Por Caroline Cintra, g1 DF


  • Cinco pesquisadores de Brasília se preparam para uma nova expedição na região do Círculo Polar Ártico, a partir de 1º de julho.

  • Desta vez, além dos professores, participam uma bolsista de projetos e duas estudantes de graduação — em biomedicina e biologia.

  • A expedição vai durar 12 dias. O objetivo "expandir a presença no Ártico, explorar novos locais não explorados anteriormente e revisitar os pontos já visitados", dizem os pesquisadores'.

Pesquisadores de Brasília se preparam para expedição no Ártico — Foto: Samuel Paz

Cinco pesquisadores de Brasília se preparam para uma nova expedição na região do Círculo Polar Ártico. Desta vez, além de professores, participam uma bolsista de projetos e duas estudantes de graduação — em biomedicina e biologia (saiba mais abaixo).

A viagem começa no dia 1º de julho e vai durar 12 dias. O grupo sai de Brasília com destino a Longyearbyen, na Noruega. A primeira expedição brasileira oficial à região foi no ano passado, para coleta de materiais para novas pesquisas e comparações entre o Polo Norte e a Antártica — continente estudado há mais de 40 anos por pesquisadores brasileiros pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar).

A partir dos dados extraídos, o novo grupo pretende "expandir a presença no Ártico, explorar novos locais não explorados anteriormente e revisitar os pontos já visitados".

"Queremos coletar mais material, novas espécies, para novas explorações do ponto de vista genômico e biotecnológico. Tais dados servirão para o possível desenvolvimento de novos remédios, cosméticos, aplicações agropecuárias", conta o doutor em biologia molecular e coordenador da expedição, Marcelo Ramada.

O pesquisador explica ainda que ao coletar amostras nos mesmos pontos que na expedição anterior, é possível montar uma série histórica de dados e fazer comparações científicas. "Futuramente, poderemos relacionar isso cada vez mais com as mudanças climáticas que estão em curso", diz Ramada.

Além de Marcelo Ramada, participam da expedição o doutor em ciências genômicas e biotecnologia Stephan Machado Dohms, a bióloga e bolsista de projetos Thaís Campos de Sousa e as estudantes Giovanna Melo Nishitani e Ana Júlia da Matta Maciel, de biologia e biomedicina, respectivamente. Todos atuam na Universidade Católica de Brasília (UCB).

'Alunos são tratados de forma igual'

Pesquisadores do DF se preparam para nova expedição ao Círculo Ártico Polar — Foto: Samuel Paz

Ramada explica que ida de alunos de graduação para expedições polares é algo natural no grupo, inclusive uma estudante participou de uma viagem à Antártica.

"No grupo, os alunos são tratados de forma igual, independente de titulação, sendo que aqueles que se destacam positivamente quanto ao trabalho realizado e apresentam maturidade suficiente são selecionados. O difícil é fazer a seleção visto que, felizmente, a quantidade de bons alunos de graduação e pós-graduação é alta. As vezes, o critério de desempate acaba sendo o tipo específico de material que os alunos trabalham. No caso, a Giovanna e a Ana Júlia trabalham diretamente com o material do Ártico que coletei durante a primeira Expedição Oficial Brasileira ao Ártico", diz o professor.

A expedição conta com patrocínio da UCB e da União Brasileira de Educação Católica (UBEC) na parte logística e da Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) na parte científica.

Expectativas

Pesquisadores do DF se preparam para nova expedição ao Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

O professor Stephan Machado Dohms já participou de cinco expedições à Antártica, mas esta é a primeira vez que vai ao Ártico. O doutor em ciências genômicas e biotecnologia conta que as expectativas estão altas, principalmente pelo preparo antecipado que o trabalho exige.

"Tem a questão da realização pessoal, né? De ir para um lugar diferente, que eu nunca fui antes. E eu adoro fazer trabalho em campo. Eu gosto de laboratório, mas o campo para mim é ele é especial. Claro, não é uma ida de férias, uma saída no parque da cidade, porque é um ambiente inóspito, um ambiente extremo, com seus desafios, seus riscos (...) Mas a gente está super bem preparado, super bem alinhado para poder enfrentar esses esses desafios", diz o professor.

Moradora de Águas Claras, a bióloga Thaís Campos de Sousa, de 26 anos, conta que o objetivo é fazer um bom trabalho de coleta de amostras e conhecer a biodiversidade da região. "Além disso, algumas expectativas pessoais estão relacionadas à própria experiência de ir a um ambiente polar e viver essa aventura, que vai trazer muitos desafios físicos e mentais também, mas que com certeza vai ser incrível e um marco na minha vida pessoal e profissional".

"É muito gratificante pensar que faço parte de um grupo que tem a oportunidade de mostrar o potencial e a qualidade da ciência brasileira e brasiliense até, já que somos um grupo do 'quadradinho' no meio do Brasil que está estudando os polos do planeta. A 'Thaís' que entrou na graduação em biologia em 2016 com certeza nunca imaginaria que teria a oportunidade de fazer pesquisa no Ártico, então com certeza é um sentimento incrível", diz Thaís.

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Marcelo Ramada, doutor em biologia molecular e professor no DF se prepara para expedição no Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

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Stephan Machado Dohms, doutor em ciências genômicas e biotecnologia se prepara para expedição no Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

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Bióloga Thaís Campos de Sousa se prepara para expedição ao Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

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Estudante de biomedicina Ana Júlia Maciel se prepara para expedição no Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

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Estudante de biologia Giovanna Melo Nishitani se prepara para expedição ao Círculo Polar Ártico — Foto: Samuel Paz

A expectativa é alta também para as estudantes Ana Júlia Maciel, de 20 anos, e Giovanna Nishitani, de 18 anos. Esta será a primeira viagem internacional das duas.

"Além de ser a minha primeira viagem internacional, tudo aconteceu por conta do meu esforço, né? Estou muito animada para conhecer a cidade. Essa parte de coleta eu nunca fiz, é a minha primeira vez assim no campo realmente. No campo das coisas que a gente estuda, que a gente trabalha no laboratório. A gente espera encontrar muitas espécies boas", diz Ana Júlia.

Giovanna conta que quando soube que foi selecionada para participar da expedição, não acreditou. "Achei que ele [professor Marcela Ramada] estava brincando e não levei a sério, mas quando ele perguntou se eu já tinha solicitado o passaporte, eu percebi que ele realmente estava falando sério", conta.

"Acho que o maior sentimento foi de realização, por vários fatores, sendo o principalmente por não imaginar que eu poderia estar chegando tão longe, fazendo o que eu amo: pesquisa (...) Queremos fazer boas coletas e faço questão de no meio da expedição não encontrar um urso polar", diz Giovanna.

Futuras expedições

O professor Marcelo Ramada conta que o projeto pretende expandir a presença no Ártico para outras localidades nos próximo anos, durante a vigência do novo Projeto Briotech, o laboratório de análises da UCB, aprovado ano passado no Edital 08/2023 do CNPq. O projeto estará vigente até dezembro de 2027.

"Ano que vem estamos planejando ir ao Alasca e Canadá. Em 2026, Groenlândia e Islândia e em 2027 pretendemos os demais países árticos".

Pesquisadores durante primeira expedição brasileira ao Ártico

Pesquisadores durante primeira expedição brasileira ao Ártico

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