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Por André Catto, g1


Presidente da Argentina, Javier Milei, durante evento empresarial em Buenos Aires 26 de março de 2024 — Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina recuou 5,1% no 1º trimestre em comparação com o mesmo período de 2023, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país nesta segunda-feira (24).

Em relação ao último trimestre do ano passado, o PIB argentino encolheu 2,6%, marcando a segunda queda trimestral consecutiva.

Com o resultado, a economia argentina entrou em recessão técnicaquando a atividade econômica de um país cai por dois trimestres seguidos.

Os meses de janeiro a março marcam o primeiro trimestre completo do governo de Javier Milei. O presidente da Argentina tomou posse em dezembro, após uma campanha com promessas de corte de gastos e déficit fiscal zero (ter gastos iguais à arrecadação).

O país já vinha enfrentando uma forte recessão econômica antes de Milei assumir o cargo. Como presidente, ele determinou a paralisação de obras federais e a interrupção do repasse de dinheiro para os estados, com o intuito de reduzir os gastos públicos.

Além disso, deixou de subsidiar tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais — o que, inicialmente, resultou em um aumento expressivo nos preços ao consumidor.

Entre outros impactos, o ajuste fiscal permitiu, no primeiro trimestre deste ano, o primeiro superávit do país desde 2008.

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Consumo, emprego e pobreza

Javier Milei tem argumentado que o país precisa reorganizar suas finanças, após anos de déficits que prejudicaram a reputação do país junto a investidores globais. A melhora das contas públicas têm ocorrido, no entanto, a custo de impactos como o aumento da pobreza e a piora no consumo.

De acordo com os dados do Indec, o consumo privado caiu 6,7% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o consumo público recuou 5%.

A suspensão de projetos de infraestrutura do Estado após os cortes de gastos de Milei levaram também a perdas de empregos em setores importantes, como o de construção.

Argentinos estão comendo menos carne

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A taxa de desemprego do país aumentou para 7,7% no primeiro trimestre, acima dos 5,7% no final do ano passado, segundo o Indec. Isso significou cerca de 300 mil novos desempregados desde o trimestre anterior.

As perdas no mercado de trabalho, a inflação acumulada em 276,4% e a intensificação da crise econômica no país já colocaram 41,7% dos 46,7 milhões dos argentinos abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Indec.

Até o churrasco, uma das maiores tradições argentinas, perdeu espaço: em março, o consumo de carnes no país atingiu no menor nível em 30 anos, segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da Argentina.

Na balança comercial, as importações do país caíram 20,1% no primeiro trimestre, enquanto as exportações aumentaram 26,1%.

* Com informações da agência de notícias Reuters

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