Por Alcinete Gadelha, g1 AC — Rio Branco


Policiais penais são presos tentando entrar com droga no presídio

Policiais penais são presos tentando entrar com droga no presídio

O policial penal Genildo Gabriel da Silva foi condenado, no último dia 30 de novembro, a 11 anos e sete meses em regime inicial fechado por corrupção passiva e integrar organização criminosa. Decisão é da Vara de Delitos e Organizações Criminosas e ainda cabe recurso.

Correção: O g1 errou ao informar que a pena do policial foi de 23 anos e quatro meses, na verdade, na sentença consta que as penas somadas chegam a 11 anos e sete meses. A informação foi corrigida às 17h40 do dia 3 de dezembro de 2021.

Genildo Gabriel da Silva e Francisco Jeferson Gomes de Morais tiveram a prisão preventiva decretada, em junho deste ano após serem presos em flagrante, ao chegarem para trabalhar no Complexo Penitenciário de Rio Branco levando drogas, cartas, chips de celulares e cartões de memórias para dentro da unidade.

Após audiência de instrução que ocorreu no início de novembro, a condenação dele ocorreu no final deste mês. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele até a última atualização desta reportagem.

Segundo o processo, o cartão de memória encontrado com Genildo continha diversas pastas com informações de familiares de presos. Entre elas, uma carta da esposa de um preso para ele. A polícia também achou conversas do policial penal com familiares de presos dos pavilhões A, B, C, D, E, O e, principalmente, do P.

Em depoimento, Genildo, que está preso na Papudinha (UP4), negou que fosse verdade as acusações de que promoveu a organização criminosa, porém confirmou o fato de ter sido preso em flagrante com as cartas e que fez porque a mulher de um detento o assediava há pelo menos dois anos e fez por estar com 'pena' dela, segundo informações da sentença. Ele alegou ainda que não recebeu nenhum valor para entrar com o material.

Cartão de memória tinha pastas com nomes de presos da unidade prisional — Foto: Arquivo pessoal

Prisão

Logo após a prisão dos policiais, o diretor-presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Arlenilson Cunha, disse que a Polícia Penal tinha recebido informações e estava suspeitando da ação dos dois servidores. Foi então que repassaram a informação para a Polícia Civil, que iniciou as investigações e conseguiu flagrar a dupla.

“Infelizmente não é uma notícia agradável, no entanto, isso traz o sentimento de dever cumprido dos bons policiais, daqueles que zelam pela segurança, pela ordem público. E as instituições vão estar sempre trabalhando em conjunto para combater o crime organizado e aqueles também que utilizam de informação privilegiada, que teriam que combater a entrada de ilícitos e estão aí, de certa forma, favorecendo. Vamos continuar combatendo qualquer tipo de desvio de conduta de policiais penais e servidores que porventura se deixe levar”, afirmou Cunha.

Na decisão, o juiz ainda autorizou o acesso aos arquivos dos celulares dos dois, ao conteúdo registrado em mídias e em memória interna de celulares apreendidos, com o respectivo encaminhamento ao Instituto de Criminalística.

"Expeça-se mandado de prisão, fazendo-se constar que preso deve ser mantido em local separado dos presos comuns, haja vista que se trata de policial penal", diz.

O Iapen-AC informou que a Corregedoria do órgão vai instaurar um procedimento administrativo para dar continuidade com as apurações do fato. Os dois estão presos na Unidade Prisional 4, em Rio Branco. Segundo o Iapen, o local foi desativado, mas funciona como extensão da Unidade de Regime Fechado número um do Complexo Penitenciário de Rio Branco. Os dois seguem separados dos demais presos.

Jeferson Gomes e Genildo Silva foram presos na sexta-feira (11) — Foto: Reprodução

Investigação

Conforme a Polícia Civil, no ato da prisão em flagrante foi encontrado 13 volumes de maconha, escondidos no coturno, pesando cerca de 600 gramas, além de cartas com recados, chips de celular, cartão de memória e tinta para tatuagem.

Após a prisão, os policiais civis, foram até a casa de um dos investigados e, no local, foram apreendidos R$ 15 mil em espécie e uma pistola calibre 380, além de três celulares e um carro.

“As investigações vão continuar, foram encontrados valores em busca e apreensão residencial, cerca de R$15 mil, teve veículo apreendido que era utilizado para cometimento do fato. Essas investigações vão se aprofundar para que a gente possa identificar se tem mais servidores envolvidos e eventuais presos ou familiares e amigos de presos que possam ter envolvimento”, disse o delegado Karlesso Nespoli, coordenador delegado da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).

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