Na gravação, uma formação de dezenas de aeronaves militares é acompanhada da legenda “Israel chega no Rio Grande”, “Israel manda reforço” e “para quem duvidou, eles chegaram”.

A publicação falsa, no entanto, usa trechos de gravações antigas em que aparecem helicópteros militares. É possível encontrar as publicações originais de algumas destas imagens desde 2022, portanto, anos antes da tragédia que atinge o Rio Grande do Sul. O áudio que acompanha as imagens também foi tirado de uma reportagem de janeiro de 2019.

O primeiro vídeo que aparece na publicação, por exemplo, mostra 19 aeronaves militares, e aparece em uma publicação de 28 de setembro de 2022 no Facebook.A mesma gravação aparece em redes sociais chinesas e no TikTok.

No vídeo também foi inserido um áudio que diz que “um grupo de cerca de 130 militares, médicos, engenheiros, bombeiros e técnicos de Israel começou a trabalhar nas primeiras horas desta segunda-feira nas operações de resgate”. A gravação, então, é subitamente cortada. É possível identificar que a publicação falsa manipulou o áudio de uma reportagem publicada originalmente em 28 de janeiro de 2019, em diversos canais da TV Super Canal, como o Youtube.

Na ocasião, o canal noticiava a presença de militares israelenses que embarcaram para o Brasil para ajudar nas buscas por sobreviventes do desastre de Brumadinho. A presença do aparato militar de Israel também foi noticiada pelo g1 e, também naquela ocasião, não houve envio de 40 aeronaves.

Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República também afirmou que a informação é falsa. “Oficialmente não há registro de nenhuma manifestação de Israel junto ao governo brasileiro nesse sentido”, escreveu em nota.

Já o Comando Militar do Sul do Exército Brasileiro, que coordena uma força-tarefa de resgate no Rio Grande do Sul, informou que não foram enviadas aeronaves de Israel para o Rio Grande do Sul. “Atualmente, o Comando Conjunto da Operação Taquari 2 conta com mais de 76 aeronaves, sendo 40 das Forças Armadas; 21 de polícias e bombeiros; 1 da Receita Federal; 1 do Uruguai; e 13 de civis”, afirmou, em nota.

Também não há informações oficiais divulgadas pelo governo israelense sobre o envio de aeronaves ao Brasil. Procurada, a assessoria de imprensa da Embaixada de Israel no Brasil não respondeu até a publicação desta checagem. Nas redes sociais, o perfil oficial de Israel no Brasil publicou apenas uma nota de solidariedade ao Rio Grande do Sul.

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