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Por g1


Expectativa por juros faz dólar subir — Foto: Freepik

O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (19) e renovou o maior patamar desde janeiro de 2023, à medida que investidores continuavam na expectativa pela reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), prevista para depois da sessão de negócios.

A expectativa é que o Copom mantenha a Selic, taxa básica de juros, inalterada em 10,50% ao ano, em um momento em que a inflação volta a acelerar no país, puxada por alimentos e dólar alto.

A decisão também vem em um momento de tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central. Na véspera, o presidente fez críticas à gestão da instituição e à forma de condução dos juros. (veja mais abaixo)

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou em alta.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Ao final da sessão, o dólar avançou 0,15%, cotado a R$ 5,4417. Na máxima do dia, chegou aos R$ 5,4826. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou altas de:

  • 1,11% na semana;
  • 3,67% no mês;
  • 12,14% no ano.

No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 0,22%, cotada a R$ 5,4335.

Ibovespa

Já o Ibovespa encerrou em alta de 0,53%, aos 120.261 pontos.

Com o resultado, acumulou:

  • alta de 0,50% na semana;
  • queda de 1,50% no mês;
  • recuo de 10,38% no ano.

Na véspera, o índice fechou com alta de 0,41%, aos 119.630 pontos.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

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O que está mexendo com os mercados?

O grande destaque do dia fica com a reunião do Copom. A expectativa geral é que o BC mantenha os juros em 10,50% ao ano, mas o mercado aguarda mais detalhes que serão divulgados no comunicado da instituição após o encontro.

Além disso, investidores ainda repercutem declarações feitas ontem pelo presidente Lula, que voltou a criticar a postura do BC em relação aos juros, afirmando que o país não precisa de uma taxa elevada.

"Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real", completou.

Lula disse que o BC é a "única coisa desajustada" no Brasil e que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, "trabalha para prejudicar o país".

"Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está", afirmou Lula, em entrevista à Rádio CBN.

Sobre o presidente do BC, Lula disse que Roberto Campos Neto tem pretensões políticas e sugeriu que ele pode assumir um cargo no Governo do Estado de São Paulo quando seu mandato acabar: "A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em SP quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a economia dele?", questionou.

Vale lembrar que o mandato de Campos Neto acaba em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que vai indicar para a presidência da instituição alguém com "compromisso com o crescimento do país".

A legislação determina que o presidente e os diretores do BC terão mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República - um novo presidente assume o BC, então, no terceiro ano de mandato de cada presidente da República.

Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com aval do Senado Federal.

'Só temos uma coisa desajustada no Brasil: é o comportamento do Banco Central', diz Lula

'Só temos uma coisa desajustada no Brasil: é o comportamento do Banco Central', diz Lula

Junto a isso, pesa a incerteza fiscal sobre o Brasil. Na última semana, falas do presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.

Na entrevista à CBN, Lula também foi questionado sobre corte de gastos do governo, outr ponto de tensão nos mercados nos últimos dias. Ele afirmou que o governo prepara uma proposta de Orçamento para encaminhar ao Congresso, mas não deu detalhes sobre redução de despesas.

Perguntado sobre gastos com previdência, despesas com saúde e educação e aposentadoria de militares, Lula disse que "nada é descartável".

Ontem, em entrevista a jornalistas após reunião com o presidente Lula para analisar as contas do governo e preparar a elaboração do Orçamento de 2025, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad e do Planejamento, Simone Tebet, afirmaram que o nível elevado de renúncias fiscais na conta do governo federal chamou a atenção do presidente.

"São duas grandes preocupações: o crescimento dos gastos da Previdência e da renúncia tributária. E o aumento dos gastos da Previdência está relacionado também ao aumento das renúncias tributárias", disse Tebet.

"Esses números foram apresentados ao presidente. Ele ficou extremamente mal impressionado com o aumento dos subsídios", acrescentou a ministra.

Além disso, outro fator que tem impulsionado o dólar nas últimas semanas é a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. Analistas previam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deveria iniciar um ciclo de corte nas taxas no começo do ano, o que não aconteceu.

Agora, o mercado espera que isso ocorra somente uma vez nos últimos três meses de 2024, tendo em vista que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente durante todo o primeiro semestre.

Vale destacar que o feriado de Juneteenth nos EUA deve manter o volume de negócios reduzido nesta quarta-feira.

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