Agronegócios

Por Quézia Prado, TV Gazeta


Pesquisa aposta em melhoramento genético do alho para tornar planta produtiva

Pesquisa aposta em melhoramento genético do alho para tornar planta produtiva

Uma pesquisa do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está focada no melhoramento genético do alho para fazer com que a planta seja mais resistente ao ataque de pragas e mais produtiva. As amostras foram distribuídas para alguns agricultores que já estão fazendo os primeiros plantios.

A preparação do plantio do alho começa com o garimpo das sementes, que são os próprios dentes da planta.

Produção familiar

A plantação de alho do produtor Deuclides Brandemgurg, fica em Santa Maria de Jetibá, próximo ao distrito Garrafão. Por lá, a agricultura é familiar e todo o trabalho é feito de forma manual.

Processo de separação dos dentes de alho em plantação de Santa Maria de Jetibá, no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Segundo o agricultor, o processo de seleção tem um segredo que faz toda a diferença.

"O segredo é o 'olhômetro'. Você vai olhando os dentes, os que estiveram estragados você já joga fora, os dentes menores você também separa que ou você planta separado ou usa para outra coisa. É uma técnica que tem a ver com a experiência, e com o tempo você sempre vai aprimorando", comentou o produtor.

Sem máquinas, todas as etapas passam pelo jovem agricultor: desde o processo de arar a terra, preparar os dentes de alho para serem as sementes da próxima colheita até a negociação e venda da produção.

Deuclides contou que trabalha com a plantação desde pequeno, e sabe de cor todo o processo de plantio do vegetal, que passa por pelo menos cinco etapas.

Produção de alho tem várias etapas e é feita de forma familiar no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Neste ano, o produtor e a família já semearam 500 quilos de dentes de alho.

"A gente começa preparando a terra, jogando esterco de galinha, que é um fertilizante natural que tem na nossa região. Aí a gente ara a terra bem e vai começando a fazer os canteiros, onde a gente vai colocando a semente do alho. Depois a gente joga um adubo químico para dar um fortalecimento e depois a gente fecha e joga essa palha por cima", explicou.

O capim colocado por cima é uma estratégia para proteger o plantio, ajudando a reter a umidade da terra e controlando as plantas invasoras.

Melhorias na qualidade

Incaper realiza estudo sobre variedades de alho serem mais resistentes e produtores começam a ser testados no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

O plantio foi feito no fim de março e será colhido daqui a três meses, em agosto. Para a próxima semeadura, um projeto do Incaper promete dar mais qualidade da produção.

"Apesar de não ser uma cabeça muito grande, mas esse algo apresenta uns dentes bem graúdos, que é uma característica da variedade. Como eu falei que é livre de vírus, ele tem uma tendência do próximo ciclo produzir ainda maior", comentou o representante do Incaper, Protaze Magesvki.

Os alhos entregues pelo instituto passaram por um processo de limpeza em laboratório, além da introdução de nutrientes e hormônios.

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A ideia é proporcionar para os agricultores uma lavoura livre de vírus e microorganismos que acabam provocando perdas na produção que podem chegar até 50% de prejuízos na colheita.

"A gente está introduzindo 16 variedades de alho seminobre e 5 variedades de alho nobre. Todos eles são livres de vírus. O plantio dele é um pouco diferenciado, a forma de manejo dos alhos seminobres, porque os alhos nobres precisam de ter uma vernalização para essa região, precisa ter um período que vai suspender a irrigação", pontuou a especialista em melhoramento genético vegetal, Andrea Ferreira.

Capim é utilizado a produção de alho no Espírito Santo para fazer com que ela seja mais resistente — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Na região, pelo menos 50 agricultores entre Venda Nova do Imigrante, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins já receberam esses alhos que ainda estão sendo testados.

"A gente precisa de pelo menos 3 anos para estar avaliando para ter uma informação adequada. Nó estamos no segundo ano, então a partir do ano que vem, a gente já pode estar recomendando novas variedades de alho seminobre e nobre", contou a especialista.

O Deuclides já está testando os alhos, e ainda não viu resultados na lavoura, mas vai tentar novamente, já que o melhoramento do vegetal precisa de adaptar ao solo. E para a próxima colheita, está com boas expectativas.

"As expectativas estão sendo boas, tô esperando ter uma boa produção, uma boa colheita. Agora resta saber se o preço ali na hora da colheita também vai favorecer pra gente", finalizou o produtor.

O projeto ainda é experimental e o estudo continua sendo observador por pesquisadores do Incaper.

A ideia é que com os alhos mais resistentes, produtores tenham menos perdas na hora da colheita no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

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