Saiba como agia corretor de grãos suspeito de aplicar golpe milionário em produtores e empresas do agronegócio em Rio Verde

Corretora do suspeito atua na região há cerca de 6 anos e, por isso, era vista como confiável. Defesa diz que corretor faliu e, por isso, não conseguiu cumprir com os combinados.

Por Larissa Feitosa, g1 Goiás


Suspeito de aplicar golpes contra produtores rurais, em Rio Verde, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O dono de uma corretora de grãos é investigado pela Polícia Civil suspeito de aplicar golpes em produtores e empresas do agronegócio de Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Somado, o prejuízo de todas as vítimas é de cerca de R$ 30 milhões, mas se outros contratos não forem cumpridos dentro do prazo, o valor pode chegar a R$ 400 milhões. Entenda abaixo como ele agia.

Os advogados Alessandro Gil e Danilo Marques, que representam a defesa do corretor, negaram que o cliente teria dado o golpe de R$ 400 milhões em produtores e empresas do agronegócio. Além disso, disseram que o corretor não permaneceu na cidade por estar preocupado com a segurança da sua família. Afirmaram ainda que se colocou à disposição para ser ouvido pelas autoridades de forma "telepresencial" (veja a nota completa ao final da reportagem).

A corretora do suspeito atua na região há cerca de 6 anos e, por isso, era vista como confiável no mercado. Segundo a polícia, o homem fazia contratos e até dava cheques com prazos como forma de garantia. Depois, recebia os grãos, mas não fazia o pagamento combinado, causando prejuízo às vítimas.

LEIA TAMBÉM:

Em novembro do ano passado, um boletim de ocorrência foi registrado em nome de uma empresa contra o corretor. Um funcionário contou ter feito uma negociação pelo WhatsApp de 12,5 mil sacas de soja para vender, ficando fechado o valor de R$ 1,4 milhão.

O valor foi pago pela empresa, mas o funcionário disse que eles não conseguiram retirar com o suspeito os grãos negociados. As tais sacas, segundo a ocorrência, estariam em um armazém em Amorinópolis, no oeste goiano.

Nove denúncias

Até o início da tarde de sexta-feira (20), nove pessoas procuraram a delegacia para denunciar o corretor por situações semelhantes. O delegado responsável pela investigação, Márcio Henrique Marques de Souza, disse que todas elas firmaram contratos com o suspeito, que desapareceu sem cumprir com os acordos dentro do prazo.

“A partir do momento em que os contratos foram vencendo, o investigado passou a dar desculpas, pedir mais prazo, até que culminou no seu desaparecimento”, afirmou o delegado.

Todas as pessoas que procuraram a delegacia, segundo o delegado, estão com seus contratos firmados com o suspeito vencidos. Se somados, os prejuízos de todas essas pessoas chegam a R$ 30 milhões.

Há também contratos firmados pelo corretor que ainda não venceram o prazo. Caso esses também não sejam cumpridos, o valor do prejuízo pode chegar a R$ 400 milhões.

“Até agora, existem contratos que foram firmados pelo investigado que não venceram, são contratos com datas posteriores. A esses contratos, a gente ainda não pode definir como prática de um crime”, explicou o delegado.

'Vou pagar a todos'

À polícia, algumas vítimas disseram ter recebido um e-mail em nome do corretor, na manhã de quinta-feira (20). O texto diz que o suspeito faliu, causando prejuízos a "grandes amigos". Por conta disso, vinha sofrendo ameaças e estava impossibilitado de retornar a Rio Verde, mas que um dia voltaria para honrar com os pagamentos.

“Eu vou voltar um dia e honrar cada um de vocês e vou pagar a todos", diz o e-mail.

A Polícia Civil disse que investiga a veracidade do e-mail. Afirmou também que já tem a localização do suspeito e que está “tomando as medidas necessárias para garantir que ele não desapareça efetivamente”.

“É muito cedo pra gente saber e definir qual será o futuro das investigações e o que a gente vai conseguir levantar de ativos que foram supostamente desviados da vítima. É uma investigação extremamente complexa”, afirmou o delegado Márcio Henrique Marques.

Nota da defesa do corretor na íntegra:

"Nós, advogados Alessandro Gil Moraes Ribeiro e Danilo Marques Borges viemos por meio desta esclarecer alguns pontos sobre as recentes notícias veiculadas a respeito do nosso cliente.

Primeiramente, é importante ressaltar que os valores mencionados nas reportagens, especialmente no que se refere ao suposto golpe de R$ 400 milhões aplicado em produtores e empresas do agronegócio, não representam a verdade dos fatos.

Esclarecemos ainda que a questão em pauta trata-se de problemas inerentes a pagamentos de compra de grãos em decorrência de contratos futuros firmados, ou seja, promessas de pagamento, o que não caracteriza ilícito penal, devendo ser resolvida na esfera cível.

Em decorrência da pressão de credores e de se sentir ameaçado, o senhor não permaneceu na cidade, estando preocupado com a segurança da sua família. No entanto, através de sua defesa, que já se reuniu com a autoridade policial, ele se colocou à disposição para ser ouvido de forma telepresencial. Ele pretende, desta forma, comparecer a todos os atos policiais e judiciais necessários, salientando ainda que deixou na cidade seu patrimônio para garantir pagamentos e negociações futuras com credores.

Reiteramos nosso compromisso com a justiça e com a defesa dos direitos do nosso cliente, sempre pautados pela ética e pela legalidade."

📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás.

VÍDEOS: últimas notícias de Goiás