Na crônica dos correspondentes, uma volta de bondinho por Lisboa

Esse transporte charmoso é praticamente um passeio obrigatório na capital de Portugal. É também uma forma de dar descanso para as pernas, já que a cidade é cheia de ladeiras.

Por Leonardo Monteiro


Na crônica dos correspondentes, uma volta de bondinho por Lisboa

Na crônica do JH deste sábado (2), o repórter Leonardo Monteiro faz um passeio em Lisboa, em Portugal, de bondinho.

O som das rodas de ferro sobre os trilhos começa logo cedo, antes das 6h da manhã. A jornada é longa, vai até a madrugada seguinte.

Os bondinhos, que em Portugal são chamados de elétricos, estão por todo o lado em lisboa.

"Meu filho, já são 51 anos a apanhar um elétrico todos os dias", conta Graziela Lopes, que é passageira.

Os primeiros elétricos foram importados dos Estados Unidos, em 1901, para substituir as carruagens puxadas a cavalo.

Os bondes foram ficando cada vez mais populares e chegaram a ser o principal meio de transporte em Lisboa. No auge, na década de 1950, eram 500. Hoje, são pouco mais de 60.

"As pessoas associam muito a história da sua cidade e sua própria história pessoal às memórias do elétrico passeando pela própria cidade e que o apanhavam com os avós, com os tios para ir para escola, etc", conta a historiadora Joana Gomes.

Os bondes são um símbolo da cidade, como o fado e os pastéis de Belém. Fazer um passeio em um dos carros centenários virou programa obrigatório para os turistas. São milhões de visitas à cidade por ano.

O bondinho mais famoso é o 28, que faz um trajeto charmoso pelo centro histórico de Lisboa. Nessa linha, dá para ouvir idiomas de várias partes do mundo - e o que menos se vê são os próprios portugueses.

As únicas preocupações são as filas grandes e os batedores de carteira.

Uma turista espanhola conta que está em Lisboa pela primeira vez e que nunca tinha subido em um bondinho como esse e que os filhos adoraram o passeio.

Todos os bondinhos de Lisboa ficam baseados na estação de Santo Amaro. A garagem guarda, ainda, outras raridades que fazem todo português viajar no tempo.

Uma vez por ano, a companhia Carris de Ferro de Lisboa, responsável pelos ônibus e bondes, coloca em circulação os veículos mais antigos da companhia. Paga-se um pouco mais que o custo de um bilhete comum para fazer um passeio pela história dos transportes e da própria cidade.

"É recordar, é recordar. É recordar e pensar como esta cidade cresceu, como ela simplificou, como ela evoluiu mantendo sempre a sua tradição e tudo aquilo que é a alma e a cor de Lisboa, a nossa Lisboa", diz a corretora de seguros Alda Cardoso.

Seis bondinhos saem em desfile. Algumas relíquias com mais de 100 anos. Parece mesmo que a gente está dentro de uma novela de época. O banco é feito de palha e o interior todo de madeira. E apesar do número de linhas ter diminuído bastante, só em 2018, em Lisboa, foram vendidos mais de 125 milhões de bilhetes para passeios de bondinho.

Apesar de uma Lisboa mudada e moderna, os simpáticos elétricos resistem. Este velho companheiro dos portugueses segue viagem, em boa velocidade, testemunhando as transformações e a história de Lisboa. Os condutores, ou melhor, os guarda-freios que o digam.

"Eu sou suspeita porque acho Lisboa lindíssima, e Lisboa sem elétrico perderia muito a graça", afirma a guarda-freios Sara Coelho.

"Eu costumo dizer que o elétrico é um postal vivo da cidade e é um símbolo que as pessoas identificam Lisboa, por exemplo. Há a Torre de Belém, a Ponte 25 de abril, mas toda a gente sabe o que é o elétrico", conta Rafael Santos.

Confira a crônica completa no vídeo acima.