilizando gelo ou gel refrigerado. Mas não chegam a ter a eficácia de um ar-condicionado, já que não possuem compressor.

Além disso, os modelos de ventiladores sem hélice encontrados na internet costumam ser importados, de marca genérica e pequenos, para usar em cima da mesa.

“São quase como um cooler de computador. Não são muito robustos. E, por serem geralmente alimentados com USB, a tensão baixa não permitem que tenha um motor potente”, diz Jonatan Machado, da EOS.

  • Segurança e limpeza

Uma das vantagens do climatizador sem hélice é a segurança a mais que ele proporciona, especialmente para casas com crianças e animais, já que não há a possibilidade de uma criança cortar o dedo entre as pás, por exemplo.

O produto também não possui grades de segurança como as dos ventiladores convencionais. Ou seja, não é preciso passar por todo aquele processo de desmontar e remontar as grades na hora de limpar. O motor e as hélices ficam dentro do aparelho, mais protegidos da sujeira.

  • Vazão de vento

A vazão dos climatizadores sem hélice é a força do vento que sai das frestas, incluindo o vento que é empurrado junto. Quanto mais aerodinâmico for o formato do aparelho, mais ele consegue ventilar.

Mas se o buraco não for tão amplo quanto a área das pás do ventilador convencional, por exemplo, não espere que a vazão consiga se equiparar.

Os produtos do mercado brasileiro, por serem climatizadores, têm uma pequena vantagem. “Eles conseguem provocar o resfriamento de 2°C a 5°C no ambiente, o que pode compensar a menor vazão em relação aos ventiladores”, afirma Rodrigo Bernardello.

Além disso, esses aparelhos filtram e umidificam o ar. Claro, tudo isso são efeitos comuns de climatizadores em geral, não apenas os sem hélices – que, inclusive, são mais caros por causa do design diferenciado.

  • Preços

Para comparação, em maio, um climatizador básico era encontrado por, em média, R$ 300 nas lojas on-line.

Os modelos sem hélice da EOS e da Oster custavam cerca de R$ 400 e R$ 450, respectivamente, no mesmo período. Já um ventilador comum podia ser adquirido a partir de R$ 100.

  • Barulho

Em questão de barulho, os climatizadores se enquadram na mesma categoria que os ventiladores. Todos produzem um nível de ruído entre 60 e 70 decibéis. “60 dB equivalem a uma conversa entre 2 pessoas em tom alto”, diz Bernardello.

“O que a gente percebe: os ventiladores sem hélice são muito bons nas velocidades mais baixas. Eles acabam tendo menos ruído do que os ventiladores normais”, explica o engenheiro. “Agora, em potência máxima, os ventiladores com hélice acabam sendo mais silenciosos e eficientes”, completa.

Para quem é o produto?

Em resumo, o climatizador sem hélice pode ser indicado para ambientes pequenos, onde as pessoas não vão sentir falta de uma vazão de vento maior.

“Ventiladores com hélice são indicados para um vento que não incide diretamente sobre as pessoas, em ambientes maiores”, diz Bernardello.

Ele também pode ser uma opção para quem não pode instalar ar-condicionado e quer um aparelho com design bonito, que não polua a estética da casa.

Abaixo, veja os modelos de climatizador sem hélice da EOS e da Oster.

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