Por Gabriela Macêdo, g1 Goiás


Influenciadora Aline Maria Ferreira morreu no DF após fazer cirurgia estética — Foto: Reprodução/Redes sociais

A influencer Aline Maria Ferreira, de 33 anos, que morreu depois de fazer um procedimento estético, pagou um valor de R$ 3 mil pelo procedimento, segundo a delegada Debora Melo. O procedimento foi feito na clínica Ame-se, localizada em Goiânia.

A dona da clínica, Grazielly Barbosa, foi presa pela Policia Civil na quarta-feira (3). De acordo com a polícia, deveriam ter sido feitas três sessões de aplicação do polimetilmetacrilato (PMMA), mas Aline morreu depois da primeira sessão.

O advogado Thiago Hauscar afirmou que a defesa de Grazielly Barbosa estuda o processo para decidir os próximos passos em relação aos pedidos de oitivas. Além disso, o advogado expressou solidariedade à família de Aline.

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Grazielly da Silva Barbosa, dona da clínica estética Ame-se, e a modelo Aline Maria Ferreira — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Atendimento sem diploma em clínica sem alvará

Clínica Ame-se, localizada em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A delegada responsável pelo caso, Debora Melo, a dona da clínica em que Aline fez o procedimento no bumbum, Grazielly da Silva Barbosa, se apresentava como biomédica. No entanto, a mulher nunca cursou biomedicina e não apresentou nenhum diploma de curso superior.

Segundo a polícia, a mulher informou ter feito cursos livres na área da estética e cursado três semestres de medicina no Paraguai. No entanto, nenhum certificado, diploma ou forma de comprovação foram apresentados.

Já quanto a clínica, a Vigilância Sanitária identificou que o local não tinha alvará sanitário ou profissional com habilitação técnica responsável. Além disso, a delegada contou que, no local, não foi encontrado nenhum tipo de prontuário de pacientes atendidos pela clínica.

"Lá não tinha prontuário de paciente nenhum. A pessoa pagava, fazia o procedimento e ia embora. Não eram requisitados exames prévios e não tinha contrato de prestação de serviço formalizando a relação entre o prestador e o consumidor", explicou Débora Melo.

Grazielly é investigada pelos crimes de lesão corporal seguida de morte, exercício ilegal da medicina, execução de serviço de alta periculosidade e crime contra a relação de consumo (ao induzir os consumidores ao erro), apontou a investigação.

Entenda o caso

À Polícia Civil, o marido de Aline contou que ela morreu, no dia 2 de julho, em um hospital particular de Brasília, onde estava internada desde o dia 29 de junho. O procedimento foi feito no dia 23 de junho, quase uma semana antes, em uma clínica de estética de Goiânia.

Segundo o g1 DF, o marido da influenciadora afirmou que a cirurgia foi rápida e eles retornaram para Brasília no mesmo dia, com Aline aparentando estar bem. No entanto, no dia seguinte, ela começou a ter febre. O marido detalhou ter entrado em contato com a clínica, que justificou que a reação "era normal" e que Aline "deveria tomar um remédio para febre".

Mesmo medicada, a influenciadora continuou com febre, e na quarta-feira (26), começou a sentir dores na barriga. De acordo com o marido, na quinta-feira (27), Aline piorou e desmaiou. Ele a levou ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia. Depois, ela foi transferida para um hospital particular da Asa Sul, onde morreu. O corpo de Aline será velado e sepultado na quinta-feira (4), no cemitério Campo da Esperança do Gama.

Aplicação de PMMA nos glúteos

Dona de clínica é presa após influenciadora fazer procedimento estético e morrer

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Segundo apurado pelo g1 DF, no procedimento que Aline passou, foi feita a aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo. PMMA é a sigla para polimetilmetacrilato, uma substância plástica com diversas utilizações na área de saúde e em outros setores produtivos.

Atualmente, o PMMA tem sido usado para preenchimentos em tratamentos estéticos faciais e corporais, principalmente para aumento dos glúteos. Contudo, a composição do PMMA pode causar reações inflamatórias que, por sua vez, podem causar deformidades e necrose dos tecidos onde foi aplicado.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera o PMMA de risco máximo e, por isso, só deve ser administrado por profissionais médicos treinados. Além disso, o produto, de acordo com a Anvisa, também possui uma destinação muito específica, que é a aplicação para corrigir pequenas deformidades do corpo após tratamentos de AIDS ou de poliomielite.

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