Bruno Fernando fez uma tatuagem em homenagem à esposa Amélia Cristina — Foto: Arquivo pessoal
"Éramos um casal muito abençoado, exemplos, muitas pessoas nos pediam conselhos como casal. Fomos muito felizes. Não é porque ela morreu, mas minha esposa me fez muito feliz e tenho certeza de que a fiz feliz. Era minha melhor amiga" .
A declaração é do dentista Bruno Fernando dos Santos, marido da biomédica Amélia Cristina Rocha, que morreu dois meses após a queda de um avião em Manoel Urbano, interior do Acre, em março. Amélia e Bruno, que também estava no voo, estavam juntos há sete anos e oficializaram a união em abril de 2022.
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave que caiu em Manoel Urbano no dia 18 de março após decolar. Eles seguiam para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde saíram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante peruano, morreu no acidente. Nove dias depois, Suanne Camelo morreu em Manaus (AM). Amélia Cristina morreu mais de dois meses depois.
Para eternizar o amor que sentia pela esposa, Bruno fez uma tatuagem com as digitais do casal, uma frase sobre o sorriso de Amélia e um versículo bíblico. Ao g1, nesta quarta-feira (26), o dentista explicou o significado da tatuagem.
“O coração é formado pela digital dela e a minha, das nossas identidades [RG]. Do lado direito é a dela e do lado esquerdo a minha. Tem um violão, por que ela gostava muito de tocar, tem vídeos nossos cantando, e a frase significa o que me fez apaixonar por ela. O que nos conectou foi o sorriso dela, sempre falava que o que mais gostava era o sorriso dela", contou.
A tatuagem foi feita há cerca de 20 dias e publicada em uma rede social do dentista nesta segunda (24), quando completou um mês da morte da biomédica. Amélia ficou internada desde 21 de março no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus.
Amélia foi a primeira paciente transferida para unidade especializada no Amazonas. Ela chegou a ser extubada no dia 25 de março, mas continuou na UTI, seguindo com o tratamento. Com uma pneumonia e infecção hospitalar, no dia 24 de maio a biomédica teve uma piora e morreu.
Bruno e Amélia estavam juntos há sete anos — Foto: Arquivo pessoal
Volta para Santa Rosa e síndrome do pânico
Amélia e Bruno estavam no avião a caminho de Santa Rosa do Purus, onde o dentista montou um consultório e atende em uma unidade de saúde. A biomédica estava de mudança para o interior para ficar mais perto do marido.
Bruno Fernando chegou a acompanhar a esposa em Manaus e voltou para Rio Branco após a morte dela. Na capital desde então, ele se prepara para voltar para Santa Rosa do Purus nesta quinta (27). A viagem será feita de barco, com previsão de chegada na sexta (28).
"Não consigo andar de avião. Fiquei com síndrome do pânico", resumiu.
Sem parentes no interior, o dentista não sabe se vai continuar morando na cidade isolada. "Não sei, estou indo para lá para entender meus sentimentos ainda. Chegando lá é que vou saber. A mãe e o pai dela choram todos os dias, não tem um dia que a gente não pense na Amélia e chore", concluiu.
Sobreviventes
As vítimas do acidente aéreo começaram a ser transferidas para Rio Branco no dia 18 de março. A primeira a chegar na capital foi Suanne Camelo, transferida de helicóptero para o pronto-socorro da capital em estado grave e entubada.
Bruno Fernando também foi transferido para Rio Branco na época. Com ferimentos leves, o dentista recebeu alta no dia 25 de março.
Além do dentista, também sobreviveram ao acidente:
- Roney Mendes, de 59 anos - piloto do avião. Transferido no dia 22 de março em UTI aérea para o Centro de Tratamento de Queimados de Manaus, onde segue internado.
- Mateus Jeferson Fontes, 26 anos - noivo de Suanne. Foi transferido para o Centro de Tratamento de Queimados no dia 24 de março. Ele recebeu alta médica no dia 4 de abril e voltou para Rio Branco no dia seguinte.
- Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, 15 anos - estudante. Visitava a família em Manoel Urbano e foi a que se feriu com menos gravidade. Recebeu alta do hospital de Manoel Urbano no dia 25 de março.
