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O adeus a Zelito Miranda: amigos, familiares e admiradores se despedem do forrózeiro

O adeus a Zelito Miranda: amigos, familiares e admiradores se despedem do forrózeiro

O forrozeiro baiano Zelito Miranda foi enterrado na tarde desta sexta-feira (12), no cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Durante o sepultamento, ele foi homenageado através das músicas "Do jeito que seu nego gosta" e "A vida do viajante".

A cerimônia de despedida contou com a presença de familiares, amigos e artistas como, por exemplo, Del Feliz, Adelmário Coelho, Verlando Gomes e Leo Estakazero.

"Uma pessoa tão querida, um grande representante do forró, da cultura popular nordestina, contemporizamos muito. Um legado que ele deixa, inclusive para essa geração e também para os admiradores da cultura forrozeira", afirmou Adelmário Coelho.

Zelito Miranda é homenageado durante sepultamento em Salvador — Foto: Felipe Oliveira/TV Bahia

"Zelitão, cabeludo, muitos conselhos que ele me dava para valorizar a música baiana, os compositores baianos. Ele sempre foi essa figura alto astral, o último a sair das festas, das farras, ele me ensinou a viver", disse o amigo do cantor, Verlando Gomes.

A viúva do cantor, Telma Miranda, falou um pouco sobre os últimos momentos de vida de Zelito.

"Teve um momento em que ele falou: 'Eu não vou aguentar, estou com a falta de ar muito grande. Não vou aguentar, mas eu quero que fique para vocês que eu amo muito vocês, eu amo muito'. Eu estava com ele a vida toda, no palco ele sempre dava show e dentro de casa dele era muito melhor como pai, como marido, como companheiro, não tem igual", disse, emocionada.

Zelito tinha 67 anos, faria aniversário no próximo dia 30, e faleceu em casa, na madrugada desta sexta, por causa de problemas no pulmão. Ele deixou esposa e duas filhas: Luiza e Clarice, que está grávida de nove meses de um menino.

Zelito Miranda abre temporada do 'Arraiá do Rei' com lives neste mês de junho — Foto: Clarice Miranda/Divulgação

Em 2021, Zelito teve pneumonia e ficou internado na UTI do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Ele passou quase um mês tratando um processo infeccioso no pulmão, mas esteve lúcido e orientado durante todo o tempo e fez shows normalmente nos últimos meses.

O "Cabeludo", como era carinhosamente chamado, era um ferrenho defensor da cultura regional, e buscava sempre a valorização do xote, baião, xaxado e outros ritmos nordestinos.

Carreira

Zelito Miranda morreu aos 66 anos em Salvador — Foto: Redes sociais

Zelito nasceu em Serrinha, que fica a cerca de 170 quilômetros de Salvador. O interesse pela música surgiu ainda na infância. Aos 8 anos de idade, ele começou a tocar triângulo. No entanto, a carreira profissional, que já durava quatro décadas, começou aos 27 anos.

Inicialmente, flertou com a MPB, o rock e tocou no grupo Novos Bárbaros, que fez sucesso nos anos 80 na Bahia. Ao gravar o primeiro disco, no fim da década, adotou um repertório diverso que ele chamava de "Música Popular Nordestina". A partir daí, começou a cantar forró a pedido do público, e assumiu a herança deixada Luiz Gonzaga, o eterno rei do baião.

Além de Gonzagão, outro importante nome da cultura nordestino que inspirou Zelito foi Genival Lacerda. Da influência do rock, da MPB e do trio elétrico, o cantor ficou conhecido como “Rei do Forró Temperado”, definido como "um som que preserva a sonoridade do gênero, mas se permite novos instrumentos, arranjos e melodias". [Assista ao vídeo abaixo, em que o cantor explica o que é o "forró temperado"]

O estilo de Zelito era autêntico, irreverente, e mostrava o artista multifacetado que ele era, com experiências em outras manifestações artísticas, como artes plásticas, cinema e teatro - o serrinhense ele saiu do interior para a capital a fim de estudar artes cênicas, mas foi na música que se encontrou.

Zelito Miranda explica o que é o Forró Temperado

Zelito Miranda explica o que é o Forró Temperado

Zelito gravou um dvd e 12 cds, e mais de 220 músicas. O artista criou o projeto "Forró no Parque", realizado durante 12 anos (suspenso no auge da pandemia da Covid-19), no Parque da Cidade de Salvador. As apresentações ocorriam uma vez por mês, sempre aos domingos pela manhã, e atraíam uma multidão.

A última vez que Zelito se apresentou ao público foi no mês de junho, no São João do Pelô, no Centro Histórico da capital baiana. Nesse ano, o cantor celebrou a retomada das atividades culturais e artísticas no período das festas juninas, após a suspensão provocada pelo período pandêmico, durante dois anos.

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