A cantora foi uma das entrevistadas do programa no início de março deste ano. O vídeo que circula nas redes sociais, no entanto, utiliza a imagem dela na qual é inserida um áudio editado — aparentemente criado por inteligência artificial — sugerindo que ela tenha feito um comentário que, na verdade, Preta não fez.

“Tive hemorroida, e dói demais. As pessoas não buscam ajuda porque elas ficam constrangidas em falar que têm um caroço no ânus. Mas, sim, eu tive um caroço enorme de hemorroida. Dói demais, sangra e fica cheio de fissuras, dói até para sentar”, diz o trecho falsamente atribuído à cantora.

Muitos dos registros aparecem na linha do tempo do Facebook como “conteúdo recomendado”, indicando que os responsáveis pelas publicações pagaram à plataforma para que os posts fossem impulsionados e aparecessem para diversos usuários, baseado em dados de algoritmo.

No Facebook, uma publicação com as falas já tem mais de 3,6 mil curtidas, além de 160 compartilhamentos e mais de 300 comentários, alguns deles, porém, alertando que se trata de um vídeo editado.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Preta Gil afirmou que o vídeo é #FAKE e que a “informação não procede”.

Assim como em outro vídeo fake, que utiliza a imagem do médico Dráuzio Varella, a publicação leva a um site que oferece o produto e conta ainda com supostos relatos de usuários que teriam tido sucesso com o tratamento. Há, também, um selo de “Produto com registro” da Anvisa, que já afirmou que o produto "não se trata de medicamento registrado na agência", não sendo possível confirmar sua eficácia terapêutica.

A página “Ozonivita” — para onde a pessoa é direcionada pela propaganda — não respondeu aos questionamentos da reportagem até a última atualização deste conteúdo.

O proctologista Fábio Campos explicou que uma simples consulta a "fontes de trabalhos científicos de relevância sobre o assunto não traz nenhuma novidade nesse campo" e que, caso a notícia fosse verdadeira, "todos os coloproctologistas já estariam usando esse novo medicamento". Ele afirma, ainda, que a frequente utilização do nome de Dráuzio ocorre para aproveitar de sua credibilidade junto ao público.

— Como especialista, frequento congressos nacionais e internacionais de relevância, e esse assunto nunca foi discutido. Além disso, essa aplicação pode ser causa de complicações importantes dependendo da dose. Além da doença hemorroidária, não existem estudos que comprovem sua eficácia em outras doenças como cólon irritável, doenças inflamatórias intestinais ou mesmo na constipação. Dessa forma, acredito que essa proposta de tratamento é fake. Mentira, e das grandes. Finalidade puramente comercial — explicou Campos.