Por Roberto Peixoto, g1


Modelo em 3D do vulcão Monte Olimpo da região de Tharsis, um enorme planalto vulcânico. — Foto: Adomas Valantinas

Cientistas anunciaram nesta segunda-feira (10) a descoberta, pela primeira vez, de cristais de gelo de água perto do equador de Marte, na região de Tharsis, um enorme planalto vulcânico, onde se acreditava ser inviável a formação de gelo.

O achado inédito foi confirmado por observações das sondas ExoMars e Mars Express, missões não tripuladas da Agência Espacial Europeia (ESA).

"Pensávamos que era impossível a formação disso ao redor do equador de Marte, pois a mistura de luz solar e atmosfera fina mantém as temperaturas relativamente altas tanto na superfície quanto no topo das montanhas", disse Adomas Valantinas, que fez a descoberta como estudante de doutorado na Universidade de Berna, na Suíça, e agora é pesquisador de pós-doutorado na Universidade Brown, EUA.

"Essa existência é empolgante e sugere que há processos excepcionais em ação que permitem a formação de geada", acrescentou o pesquisador, autor do artigo sobre o feito publicado na revista Nature Geoscience.

A geada, embora muito fina (com a espessura de um fio de cabelo humano), cobre uma grande área e se forma durante algumas horas ao amanhecer, evaporando com a luz do sol.

Durante as estações frias, a quantidade de água que se move entre a superfície marciana e a atmosfera é equivalente a cerca de 60 piscinas olímpicas por dia.

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O vulcão Monte Olimpo, capturado pela câmera HRSC a bordo da Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA). — Foto: Adomas Valantinas

Na região marciana de Tharsis, há vários vulcões, incluindo o Monte Olimpo e os Tharsis Montes, formações geológicas colossais, que se erguem acima das planícies circundantes da região a alturas que variam de uma (Pavonis Mons) a três (Olympus Mons) vezes a do nosso terráqueo Monte Everest, no Nepal.

"Os ventos sobem pelas encostas das montanhas, trazendo ar relativamente úmido da superfície para altitudes mais elevadas, onde ele se condensa e se deposita como gelo", diz o coautor do estudo, Nicolas Thomas, da Universidade de Berna.

A descoberta sugere que a compreensão sobre a formação e distribuição de água em Marte ainda não está completa, um achado importante, visto que a presença de água é crucial para entender a possibilidade de vida no planeta vermelho e também pode influenciar futuras missões de exploração.

Enquanto as missões Artemis da Nasa, por exemplo, visam principalmente explorar o nosso satélite natural, os objetivos de longo prazo da agência são ainda mais ambiciosos. No futuro, espera-se a que o programa ajude no desenvolvimento da ciência astronômica que permitirá a exploração humana de Marte.

Mas isso é algo que deve ocorrer somente no final da próxima década, na melhor das expectativas.

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